Ergui minha mão enquanto a olhava com meiguice, desejo, paixão. Eu queria que ela confiasse em mim o suficiente para deixar fluir suas emoções e eu trabalharia para tanto. Júlia pegou timidamente a minha mão e assim eu a puxei para os meus braços. AH! Era tão bom abraçá la! Sentir seu corpo macio, perfumado e quente contra o meu era o frenesi. Não resisti e a beijei no ombro.
- João? - chamou enquanto eu continuei a passear com os lábios pela sua pele.
- Sim? - disse fracamente.
- Você não tinha problemas com lugares fechados? - OH MERDA!
- Bem... Eu... - murmurei sabendo que nada do que eu dissesse me tiraria daquela merda de situação! Eu pude ver quando a intuição aguçada dela percebeu.
- VOCÊ...! - Júlia me empurrou e apertou o botão de emergência fazendo o elevador voltar a funcionar.
- Eu menti por uma boa causa amor. Eu precisava conhecê-la e não sabia como me aproximar.
- BOA CAUSA O ESCAMBAL! EU QUASE MORRI DE PREOCUPAÇÃO NAQUELE DIA IMBECIL! - gritou e sua explosão de raiva não me preocupou, principalmente por ela confessar que se preocupou comigo.
- Poxa amor não fica assim! Nunca contou uma mentirinha para conhecer alguém por quem se interessava? - quando vi sua expressão eu soube qual era a sua resposta ante minha pergunta. - Eu acho que não.
Quando o elevador se abriu, Júlia passou por ele como um raio.
- Acho que não é um bom momento para convidá la para jantar, não é? - Perguntei. A mesma não se virou, mostrou apenas o dedo do meio.
Eu caí na gargalhada. Apesar do ato, nós estávamos nos dando bem.
...
- E por que você vai voltar? - perguntei a Ana Júlia do outro lado da linha. Eu a ouvi bufar.
- Por que meu irmão não contou nada para mim sobre como se entendeu com a esposa. Quero detalhes João! E eu vou tê-los quando chegar da fazenda. E a propósito você e Júlia estão convidados para um jantar que promoverei.
- Pode deixar. - disse tentando não rir da minha irmã teimosa. - Só não sei se Júlia irá, sabe como ela é quando se trata de convites seus.
- Isso era quando ela te odiava, mas ao que tudo indica vocês estão de bem agora. Ela só nao aceitava meus convites por que nao queria olhar para a sua cara enquanto comia.
- Obrigado pelas palavras gentis irmã. - disse com desdém.
- Ok João Pedro! Eu preciso desligar. Manda um beijo para a Júlia e tente convencê-la a ir no jantar que irei realizar.
Ana Júlia desligou. Definitivamente seria dureza encontrá la. Ela queria o quê? Me transformar em uma mulherzinha para contar com empolgação todos os detalhes picantes entre Júlia e eu?
Não seria bom falar, até por que do jeito que eu estava radiante eu corria o risco de falar empolgado como uma menininha.
Júlia...
Pensar em seu nome me fez querer vê-la, um desejo quase insano pela sua força. Olhei para uma planilha deixada por minha secretária em cima da mesa e inevitavelmente olhei para a tela do meu notebook com minha agenda eletrônica. Eu tinha tempo. Eu iria vê-la.
"Ela pode ter me privado da sua companhia na hora do almoço, mas não pode me privar de vê-la rapidamente. Espero que não esteja com raiva de mim"
Caminhei tranquilamente seguindo para o
local onde a mesma trabalhava ansioso como um pré-adolescente encontrando-se com seu primeiro amor. A ansiedade fazia com que eu me movesse mais rápido. E quando eu cheguei ao local onde Júlia ficava...CHOQUE
Um rapaz desconhecido estava sentado próximo a ela puxando conversa, sorrindo. Xavecando minha esposa. MINHA ESPOSA.
MAS QUE PORRA ERA ESSA?
Fiquei parado, olhando atentamente a cena. Ela sorria para ele, uma simpatia que só observei ela direcionar para uma pessoa: o tal Leonardo.
A raiva e o ciúmes me queimaram e fez com que meus músculos antes rígidos se movessem até mais perto. O olhar que os dois lançavam um para o outro poderia ser inocente, mas foi o suficiente para eu ser tomado pela cólera. Por que Júlia era simpática com o cara? Por que não era simpática comigo?
- Estou interrompendo alguma coisa? - disse próximo a eles, no lado do corredor.
Os dois se viraram para mim. Eu entrei no cubículo e olhei atentamente para o rapaz.
- Senhor Mota. - balbuciou o babaca. Levantou se e ofereceu a mão para me cumprimentar. - Oi. Eu sou novo aqui. Meu nome é...
Eu não olhava para aquele indivíduo, mas para
o seu crachá. Funcionário da empresa. Há! Seria fácil me livrar desse infeliz! Como ele, sendo daqui, poderia ousar se aproximar da minha esposa?- Gosta do seu emprego rapaz? - perguntei. Demetri parecia assustado finalmente entendendo a situaçao. Sorri. Ele iria se arrepender por ficar de papinho com minha esposa! - Que pena para você. - disse debochado e então puxei o seu crachá. Com suas informações ele iria para a rua hoje, agora mesmo.
Minha mão foi capturada por Júlia que pegou o crachá e devolveu ao rapaz.
- Agente se vê. - Júlia disse sorrindo. SORRINDO PARA AQUELE IMBECIL! Eu não merecia! O idiota pegou o crachá e saiu cambaleando, parecendo mais do que ciente do perigo que correu. Júlia voltou se para mim e pareciz insatisfeita.
- Que foi? - perguntei não entendendo sua postura.
- Não ouse demití lo. Ele não fez nada. - retrucou.
Ótimo, agora ela o defendia depois de ter sorrido para ele.
- Eu não diria isso pelo modo como ele a olhou. - falei azedo.
O que mais me incomodava de fato era o modo como ela o olhou e nao o contrário, mas eu não poderia criticá la.
- Pare de imaginar coisas! Você não pode... - coloquei meu dedo em seus lábios.
Não de novo. Não iria brigar e ter de suportar mais afastamento e mais uma noite sem ela.
- Não vim para discutir. Vim para convidá la para jantar. - sorri.
Esperava que minha postura aparentemente despreocupada não deixasse visível a tensão que eu sentia pela situação estressante de outrora. Eu precisava me controlar, o descontrole poderia custa muito caro para mim quando se tratava da mulher a minha frente.
- Caso você não tenha entendido mostrar o meu dedo do meio foi um NÃO.
- Mostrar o dedo do meio é um VAI SE FERRAR, mas não é um NÃO. - disse brincalhão.
Eu podia sentir que seu jeito ríspido de agora era uma coisa forçada.
VOCÊ ESTÁ LENDO
"The contract" Adaptação Moju
Hayran KurguUm plano mirabolante envolvendo uma jovem pura e um ambicioso empresário. Júlia Mara Franco é envolvida em um esquema criado por João Pedro Mota acreditando que o mesmo a ama, mas a realidade é muito diferente disso. Mota precisava casar para poder...