"Vamos Pro Meu Apartamento"

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Eu não sou de muitos amigos e não tenho parentes - murmurei e virei meu rosto para olhar a paisagem pela janela, não queria que João visse meu rosto.

Vendo-o com sua familia despertou algo em mim, uma antiga tristeza. A tristeza de não ter nenhum familiar. Senti a umidade em meus olhos.

- Meu amor, está chorando? Por que está chorando?- Mota perguntou alarmado, uma mão ele retirou do volante colocando em meu rosto. Peguei sua mão e a segurei

- Estou bem eu s.. Não é nada.

- Júlia, não minta. Você deve ter um motivo. O que foi? Minha irmã foi desagradável com você? - ele parecia terrivelmente preocupado. Eu sorri para tranquilizá-lo.

-Não é isso. Sua família é maravilhosa. Ë que... O
clima familiar me deixou um pouco sensível. Fazia tempo que eu não me sentia assim. Eu tinha me esquecido como é estar entre familiares e quando lembro dói.

Agora que iríamos ser marido e mulher eu podia
dizer tudo sobre mim, até os fatos tristes que fiz de tudo para ocultar dele.
Mota ficou calado. Após alguns minutos notei que não estávamos indo para meu apartamento.

- Para onde nós estamos indo? - eu perguntei.

- Meu apartamento. Namoramos há três meses e
você ainda não conhece o lugar onde moro. - E era verdade. João Pedro passava a maior parte do tempo em meu apartamento quando vinha me ver. Nunca havia ido até sua casa, nem sabia onde era. Poderia parecer desleixo de minha parte, mas eu não queria incomodar Ele de jeito nenhum e por isso eu nunca perguntava nada, cobrava nada.

Minha tristeza pareceu se exaurir quando percebi que Mota iria ceder, mostrar mais
coisas ao seu respeito. Eu mantive um sorriso
no rosto esperando ansiosa pela chegada ao seu
apartamento.

- O que achou? - João perguntou ao acender as luzes com um comando de voz. Eu olhava a tudo embasbacada. Ele morava na cobertura de um prédio de luxo. A decoração era simples, mas de muito bom gosto.

-É lindo! - disse caminhando até o sofá branco e
sentando. Mota ficou de pé.

- E aqui que vamos morar após o casamento. Você poderá alugar seu apartamento. Venha, vou mostrar a casa. - ele pegou minha mão conduzindo-me por todos os
cômodos do gigantesco apartamento.
Aquele lugar era magnífico, tão grande, tudo tão
limpo e arrumado! E tudo tão... Solitário. João viviasozinho ali, sem ninguém, ninguém..
Fiquei reconfortada em saber que logo eu iria
preencher qualquer vazio que ainda pudesse existir em sua vida.

- O que foi?- Mota perguntou-me. Sorri.

- Nada. Ainda falta me mostrar um cômodo eu
suponho. - disse e o vi sorrir cheio de malícia.

- Sim. O meu quarto. - puxou-me até a porta
dupla que dava para o seu quarto, acionou o
comando acender luzes ao passarmos pela porta.

Seu quarto era magnífico: espaçoso, as paredes
pintadas de preto e telas de pinturas abstratas,
móveis brancos. Uma porta devia dar para o closet enquanto outra devia ser de seu banheiro. O quarto possuía uma grande sacada.

- Puxa, um quarto maravilhoso! Aliás, tudo aqui é maravilhoso.

- Foi Giovanna quem o decorou. Fico feliz que tenha gostado. Este será nosso novo lar daqui a uma semana. E pode começar a trazer seus pertences para cá e alugar seu apartamento.

- Nossa, está tão em cima! João, eu não sei se vamos conseguir ajeitar tudo em uma semana. - o mesmo ergueu nossas mãos entrelaçadas e afagou meu rosto.

- Ei, não se preocupe. Ana Júlia cuidará do casamento e eu cuidarei de sua mudança, trarei para cá apenas o essencial O restante ficará para seu inquilino. Amanhã vá a empresa falar com seus amigos, anunciar quem será seu padrinho e madrinha, sua dama de honra e convidar quem você quiser.

-Tudo bem. - ele me abraçou, um abraço apertado, e sussurrou em meu ouvido - Perdoe a pressa. Sei que uma semana é um exagero, um tempo muito curto, mas..

- Tudo bem. Eu estou tão ansiosa quanto você para ficar ao seu lado, sempre.

- Que bom. - Mota beijou-me com avidez e guiou-me para sua cama.
Eu estava tão perdida no frenético de seus lábios, suas mãos, o perfume e o calor do seu corpo que não notei quando estávamos deitados, o corpo de João Pedro comprimindo o meu no colchão. Seus lábios não me davam liberdade para falar, sequer para raciocinar.
Suas mãos prensavam as minhas acima de minha cabeça.

A atitude de um João Pedro afoito realmente me assustou, mas isso não fez com que eu o detivesse. Mesmo temerosa com os acontecimentos, com a novidade por detrás de tudo, eu queria aquilo. Eu queria, eu precisava ter mais dele. Eu o queria em meus braços, em minha língua, dentro de mim. Minhas
mãos deixaram de acariciar sua nuca e passaram para frente de sua camisa de botões. Enquanto ele me beijava no pescoço, minhas mãos tentavam abrir os botões de sua camisa.
Ele estacou e afastou-se tão rapidamente que
demorei alguns segundos para processar o ocorrido.

- Me desculpe! Não deveria ter agido assim! - falou e parecia desnorteado. - João Pedro sentou-se na cama longe de mim, os olhos fixos
no piso encarpetado.

"The contract" Adaptação MojuOnde histórias criam vida. Descubra agora