Não queria molhar os cabelos, mas estava grogue demais para me preocupar em prendê-los. Passei pouco tempo no banho. Vesti meu roupão, fui diretamente para o meu closet, peguei a primeira camisola que vi e fui para a cama. Me Joguei e não me importei se meus cabelos ainda estavam úmidos, ou se deveria me cobrir com um edredom.
Um barulho chamou minha atenção, após alguns minutos abri um pouco os olhos. As luzes do meu quarto estavam desligadas agora, mas a luz mortiça da Lua que entrava pela persiana de vidro mantinha o quarto iluminado. João Pedro deitava se em minha cama, o mais próximo possível de mim.
Ele nos cobriu com o edredom e ficou deitado de lado, em frente a mim. Puxou me para seus braços e não resisti, não tinha forças e, embora não admitisse a ele, não queria. Aspirei seu perfume. Beijos curtos eram depositados em meu rosto por ele.
Senti que um pouco do cansaço se esvaiu, mas não o suficiente para que eu abrisse meus olhos.
- Se você ficou próximo ao barzinho, o que ficou fazendo enquanto eu conversava com a Hellen?
- perguntei numa voz fraquinha.- Pensei que estivesse dormindo. - sussurrou apertando-me ainda mais contra seu corpo.
- Vou dormir quando você me responder...
- Eu entrei no bar e fiquei sentado bem afastado de você. Eu queria ter certeza de que você ficaria bem.
- Mentiroso. Queria ver se Leonardo estava lá... - suspirei; não consegui terminar meu sermão.
- Também. Não é pecado o que eu estou fazendo. Só quero garantir que tudo fique na santa paz como agora. Se eu puder evitar males como Leonardo ou qualquer outro, eu o farei.
- Isso soa meio terrorista. - murmurei e acho que sorri. Pude ouvir o riso baixo dele. Novamente ele me beijou no rosto, na testa.
- Mais alguma pergunta? Antes que você desmaie?
Havia sim uma pergunta que eu queria, não, que eu precisava fazer.
"João, por que você fez tudo áquilo comigo?" Pensei. Cheguei a balbuciar seu nome, mas não devo ter feito a pergunta.
Fui engolida pelo cansaço esquecendo-me que não gostava de dividir minha cama com ele e que eu nunca tinha minhas dúvidas respondidas por ele.
Pov's Mota
Tateei os lençóis a procura dela, mas não a encontrei. Vagarosamente abri os olhos e, quando percebi estar só, sentei em minha cama.
Mas o que... olhei envolta; nada.
Levantei e peguei um hobby de seda cobrindo assim minha nudez. Entrei em meu banheiro, mas não a encontrei. Olhei o relógio em cima do criado mudo. Já havia amanhecido e Júlia certamente já estava de pé para ir ao trabalho.
“Preciso me arrumar também." segui diretamente para o meu banheiro a fim de me preparar para mais um dia de trabalho.
Não era normal.
Se Júlia se levantou para se arrumar e assim ir ao trabalho, por que sua cama estava desarrumada? Olhei envolta, mas ela não estava em seu quarto. Um último retoque na minha gravata e segui para a sala de jantar onde o café da manhã provavelmente estava sendo servido. Foi lá que eu a encontrei. Magdalena e Eli estavam próximas a Júlia.
- Bom dia meninas. - disse. Magdalena e sua filha colocaram se em uma póstuma excessivamente formal.
- Bom dia senhor Mota. - disseram em unissono.
Júlia não me olhou. Eu poderia ser um pouco mais ousado após toda a intimidade que desenvolvemos, por isso capturei seu rosto com uma mão, erguendo-o, e a beijei. Sorri ao ver a expressão chocada dela.
- Bom dia meu amor. - falei docemente. O rosto da mesma assumiu um bonito rosa. - Como você está Eli? - perguntei sentando-me ao seu lado. Magdalena aproximou se e veio me servir.
- Eu estou bem senhor. Obrigada pelo dia de folga para minha mãe e eu. Graças a isso eu pude me recuperar. - Eli disse.
- Mas você está bem? Se quiser mais dias eu posso conceder a você e a sua mãe.
- Não se preocupe, eu estou bem senhor. ela me garantiu.
- Bem agora voltaremos à cozinha. - Magdalena disse puxando Eli pelo braço em direção a cozinha.
Certamente ela estava fazendo isso para nos deixar a sós, ela deve ter captado aquela atmosfera de doçura que nos envolvia (se bem que a doçura era só minha. Júlia nunca demonstrava). Decidi sondá-la na tentativa de entendê-la, a começar pelo estranho ato de dormir em seu quarto; saber exatamente por que ela estava tendo dificuldades em permitir o crescimento de intimidade entre nós.
- Não encontrei você ao meu lado. Fui ao seu quarto e notei que a sua cama estava desarrumada. Você dormiu lá? - apesar da forma despreocupada com que eu falei, eu estava ardendo de curiosidade.
Eu conhecia a antiga Júlia , eu conheci a Júlia raivosa após dois meses de casamento, mas eu não conhecia essa nova Júlia que era uma junção das duas.
- Eu só consigo dormir em meu quarto. - murmurou olhando para a cozinha, querendo uma desculpa para não falarmos no assunto.
- Você não está com uma expressao boa no rosto. Parece que quase nao dormiu.
A mesma suspirou e disse:
- Não dormi nada. - de fato ela não parecia bem, tinha olheiras profundas e parecia gastar muita energia até para respirar. Coloquei a mão sobre a sua.
- Então seria melhor você ficar e descansar amor. - sugeri preocupado. Eu sabia o que ela diria antes mesmo que ela pronunciasse as palavras.
- Eu estou bem, além disso, tenho trabalho acumulado. Agora que a Bela não está lá tenho mais trabalho. - levantou.
Apesar de cansada, Júlia parecia ansiosa; ansiosa para se livrar de mim. Eu sabia que deveria ser paciente com ela. Após tudo o que sofreu pelas minhas mãos, eu não conseguiria recuperar rapidamente sua confiança.
- Ei. Já vai? - perguntei segurando-a pela mão. - Eu não vou demorar com o café. Pode me esperar um pouco? - deixei um pouco da minha irritaçao transparecer. Ela me fitou por alguns instantes e então voltou a se sentar. - Já que está tão cansada e se recusa a ficar aqui, deveria ir comigo para a empresa ao invés de ir de moto. Pode ser perigoso. - sugeri preocupado com seu bem-estar e ao mesmo tempo querendo sua companhia. Júlia pareceu refletir sobre o meu pedido.
- Tudo bem. - disse.
Eu tinha que admitir um progresso considerável em suas atitudes.
Seguíamos para o estacionamento do condomínio para irmos à empresa no meu carro. Eu segurava gentilmente a mão dela deliciado com aquele simples ato.
Apesar de estarmos em completo silêncio, não era um silêncio desagradável como das outras vezes.
Entramos no carro e seguimos para a empresa. Notei que ela olhava muito sua aliança, aliança esta que coloquei em seu dedo na noite passada. Eu não sabia o que estava pensando, mas eu esperava que fosse algo bom sobre nós dois.
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"The contract" Adaptação Moju
FanficUm plano mirabolante envolvendo uma jovem pura e um ambicioso empresário. Júlia Mara Franco é envolvida em um esquema criado por João Pedro Mota acreditando que o mesmo a ama, mas a realidade é muito diferente disso. Mota precisava casar para poder...