Só de me lembrar de tudo o que passamos nesse curto espaço de tempo, eu me sentia nauseada de tão nervosa. Saímos do teatro e fiquei tensa com nosso próximo destino.
Nós tínhamos combinando que manteríamos nossos planos do sábado que inclia ida a uma pousada. O que eu faria se ele sugerisse algo assim?
- A peça foi ótima! - Leonardo disse enquanto saífamos do teatro. Eu assenti. - Que bom que consegui ingressos para hoje. - falou satisfeito.
- Verdade. A peça foi ótima. - disse num falso entusiasmo. Ele me olhou curioso, sondando-me. Desviei o olhar. - Aonde vamos agora? - perguntei; meu corpo tenso enquanto esperava a resposta.
- Jantar. - colocou a mão na base das minhas costas conduzindo-me até o estacionamento onde estava sua moto.
Montamos e seguimos para o restaurante de sempre (o nosso lugar de acordo com ele). Estacionamos em frente ao lugar. Fui tomada de surpresa por ele quando falou:
- Sabe, nós poderíamos jantar em outro lugar... Eu fiz reservas na mesma pousada que iria levá la no sábado. A pousada oferece jantares aos clientes. Que tal se fôssemos para lá? Poderíamos ficar mais à vontade.
Meu corpo inteiro reagiu às palavras dele. Fiquei paralisada, enquanto entendia a mensagem por detrás do convite. A Júlia que havia em mim até o sábado teria aceitado, mas esta nova pessoa que surgiu após dormir com João Pedro... E, no entanto, eu sabia que se quisesse superar tudo, esse era um passo que eu tinha que dar. Movi meus lábios para dizer sim, mas o que saiu...
- Já estamos aqui Leonardo. Que tal irmos após o jantar? - segurei sua mão e sai puxando-o para dentro do restaurante. Ele pareceu não ficar chateado com minha recusa, já que deixei claro que iríamos após o jantar.
Eu adiei o momento por algumas horas. Não sabia se conseguiria adiar mais.
Durante o jantar Leonardo falava de seu dia-a-dia, do que eu perdi. Eu sorria e dizia um comentário ou outro. A verdade é que eu estava alheia a tudo. Eu simplesmente não conseguia me concentrar nele. Ele percebeu. Durante o prato principal perguntou se eu estava bem. Eu assenti, dizendo estar apenas cansada.
- Estava pensando em irmos à casa do meu pai nesse fim de semana. Minhas irmãs querem muito conhecê-la. O que você acha?
Leonardo fazia planos. O que ele faria se soubesse o que aconteceu? Eu estremecia só de pensar.
- Seria ótimo. - disse com falso entusiasmo.
Ele continuou a falar, dizendo como era seu pai, suas irmas e sua falecida mãe. Eu murmurei palavras monossilábicas fingindo, mais uma vez, estar atenta ao que ele dizia.
E as horas iam passando...
Seguíamos para a pousada. Eu pensei estar pronta enquanto jantávamos. Leonardo começou a entrar com a moto na pousada. Não protestei.
"Eu preciso seguir adiante! Será que se eu ficar com ele e contar depois, Leonardo me perdoará?”.
Ele estacionou dentro de uma garagem da nossa mini suíte. Retiramos o capacete e descemos da moto.
- Eu vou até a recepção pegar as nossas chaves. Você fica aqui e espera? - ele perguntou aproximando-se de mim e abraçando-me. Eu correspondi ao abraço relutante.
- Fico sim.
- Nao demoro. - afastou se de mim e me puxou para beijá lo.
Tentou aprofundar o beijo, mas eu não o correspondi. Ele me olhou com confusão. Tratei de corrigir meu erro e rocei meus lábios nos dele. Ele deu de ombros. Deve atribuir minha estranheza ao meu nervosismo. Saiu e me deixou ali, na garagem do quarto, tensa. Caminhei para lá e para cá, procurando pensar em algo, viver o momento.
"Eu vou conseguir! Eu teria conseguido sem a intervenção de João Pedro. Agora que eu sei como é estar fisicamente com um homem será mais fácil. ",
E eu sabia que tudo o que eu pensava era ilusão.
