"Leonardo fazia isso também."

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- Que foi? - perguntou com ar de inocência. - Não ouse demití-lo. Ele não fez nada.

- Eu não diria isso pelo modo como ele a olhou. - falou azedo.

- Pare de imaginar coisas! Você não pode... - Ele me calou colocando um dedo nos meus lábios.

- Não vim para discutir. Vim para convidá-la para jantar. - sorria. Uma póstuma tão despreocupada!

- Caso você não tenha entendido mostrar o meu dedo do meio foi um NÃO.

- Mostrar o dedo do meio é um VAI SE FERRAR, mas não é um NÃO. - disse maroto. Franzi os lábios.

- Você é sempre irritante quando está feliz?

- Não, eu sou irritante quando estou amando. - e seus olhos não mentiam o que era uma droga. Eu estranhava tanto esse novo comportamento dele!

- E então? - aproximou-se e sabia que sua intenção era me beijar. Tapei sua boca com uma mão.

- Se eu não estiver muito cansada eu irei. Agora vá trabalhar. voltei ao meu lugar e minha atenção ao meu computador. Ouvi passos atrás de mim e o hálito de João Pedro em meu pescoço. Fechei os olhos, meu corpo tremendo ante sua aproximaçao. Ele beijou minha nuca, causando um leve tremor em meu corpo. Eu sorri.

- Leonardo fazia isso também. - Parei. O QUE DIABOS EU HAVIA DITO? POR QUE EU... Quando me virei, Mota não estava mais lá.

Merda.

...

- O senhor Mota está em uma reunião. - a nova secretária dele , senhora Slater, disse. Eu assenti.

- Então ele vai sair tarde. Diga a ele que eu, que Júlia foi direto para casa.

- Eu direi senhora Mota. - sorriu com simpatia. Eu também sorri, embora meus olhos permanecessem sérios.

Saí da sala de reuniões e com um suspiro resignado eu fui para a garagem. O expediente havia se encerrado. Eu estava tão cansada por ter passado boa parte do meu dia digitando e sentada que eu só queria uma cama.

Enquanto seguia para o estacionamento, eu me lembrei do que havia dito a João Pedro. Ele devia estar chateado com minhas palavras. Eu mesma sentia uma culpa incomoda.

“Talvez eu deva pedir desculpas..." pensei. E então conclui que pedir desculpas não era adequado.

Ele fizera tanta maldade comigo e eu perdoei, por que ele não poderia desculpar uma simples falta?

Montei em minha moto colocando o capacete e guardando minha bolsa. Eu a liguei com planos para ir a minha casa, tomar um bom banho e dormir. Eu precisava dormir, uma forma de não pensar nos problemas que me circundavam, problemas que espreitavam e, ao menor sinal de fraqueza, viriam me atormentar.

A garagem do meu prédio estava silenciosa como sempre. Após deixar a minha moto e seguir para os elevadores, ouvi um barulho de carro. Não olhei para ver que carro entrava desembestado na garagem. Continuei a caminhar despreocupada, ou pelo menos aparentando despreocupação. Pensava se a reunião foi uma forma de João Pedro me evitar após a comparaçao infeliz que fiz de seu ato com o que Leonardo fazia.

Entrei no elevador e apertei o botão do meu andar. Quando ergui a vista eu vi João Pedro de pé, a mão na porta impedindo-a de fechar. Entrou arfante, ficando de frente para mim. Espantada com sua aparição repentina eu balbuciei algo como "eu não vi você”.

- Pensei que tínhamos um trato. - disse com a respiração irregular. Disse que iríamos jantar juntos. Por que veio para casa?

- Eu soube que estava em reunião então eu pensei que não daria para jantarmos. Além disso, eu estou cansada então eu pensei em... Eu posso preparar algo para comermos aqui. Não cozinho tão bem quanto um mestre cuca, mas acho que minha comida é boa.

No momento em que parei de falar, o elevador para. Chegamos ao nosso andar. Sai já caçando as chaves na minha bolsa. Eu a peguei e abri a porta.

- Eu vou tomar um banho primeiro. Feche a porta ao passar por ela.

Eu dei um passo, dois em direção ao meu quarto. Não caminhei mais do que isso.

Meu braço foi puxado com força e minhas costas encontraram a porta. Arfei ante a rapidez com
que fui jogada. Antes que pudesse entender o que se passava, lábios cobriram os meus em um beijo intenso, agressivo, exigindo ser correspondida a altura. Tentei afastá lo colocando as mãos em seu peito, empurrando-o, mas Mota pegou minhas mãos mantendo-as entre as suas; presas.

Um calor crescente atingiu meu corpo. Pouco a pouco fui cedendo à luxúria dele, a sua urgência, entregando-me.

Correspondi ao beijo intensamente, nossas línguas em uma dança sensual. O desejo dele, o meu desejo, mesclados num só. Enquanto nossos lábios se beijavam com urgência, as mãos dele passeavam pelo meu corpo, minhas costas, puxando-me para mais perto dele. E então desceram até minhas nádegas erguendo-me do chão.

Circundei sua cintura com minhas pernas e seu pescoço com os meus braços. João Pedro nos desencostou da porta, caiu de joelhos no chão, e me deitou lá mesmo, no chão da sala. Afastou se minimamente e usou suas mãos para me despir. Retirou com rapidez a jaqueta jeans preta que eu usava. A blusa branca e meu sutiã
de renda rosa não tiveram a mesma sorte, João os puxou com muita força, rasgando-os.

Eu sabia que deveria sentir dor pela excessiva força que ele usava, mas não conseguia encontrar minha voz nem motivação para pará lo. Seus lábios migraram para minha mandíbula, meu pescoço, minha clavícula, ombro, encontrando meus seios. Fechei os olhos deixando-me alheia a tudo, ciente apenas do prazer que ele me proporcionava.

Novamente senti suas mãos em mim, acariciando, estimulando, proporcionando mais e mais prazer. Minha calça jeans deslizou pela minha pele, logo mais os sapatos que usava. Seus lábios no processo migraram para minha barriga, minhas coxas, pernas, até meus pés. Ele parou ali. De joelhos, o corpo levemente inclinado em minha direção, arfante, ele disse:

Leonardo não fazia isso, certo? Ele nem chegou a tocar intimamente em você. - seus dedos encontraram o elástico de minha calcinha, baixando-a lentamente. Fechei os olhos. - Esse é um privilegio só meu. - continuou enquanto deixava me completamente despida.

Quando experimentei olhá lo, vi que retirava suas roupas lentamente, os olhos em mim, um meio sorriso nos lábios. Entendi o porquê de não haver mais urgência. Para que urgência? Ele me tinha nas mãos e sabia disso. Não precisava de pressa, não como antes quando Ele parecia louco para assegurar seu relacionamento comigo.

"The contract" Adaptação MojuOnde histórias criam vida. Descubra agora