"Ainda Não Acredita Que É Minha Namorada?"

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Eu fiquei preocupada, temerosa de que minha
confissão tivesse esfriado as coisas. Eu não era
ignorante, eu sabia que Mota devia estar acostumado
a mulheres mais fáceis, mas o que eu poderia fazer?

Não era por que João Pedro tinha tais mulheres que eu iria
me oferecer! Ele parecia incrivelmente feliz, eu
ainda estava digerindo os acontecimentos e o fato
de que eu era a causa de sua felicidade.

-Quer ir para casa ou poderíamos desviar o
caminho? - João perguntou enquanto abria a porta
do carro pra mim. Eu estaquei. Desviar caminho?
Mota estaria pensando em...

- Não se preocupe, eu não vou levá-la a um motel ou algo assim, nunca! -
ele disse sorrindo. Eu sorri.

- Me desculpe, não é nada disso eu... Deixe pra lá.
Bem, já que nós somos namorados eu acho que
teremos outras noites para sair. Eu estou um pouco
cansada. Tanta coisa aconteceu! - eu falei com
sinceridade, eu estava muito desnorteada ainda.

Eu precisava respirar, pensar, mas eu ainda queria
estar próxima dele. Pensei em convidá-lo para subir,
mas ele poderia interpretar isso de forma errada e eu não estava muito preparada para fazer algo mais, era cedo ainda.

Seguimos silenciosos pela noite. João
segurava minha mão no banco do carro. Chegamos a
pouco tempo em casa.

- Posso vir aqui buscar você? - ele perguntou
subitamente.

- Me buscar? - perguntei confusa.

- Amanhäă pela manhă. Poderíamos tomar café
juntos antes de irmos para o trabalho.

- Claro. - eu disse tão feliz pelo convite, por tudo,
que sentia umidade nos olhos que reprimi com
afinco.

- Vem cá. - murmurou. Puxou-me para mais
perto.
Eu me deixei levar aninhando-me nos seus braços
que agora eram meus, de certa forma.

Procurei pelos seus lábios o que João me ofereceu
sem hesitar. Beijar era muito bom, mas eu bem
sabia que era por que eu beijava os lábios dele. Cedo
demais, ele me soltou.

- Boa noite. - ele disse e colou seus lábios aos meus
novamente.
Eu saí trêmula. Fiquei parada vendo-o partir e entrei
calmamente em casa.

Eu pensei que, ao passar pela porta, eu iria me
desatar a gritar como havia feito anteriormente,
mas não foi isso o que aconteceu. Eu caí de joelhos
cobrindoo rosto com as mãos e chorei enquanto
silenciosamente agradecia a Deus por João Pedro me notar.

Agora sim eu poderia ignorar os anos de solidão e
desesperança, eles estavam enterrados.
Eu não consegui dormir bem naquela noite pela
alegria que sentia. Eu estava ansiosa demais para o próximo dia. Mesmo não sabendo para onde nós iríamos assim, eu já estava feliz com o que eu
estava ganhando. Agora que eu parecia acreditar na
concretização dos meus sonhos era só aproveitar.

...

Cabelos arrumados, dentes escovados, roupas
limpas e bem engomadas... Eu esperava por Mota
em frente ao meu prédio. A insegurança me tomava
pensando que talvez João se esquecesse de mim.
Minha preocupação se exauriu ao ver o seu carro estacionando no meio fio.

Ele saiu elegante em trajes formais típicos
do escritório, paletó preto com camisa interna
vermelha e gravata cor vinho, segurando uma
rosa vermelha. Eu fiquei paralisada com o ato, deixando de lado o acanhamento, veio e me
beijou. Um simples selinho, mas algo tão cheio de
significado, que precisei me conter para não chorar,
de novo.

- Bom dia. - ele murmurou no meu ouvido assim
que se afastou dos meus lábios. Entregou-me a rosa.

- Obrigada. Bom dia.

- Então...Vamos? - assim sendo abriu a porta para mim.

Logo estávamos seguindo para algum lugar
escolhido por Ele. Eu já imaginava que iríamos
para um lugar sofisticado, por esse motivo vesti
algo mais bonito do que costumo usar. O local tinha
nome Francês. Senti-me um pouco mal, todos os
funcionários pareciam me avaliar.

João segurou
minha mão de forma despreocupada, um sorriso
nos lábios. Fiquei tensa apenas enquanto seguíamos
para uma mesa, quando me sentei e fiquei diante dele, sendo olhada por aqueles olhos cor de um
topázio, eu me esqueci de todo o resto.

- Parece tensa. Não gostou de vir tomar café
comigo?- Mota perguntou parecendo preocupado.

- Não, claro que não! Eu estou preocupada em
chegar atrasada na verdade. - minha mão que
descansava em cima da mesa foi segurada por uma
das mãos do mesmo.

- Não fique. Não será prejudicada. Sabe disso. É
minha namorada agora.

- Eu não quero ter privilégios só por que sou sua
namorada.. - falei com dificuldade travando na
palavra "namorada". Ele parecia reprimir uma
risada.

- Não se preocupe. Você não terá privilégios. Mas
também não deixarei que a prejudiquem por algo
tão banal.

Quando eu ia protestar nossos pedidos chegaram.
Deixei o assunto para lá. Eu não me importava com
nada, desde que tivesse meu tempo com ele.
Para mim o ato mais simples dele era
executado com graça. Enquanto eu o via, desejava
secretamente coisas banais como vė-lo fazer algo
tão simples como se alimentar, trabalhar, qualquer
coisa. E agora eu estava tendo essa chance em
primeira mão por isso nem dei importância ao que
degustava, estava mais interessada em captar cada
movimento feito por ele e registrar na memória.

- O que foi? Parece distraída. - ele murmurou, suas
mãos cruzadas sob o queixo. - Ainda não acredita
que é minha namorada?

-É meio dificil de acreditar. Foi tudo rápido demais.

- Desculpe-me por tudo isso. Sei que deve estar
um pouco assustada. Ainda sim eu fiquei feliz por
isso não ter interferido em sua aceitação da minha
proposta de namoro. - ele dizia calmo, risonho.

- Eu nunca iria recusar tal pedido, não vindo de
você por que eu.. - o celular de João toca. Ele atende
com um ar de desagrado.

"The contract" Adaptação MojuOnde histórias criam vida. Descubra agora