- Bela, acho melhor eu conversar com a Júlia - Duda falou enquanto afagava minhas costas. Bela bufou.
- Acho que a Júlia precisa de um choque de realidade para acordar e isso você não é capaz de fazer. É minha vez de fazer algo. - Izabela entrou e sentou diante de mim.
- Pode não ser uma boa ideia contar agora - Duda murmurou alarmada.
- Contar o que? Do que vocês estão falando? - perguntei confusa com toda a situaçao ao meu redor.
- Serei breve porque enrolar não é comigo. Eu teria dito antes, mas a Maria Eduarda (Duda) achou que era melhor esperar. Bobagem ao meu ver! Enquanto você está aqui chorando por aquele cretino, culpando-se do fracasso do seu casamento, ele tá no maior amasso com a vadia da Kate!
As palavras de Izabela foram como ser eletrocutada. Eu fiquei parada, os olhos arregalados.
- O que? - balbuciei.
- Todo mundo tá comentando. Seu maridinho nem discreto é. Pega a Kate e frequenta casas de luxo que oferecem prostitutas. Achei que você sabia das traições por isso andava infeliz. O cúmulo saber que você estava alheia a tudo enquanto todo mundo ria das suas costas.
Eu não poderia acreditar. Não poderia. Sacudi a cabeça em negativa. Duda ficou apenas me olhando, notei pela visão periférica, e Izabela bufou.
- Francamente está na cara o que eu digo, mas se você precisa de provas entao aqui está - ela retirou do bolso da calça jeans que usava o seu celular, mexeu nele por alguns instantes e me passou. A função vídeo estava ativada.
Eu encarei por cinco segundos o visor até fazer meus dedos se mexerem apertando o botão "play". Assisti ao vídeo com atenção. A medida que eu via as imagens e compreendia os fatos, as lágrimas caiam. Eu poderia negar aquilo, poderia, mas estaria apenas mentindo para mim mesma. Eu tinha mentido para mim tempo demais.
Lembro-me que as especulações de que João Pedro tinha algo com Kate já circulavam muito antes dele me notar. Eu nunca dei ouvidos a elas apesar de estar tão óbvio.
Mesmo agora eu queria negar, era mais fácil negar e seguir em frente do que saber que chorei, sofri e me desesperei por nada.
Nada.
Essa palavra tornou se parte de mim. Eu não era nada para ele, eu era um nada! Mas pior do que
não ser um nada para a pessoa que você ama, é
descobrir que você não é a única.No vídeo eu via ele entrando em um motel de luxo. Só consegui ver quem estava no carro com ele na segunda parte da gravação, vendo Kate pelo outro lado. Era o seu carro, era a placa do carro, era Mota.
Entreguei em silêncio o celular a Izabela. Fiquei parada, completamente parada.
- Eu sabia que ela ia surtar. Não deveríamos ter falado desse jeito - Duda se lamentou afagando minhas costas.
- Não deveríamos falar uma ova! - Bela esbravejou.
Eu estava alheia a tudo remoendo o ódio que surgia com uma potência incapacitante, intoxicante.
O amor tão puro, tão forte que sentia por ele esvaindo-se pela ponta de meus dedos, caindo
em um precipício junto com a Júlia amorosa que sempre fui. Lágrimas brotaram de meus olhos, mas estas lágrimas eram diferentes.Eu nunca havia chorado de raiva até agora. Eu queria trucidá lo com minhas próprias mãos e mesmo assim não seria o suficiente para que ele pagasse pelos dois meses de sofrimento. Não era...
- Júlia, se você for ficar catatônica pelo menos avisa! - Bela disse enquanto me sacudia. Engraçado, eu não havia percebido que as duas me sacudiam.
Eu comecei a rir; não rir, mas a gargalhar. Alto demais. Eu estava tendo uma crise histérica enquanto meus olhos insistiam em despejar
lágrimas.- Vixe, a garota pirou - Izabela disse.
- Culpa sua! - Duda falou - Júlia, recomponha se, por favor! implorou.
- Não se preocupe, eu estou bem. Melhor do que imaginava. Perto das dores que senti nos últimos dois meses, saber que estava sendo chifrada não é nada. - dei de ombros. As duas me olhavam como se eu estivesse louca. Eu preciso ficar sozinha um pouco. É melhor vocês irem para o trabalho ou levarão bronca.
- Não sei se é uma boa ideia - Duda murmurou.
- Eu vou ficar bem meninas obrigada por tudo. Sorri
Meu sorriso as deixou mais alarmada. Bela foi a primeira a se levantar pegando Duda pelo braço.
- Melhor nós irmos. Ela vai ficar bem. O pior já passou.
Eu não as vi sair. Fiquei sentada no chão olhando para o piso. Pensando no que deveria fazer. Eu precisava desforrar, eu tinha que fazê-lo pagar. Havia muitas formas de fazê-lo pagar, mas eu só conseguia pensar em uma: matá lo!
- TÁ LOUCA MULHER? NÃO PODE MATÁ LO!
- Bela gritou. Eu a olhei, reprovadora.- Por que não? - perguntei enquanto continuava com o meu trabalho.
- Porque eu serei cúmplice. Além disso, eu não quero ficar desempregada. - sorri.
Bela iria pensar em si mesma ao invés de pensar em João Pedro. Adorei isso.
- O que sugere? Que eu peça separação? - zombei.
- Claro que não! Eu sugiro um belo par de chifres nele! - Izabela tinha um olhar diabolico.
- Ele não vai ligar. Tenho certeza. - não consegui mascarar a dor na minha voz. Eu ainda estava muito machucada embora agisse normalmente.
- Ele é uma pessoa pública. Não será nada bom para ele se a esposinha estiver com outro. Isso irá atingí lo Jú. E eu posso ajudar. Sabe posso lhe dar uns toques para tornar a vingança saborosa. - Izabela tinha um brilho no olhar, acho que queria se vingar do Mota não por mim, mas por que ele nunca deu uma chance a ela. Nao importava.
Eu não precisava de ajuda para a vingança, apenas precisaria de um incentivo para não fraquejar - Izabela era um ótimo incentivo.
- Não quero saber de vingança, quero apenas recuperar o tempo perdido. Vivi tempo demais como uma ameba... Bela, que tal sairmos para algum lugar, só nós três? Duda, você e eu? perguntei sabendo sua resposta antes mesmo que ela pronunciasse algo.
- Fechado! Mas vamos dar um jeito em você. Você não vai molambenta por ai nem pensar!
- Ah faça o que você quiser! Eu não ligo.
- Que bom então vamos a uma boutique assim que sairmos daqui do trabalho, eu vou produzi la. Vamos a uma boate que inaugurou semana passada, você vai amar!
Izabela ficou a falar, refinando seus planos. Eu não dei muita atenção imersa no trabalho diante de mim e no ódio que me consumia. Temia o que pudesse fazer caso o visse, poderia obliterá-lo ignorando a lei. Não, aquele maldito não merecia nem a morte. Eu precisava pensar; pensar em uma forma de atingi lo. Eu iria atingi lo.
Sorri ante a expectativa de humilhá-o.
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"The contract" Adaptação Moju
FanfictionUm plano mirabolante envolvendo uma jovem pura e um ambicioso empresário. Júlia Mara Franco é envolvida em um esquema criado por João Pedro Mota acreditando que o mesmo a ama, mas a realidade é muito diferente disso. Mota precisava casar para poder...