Maratona = (9/15)
Afrouxei a gravata deixando o copo vazio de licor em cima da mesinha a minha frente. Recostei me no sofá fechando os olhos e tentando relaxar.
- Júlia sempre recusa meus convites quando você está no meio. - ela comentou com deboche.
- Nao enche Ana Júlia. - resmunguei.
- Você está um trapo irmãozinho! Eu me pergunto como que está deixando você assim, mas só consigo pensar em um nome: Júlia Franco... Mota.
- Anda me espionando? - perguntei com desdém. Nem precisava abrir os olhos para vê-la da de ombros.
- Não preciso recorrer a isso. Está visível até para um cego. Eu não entendo. Júlia claramente despreza você e o evita, você deveria estar feliz.
- Eu sei, mas com toda a sinceridade não estou. - confessei.
- E por que não está feliz? - Ana Júlia perguntou. Sorri.
- Você deve saber o porquê, você sempre foi bem intuitiva.
- Bem... Eu tenho minhas teorias sobre tudo isso, mas eu mesma não acredito nelas. Quero dizer foi tão rápido!
- E que teoria é essa que você custa a acreditar? Agora fiquei curioso. - disse abrindo os olhos e fitando minha irmã que agora tinha um semblante perversamente feliz.
- Acho que ao invés de fazer a pergunta eu prefiro afirmar.
- Ea pergunta seria...? - eu a instiguei já sabendo o que minha irmã diria.
- João, você está apaixonado pela Júlia. Sabe disso, não é? - ela falou e ficou me observando, esperando por algum sinal de mentira. Eu suspirei pesadamente e voltei a minha posição anterior; olhos fechados recostado confortavelmente no sofá.
- Sim, eu sei. - admiti sem me importar com o que Ana Júlia diria.
- Nossa, pensei que negaria.
- Você saberia se eu estivesse mentindo irmãzinha e jogaria na minha cara a farsa. Além disso, eu já neguei durante um mês. Estou cansado até disso. - abri os olhos e fitei o teto.
- É, você está em maus lençóis. Deve ser a primeira vez que você sente algo por alguém e justo por alguém que o odeia. Muito embora o fato de Júlia não ter pedido o divórcio seja um indício de que ela deve sentir algo.
- Acha isso? - perguntei sentindo uma pontada de esperança.
- Quem sabe? Pode ser isso o que a prende a esse casamento falido, ou pode ser outra coisa. Júlia está diferente, é difícil saber o que ela fará. Ainda sim eu sinto, quando converso com ela, que aquela garota de antigamente vive dentro dela.
- Se aquela Júlia vive, eu não sei, mas não há como ela voltar a ser como era, não por mim. Eu a perdi. - senti um aperto ao pronunciar estas palavras. Ana levantou se de onde estava sentada é veio se sentar ao meu lado.
- Sinto muito. Eu não posso ajudar. Só você pode reverter se desejar.
- Como posso reverter? Eu já fiz a besteira! Júlia nem me olha na cara! Ela me despreza e eu... - suspirei colocando minha cabeça entre as mãos. - Pior de tudo é que você sabia que isso aconteceria por isso aceitou esse casamento .
- Pois é eu soube assim que a vi que Júlia conseguir degelar seu coração. Fico feliz que ela tenha conseguido. Mas com toda a sinceridade, como você pôde perceber o sentimento que nutre por ela quando já era tarde? Você já estava com ela há dois meses antes de casar. Deveria ter notado antes que ela mudasse. E por Deus João Pedro! Por que tem de bancar o superficial? Bastou Júlia colocar roupas bonitas e maquiagem que...
- Escute aqui Ana Júlia eu já estava sentindo algo antes da Júlia se embonecar! Então não me venha com esse papo de superficialidade! Ainda que ela voltasse a se vestir mal não mudaria minha atual condição a respeito dela! - quase gritei ficando ainda mais raivoso por minha irmã sorrir abertamente.
- Viu? Você está admitindo abertamente o que sente. Deveria dizer a ela, quem sabe assim vocês dois não têm um casamento de verdade?
- Acha mesmo que se eu esclarecer o que sinto a ela vai voltar atrás? Fala sério Ana Júlia! Até um cego vê que ela não vai me aceitar!
- Olha João Pedro para você só existem dois caminhos: perder Júlia ou tentar conquistá-la. Qual você escolhe? - Ana Júlia me olhou com uma sobrancelh: arqueada.
- Não é do meu feitio entregar os pontos sem antes lutar. - disse com um sorriso travesso nos lábios. - Mas uma ajudinha da irmã seria muito boa.
- AH VÁ SE FUDER MOTA! - ela gritou levantando-se. - Eu não vou ajudar! Até porquê meu lado feminista quer que você se ferre! Eu acabaria apoiando Júlia e não você.
- É bom saber que posso contar com você! - falei com deboche. Levantei-me. - Preciso ir. Acho que, se pretendo conquistar minha mulher, eu não posso perder tempo com alguém que claramente não irá me ajudar.
- Tem toda razão irmão. Vá logo! Ah e quanto a Kate? - ela perguntou enquanto me acompanhava a porta.
- O que tem ela?
- João Pedro, eu sei que tem um caso com ela. Não ouse tentar se acertar com Júlia dormindo com Kate! Caso o contrário eu melo seus planos!
- Não sou idiota, claro que acabarei o relacionamento com Kate. Se você quer saber eu já não durmo com ela a uma semana.
- Surpreendente! Já é um grande passo. Agora vá e salve o seu casamento.
- Ana? - perguntei de costas para ela.
- O que?
- Você me apoia em minha decisão? - Silêncio.
- Sou sua irmã. Eu quero que seja feliz, principalmente se a escolhida for a Júlia. Ela é
fantástica!- Ela costumava ser. Eu me pergunto se posso fazer com que volte a ser como era... - refleti.
- Isso eu já não sei. - Ana Júlia disse antes de fechar a porta atrás de mim.
...
Júlia não estava em casa, isso era algo comum. Ainda sim não encontrá-la sempre me deixava tenso.
"Ela deve ter saído com as amigas. Logo estará aqui. Tem se comportado até demais, não a peguei mais alcoolizada." pensei enquanto seguia para o meu quarto.
VOCÊ ESTÁ LENDO
"The contract" Adaptação Moju
FanfictionUm plano mirabolante envolvendo uma jovem pura e um ambicioso empresário. Júlia Mara Franco é envolvida em um esquema criado por João Pedro Mota acreditando que o mesmo a ama, mas a realidade é muito diferente disso. Mota precisava casar para poder...