"Ela ainda era uma caixinha de surpresa."

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- Você ainda não me disse o lugar. Estou curiosa. - com essa eu fiquei surpreso. Ontem eu havia dito para ela, até falei de detalhes de nossa viagem como o local onde ficaríamos hospedados e o que faríamos para nos divertir.

- Eu disse ontem. - falei confuso.

- Quando? Não me lembro. - perguntou. Lembrei das circunstâncias em que contei para ela e entendi. Soltei um sorriso sacana. De fato ontem a noite não foi um bom momento para contar.

- Disse ontem enquanto nós estávamos juntinhos no seu quarto. E nós estávamos fazendo... - parei sugestivamente enquanto minha mente completava o que não disse em palavras.

Ontem, após assistirmos a um filme de comédia romântica e o mesmo me deixar acesso, fomos para a cama e, definitivamente, não foi para dormir.

- Agora sei por que eu não me lembro. - murmurou no momento exato em que as portas do elevador se abriram. Uma pena. Só a lembrança do que havíamos feito me esquentou por inteiro. Eu devia ter apertado o botão de emergência e parado o elevador tempo suficiente para uma brincadeirinha com Júlia naquele local.

- Até que em fim! Por que a demora? Desse jeito vamos perder o avião e eu não quero ter que recorrer a minha beleza para conseguir outro vôo. Vamos! - Ana Júlia disse naquele seu jeito irritantemente serelepe quando nos viu chegar. Logo mais todos nós estávamos no carro alugado que nos levaria ao aeroporto.

- Mas eu reservei a poltrona ao lado da Júlia porque eu queria...

- Ana Júlia, eu vou sentar ao lado da MINHA MULHER. Você pode fofocar com ela sobre assuntos pequenos depois. - disse áspero. Ana fez biquinho.

- Mas eu... - murmurou querendo argumentar. Pedro, que estava ao seu lado, se manifestou.

- Seu irmão quer aproveitar a esposa. Deixe-o com ela. Vamos, você vai poder monopolizá-la depois. - Pedro puxou ela para se sentar em uma poltrona ao lado dele, a poltrona que estava destinada a mim. Fui para a poltrona ao lado de Júlia, onde minha irmã sentaria, todo feliz.

- Ana foi se sentar ao lado do Pedro. Não sei como ela conseguiu reservar uma poltrona ao seu lado meu amor. - eu disse puxando-a para os meus braços. Aspirei seu perfume inebriado pelo cheiro bom.

- Ela disse que queria ficar papeando. Não precisava tirá la daqui. - murmurou sonolenta.

- Ana Júlia já vai querer manipular todo o seu tempo quando chegarmos a Miami. Não quero perder um tempo sequer. - beijei sua testa. Eu estava ciente do quanto a mesma estava cansada e queria que descansasse. - Você está cansada, não é? Pode dormir. Eu a acordo quando chegarmos. Acho até que dormirei um pouco com você.

Ela me obedeceu. Passados alguns minutos, ressonava tranquila em meus braços, procurando o calor do meu corpo para aquecê-la. Isso já era corriqueiro. Desde que disse o que sentia por mim, Júlia passou a abrir algumas exceções. Durante cinco dias nós dormimos juntos. E permitiu que eu a tocasse mais. Ela ainda não era tão carinhosa, mas isso logo mudaria.

Fiquei perdido em lembranças dos cinco dias mais felizes da minha vida. Dias em que Júlia me permitiu conversar um pouco com ela, tocá-la, amá-la, fazer dela minha mulher. Ela não voltou a dizer que me amava, mas isso não importava. Eu estava feliz e estava conseguindo fazê-la feliz.

Mas havia uma pendência entre nós. A verdade estava à espreita e mais dia ou menos dia viria à tona. Eu sabia o que deveria fazer, eu deveria contar a verdade a ela, mas não conseguia. Estávamos tão bem e eu pensava que se contasse a ela, eu perderia tudo. Eu não queria perder o que eu tinha. E enquanto refletia sobre isso, chegamos ao nosso destino.

"The contract" Adaptação MojuOnde histórias criam vida. Descubra agora