- Júlia? - uma voz chamou, eu não me virei. Continuei a caminhar para fora da pousada rapidamente. - JÚLIA! - conseguiu capturar o meu braço, impedindo-me de prosseguir. Provavelmente pretendia me dar uma reprimenda, mas mudou de ideia ao ver os meus olhos marejados.
- O que houve? O que você estava fazendo? - perguntou aflito. Eu não consegui olhá lo por muito tempo. Coloquei as mãos em meu rosto, envergonhada demais. Queria parar o choro, mas nao consegui.
- Eu não posso... - murmurei. - Não posso.
- Júlia... - Leonardo tentou tirar minhas mãos para ver meu rosto, como não às tirei ele me abraçou. - Está assim pelo que iríamos fazer? Por Deus Júlia, se não está preparada nós nao faremos nada! Tudo no seu tempo. Eu não quero forçá-la a nada! - disse num tom aflito.
Eu o empurrei levemente, não querendo contaminar uma pessoa tão pura como ele com minha sujeira.
- Não é isso Leonardo. Não é por isso. - disse aos soluços. Ele estacou.
- Como assim "não é por isso"? O que você quer dizer? - perguntou obrigando-me agora a olhá-lo. Olhava me intensamente querendo saber o que se passava na minha cabeça. Eu pude quase ouvir o estalo, quando sua intuição certeira agiu. - Você pediu o divórcio para o João Pedro? - perguntou numa voz fraca. Meu rosto se distorceu em agonia. - Pediu Júlia? Foi para isso que você ficou afastada esse final de semana de mim, não é?
Eu fiquei calada, o choro preso na garganta. Leonardo me sacudiu e seus olhos mostravam desespero.
- O QUE VOCÊ FEZ COM ELE JÚLIA? TERMINOU COM ELE? BRIGARAM? POR QUE VOCÊ NÃO ME RESPONDE? - Lamar gritava enquanto me sacudia mais.
Nossa gritaria chamou a atenção de um segurança da pousada. Ele olhou para o segurança e suspirou. Tirou as mãos de mim.
- Vamos conversar dentro do nosso quarto. Você me deve no mínimo isso. - pegou minha mão e me puxou.
Não pude protestar, eu precisava contar a verdade. Meu coração batia descompassado, minha respiração vinha aos arquejos. Tinha a sensação de que a qualquer momento eu desmaiaria tamanho o nervosismo que eu sentia. Eu queria fugir desesperadamente de tudo, mas de Leonardo, pelo menos, eu não conseguiria fugir.
O mesmo, ao chegarmos ao quarto, soltou a minha mão. Ele se sentou em uma poltrona da ante-sala e olhou para o chão, as mãos tremiam. Eu fiquei de pé, próximo ao local onde ele sentou.
- Sente-se Júlia. - disse numa voz cansada. Continuei de pé, querendo correr dali. Ao ver minha hesitação, ele voltou seu olhar para mim, um olhar gélido que me fez estremecer. - Sente-se. - ordenou. Eu sentei (meus olhos nele) enquanto voltava a olhar o chão.
- Você o beijou ou algo assim? Por isso está tão diferente? - perguntou num tom casual, o que não era normal para a situação. Eu não respondi. Um soluço escapou pelos meus lábios, para ele era a resposta. Seu rosto mostrou assombro por alguns instantes e dessa vez ele me olhou.
- Você dormiu com ele. - falou e dessa vez não era uma pergunta. Ele sabia a resposta que eu diria.
- Sim. - falei com a voz falha. Leonardo fechou os olhos.
- Tudo se encaixa. Por isso nunca se separou apesar de tudo o que ele fez. Você sempre o amou. Mesmo depois de tudo o que ele disse e fez você... - levantou se num átimo, o que me sobressalto. - Vou levá-la para casa. - disse seguindo para a saída.
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"The contract" Adaptação Moju
FanfictionUm plano mirabolante envolvendo uma jovem pura e um ambicioso empresário. Júlia Mara Franco é envolvida em um esquema criado por João Pedro Mota acreditando que o mesmo a ama, mas a realidade é muito diferente disso. Mota precisava casar para poder...