"Mais uma investida. Mais prazer 🔞"

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Retirou o casaco, o paletó, a camisa de botões mostrando o peito rijo de músculos poderosos, embora não houvesse excesso ali. Afastou se. Até então não entendi o que faria. Num átimo pegou-me no colo, peças de nossas roupas esquecidas na sala. Entramos em seu quarto e ele me jogou em sua cama. Pude ver, mesmo na penumbra do quarto, seus olhos em chamas enquanto olhava para mim.

Deitou se sobre mim voltando a me beijar com ardor, uma mão segurava minhas mãos acima da cabeça e a outra segurava um seio. A mão dele, antes no seio, desceu para a minha cintura, apertando-a. Não era um simples aperto, era um aperto insuportável.

Joã... - Tentei dizer entre seus lábios, mas ele não me deu muito espaço.

Eu consegui libertar uma mão e afastá lo. Comprimi o rosto pela dor incomoda no local onde estava a mão dele. Ele pareceu entender o recado. Fechou os olhos e encostou sua testa na minha enquanto afrouxava o aperto em minha cintura.

- Não consigo me controlar. - murmurou. - Eu quero tanto você que...! - e seus olhos fixaram-se nos meus.

Silêncio. Respirações ofegantes pela rapidez com que chegamos à cama. Um sussurro na penumbra...

- Eu amo você. - disse enquanto acariciava meus lábios com a ponta dos dedos.

Ergui minha mão e toquei sua face. Mota inclinou seu rosto em direção a minha mão apreciando o contato. Meus dedos passaram para o seu cabelo acobreado e eu o segurei puxando-o para mim.

Mais roupas pelo chão (roupas de João Pedro). Suas mãos em meu corpo, minhas mãos em seu corpo. Não havia nada mais sublime do que aquilo, fazer amor com a pessoa amada realmente eclipsava quaisquer duvidas. Amanhã eu voltaria a ser a Júlia indulgente e desconfiada, mas entre quatro paredes com ele eu poderia recuperar um pouco da Júlia esposa. Estranho que dessa vez, enquanto estava dentro de mim, João quis que...

- Júlia? - ele e chamou parando as investidas em meu corpo. - Olha para mim. - pediu. Eu abri meus olhos e olhei aqueles belos orbes cor de mel.

Mais uma investida. Mais prazer. E enquanto nossos corpos procuravam novas formas de encaixe, novas formas de proporcionar prazer ao outro, eu desejei ser capaz de dizer a ele que eu o amava. Mas eu não conseguia. Existiam muitos bloqueios em mim, bloqueios que surgiram durante nosso relacionamento. Eu não sabia se poderiam corresponder às expectativas do mesmo como ele desejava, mas estava feliz por ele me dar tanto, como que compensando o tempo em que não foi o meu marido.

Os minutos passaram e ele parecia não estar completamente saciado. Sempre queria mais
de mim e eu lhe oferecia. Eu oferecia beijos, abraços, carícias, meu calor, meu prazer... E era correspondida a altura. E às vezes, enquanto nos tocávamos, trocávamos algumas palavras...

- No que você está pensando? - João me perguntou.

- Eu estava deitada de bruços e estava deitado de lado bem próximo de mim. Nas minhas costas o passeio preguiçoso de seus dedos.

Eu estou pensando o quanto eu amo você, pensei. Não disse.

- Estava pensando que nós não jantamos e depois de tudo o que fizemos eu estou com fome. - falei em uma voz que mostrava o esgotamento físico. João Pedro sorriu maroto.

- Eu também quero comer algo.

- E o que seria? - perguntei. O sorriso dele se alargou. Deitou a cabeça no mesmo travesseiro em que minha cabeça repousava nossas respirações mesclando-se num único ar.

- Você.

A forma despreocupada com que falou não foi suficiente para atenuar o rubor que me tomou. De tão sem graça que fiquei com a brincadeira, senti vontade de sair do quarto. Mais ele não me deu chance alguma de escapatória. Colou seus lábios aos meus beijando-me calmamente dessa vez. Deitou se sobre mim, eu já o sentia pronto.

Eu estava cansada, faminta, mas deixei tudo de lado para mais uma vez estar com ele.

Quatro e cinco da manhã, o relógio dizia. João Pedro ressonava tranquilo. Eu o cobri melhor com o edredom e fiquei sentada na cama, bem próxima a ele, olhando-o. Passei minha mão pelo seu rosto, seus cabelos rebeldes, em seus lábios. Um dia de felicidade. Como eu esperei por isso! Como eu queria que os acontecimentos desse dia tivessem acontecido na nossa lua de mel!

"Júlia? Você vai se arrepender dessa escolha."

As palavras de Leonardo vieram me atormentar. Afastei minha mao dele. Eu me aproximei de seu ouvido o suficiente e disse para um João Pedro inconsciente:

- Por favor, não me magoe mais. Não faça com que eu me arrependa. - implorei aos sussurros.

Ele remexeu se um pouco, mas continuou adormecido. Levantei da cama. Silenciosamente fui para fora do quarto dele, para o meu quarto, meu refúgio, fechando a porta atrás de mim.

Pov's Mota

Todos davam tapinhas em minhas costas enquanto murmuravam pêsames. Eu não saí da poltrona onde estava sentado, em frente ao caixao de minha mãe. Ana Júlia chorava copiosamente, mas tinha o seu namorado Pedro ao seu lado. Ela ficaria bem. Meu pai internado, em choque, a base de remédios. Lara Mota morreu pelo amor que sentia pelo meu pai. Cômico, trágico. Mulheres sempre foram exageradas quanto ao amor. Dificilmente você encontrará uma notícia de um homem que morreu de tristeza por uma mulher.

"Tolice! Isso nunca vai acontecer comigo! Nunca!" pensei.

Enquanto os convidados chegavam e continuavam a murmurar pêsames para mim, eu sentia algo em mim se partir. Um novo João Pedro emergia; um João Pedro sombrio que desdenhava o amor.

Eu estava exagerando? Deveria ficar tao deprimido, como se alguém tivesse morrido?

Mesmo sabendo que isso era ridículo, ainda sim, eu estava. Não sei há quanto tempo eu estava sentado nas escadarias do meu prédio, olhando ora para o chão, ora para o caminho por onde Júlia seguiu. O frio da noite, a fome, a sede, tudo me atacava, mas eu não as senti. Eu apenas senti uma dor no peito pela perda, a perda de Júlia.

Uma parte de mim ainda acreditava que ela voltaria pra mim, mas esta parte estava mais e mais fraca. E enquanto a desesperança me atingia, a dor aumentava. Encostei a cabeça nos meus joelhos reprimindo a vontade de subir pro meu apartamento e me lastimar, ou chorar.

O que seria de mim se Júlia me deixasse? O que eu faria? Claro que minha vida profissional seguiria bem, mas e minha vida pessoal? Eu não me via capaz de voltar a ser o João Pedro superficial e narcisista de antes. Aquele estava perdido. Ele se perdeu quando eu me apaixonei pela minha esposa.

- Senhor Mota? - a voz masculina me chamou.

Ergui a cabeça e o olhei monotonamente. Seu rosto era conhecido, mas não sabia dizer de onde. Olhando-o atentamente eu vi que era oriental e usava um uniforme. Voltei a olhar para o caminho que Júlia seguiu.

- O que quer?

"The contract" Adaptação MojuOnde histórias criam vida. Descubra agora