"Perdão Pela Demora"

71 2 0
                                    


- Por hoje é só? - perguntei a Kate enquanto a sala de reuniðes se esvaziava. Kate, de pé e com os olhos fixos em minha agenda em suas mãos, disse:

- Sim. Como eu havia lhe falado hoje seu dia seria menos tumultuado.

Olhei para meu relógio de pulso, eu havia dito a
Júlia que nos encontraríamos no refeitório ao meio dia, era meio dia e dez. Dez minutos de atraso, algo super aceitável.

- E então João Pedro vai me dizer o que foi falar com
aquela garota? - ela perguntou entredentes.
Suspirei. Eu sabia que Kate tocaria no assunto

- Eu a convidei para almoçar comigo agora ao meio dia. Deve estar me esperando no refeitório. - falei enquanto me ajeitava na poltrona onde estava sentado da forma mais confortável possível.

- Então vai dar o bote na garota?

- Claro Kate. Quanto mais rápido melhor. Eu estou com pressa demais para satisfazer a última vontade de meu pai. - falei com sarcasmo.

- Se é assim por que está parado aqui? Não deveria estar lá no refeitório com a sua gata borralheira?

- Não. Eu não vou de imediato, não quero que Júlia pense que estou louco por ela e fique de fofoca com as amigas. Vou deixá-la esperando um pouco. - comecei a rir. Eu queria poder ver a tal Júlia sentada, desolada, acreditando que dei bolo nela.

Talvez eu estivesse sendo muito mal. Eu deveria
ser um verdadeiro príncipe com Júlia até o dia do casamento e não deixá-la esperando muito no refeitório, com fome e com a cara de tacho. Ainda sim fiquei perdido em pensamentos nada amistosos a respeito da garota enquanto o tempo passava. Quando me
dei conta logo daria uma hora. Fui para o refeitório.

- Kate, eu vou sair. - disse pegando meu paletó e
vestindo-o.
Kate me olhou com sua típica cara mal humorada, mas nada disse.

Caminhei a passos lentos para o
refeitório. Eu não iria comer naquele muquifo, claro. A levaria para o meu restaurante favorito, talvez a única vez em que uma pobretona como ela iria comer uma comida de verdade.

Quando adentrei o lugar eu procurei Júlia e lá estava ela em uma mesa afastada de todos os outros funcionários.
"Vamos ao teatro! Lembre-se João Pedro: você está apaixonado por ela. Tem que convencer ela disso." - pensei enquanto caminhava em sua direção.

Ela estava pálida, eu não sabia que eu tinha esse
efeito tão devastador nas mulheres.
- Boa tarde. Perdão pela demora. Tive uma reunião de última hora. - disse e tive que me conter para não rir, foi realmente divertido deixá-la na expectativa.

- Tudo bem. - falou até composta para o meu gosto.

- Então... - olhei para a fila de funcionários, um
bando de pobre aglomerado na comida. Que nojo!

- Acho que devemos procurar outro lugar para
comer, ou você já comeu?

- Ah, não. Eu não comi ainda.

- Então eu vou levá-la em um ótimo restaurante que fica próximo. Costumo comer lá. Um excelente lugar.
Vamos?

- João Pedro, eu tenho que trabalhar logo. Se eu for com você posso me atrasar então..
O que? Eu estava sendo dispensado por trabalho?

- Não se preocupe. Eu sou seu chefe afinal. Não
irei penalizá-la em nada. Por favor, me dê o prazer de sua companhia? - estendi a mão para Júlia, ela demorou a aceitar minha ajuda, deslumbrada como todas as moças que eu conseguia seduzir sem esforço, mas de uma forma bem mais potente.

Perguntei-me por que nela as reações eram tão estranhas. Ela seguiu comigo, mas larguei sua mão. Eu não queria também ficar colado com a garota.

Bom, é bem verdade que eu estaria mentindo se
dissesse que foi ruim segurar sua mão. A mão de
Júlia era macia, quente. Imaginei essas mesmas
mãos passando pelo meu corpo e.. O que eu estava pensando? Devia ser falta de mulher gostosa.

Talvez eu devesse contratar uma profissional do sexo para variar.
Continuei a caminhar até o carro. Júlia me seguia
silenciosa. Entramos em meu carro e seguimos para o meu restaurante.

- Chegamos. - anunciei e Júlia saiu antes que eu
abrisse para ela. Não devia estar acostumada a
cavalheirismo, aliás, não devia estar acostumada a homem.

- Bem vindos! Ah, senhor Mota, que alegria
em vêlo e... E a sua convidada. - o funcionário
acostumado a me atender disse. Notei que durante sua pausa olhou para Júlia , mas dei de ombros.

- Olá Sebastian. Veja-nos a mesa de sempre, sim? - coloquei minha mão nas costas de Júlia para guiá-la até a mesa.

- Ah, como quiser. Sigam-me. -o funcionário disse e passou a caminhar.
Júlia olhava para o chão, devia estar envergonhada.

- Sentem-se. - o funcionário disse e puxei a cadeira para Júlia. Sebastian nos cedeu os cardápios.

- Vamos fazer os nossos pedidos Júlia. Você me
acompanharia em um vinho?- eu a olhei e me
assustei. Júlia estava branca. O que essa garota
tinha? Era de alguma religião que proibia beber
vinho?

"The contract" Adaptação MojuOnde histórias criam vida. Descubra agora