- Diga seu preço.
- Acho que podemos começar com dois mil dólares. - Júlia disse. Sorri. Se ela soubesse que gasto isso quando compro gravatas para mim...
- Você não é nem um pouco gananciosa. Poderia ter pedido um pouco mais. - falei enquanto passava o cheque para ela. Ela o pegou, dobrou, e colocou em seu decote.
Acompanhei seu movimento sem perceber.
- E então, vamos? - sua voz soou acordando-me de meu devaneio.
Ela entrou no carro e em seguida fechei a porta. Claro que Júlia agiu com indiferença o caminho todo até a empresa. Olhava para fora da janela. Não quebrei o silêncio. Eu a olhei de esguelha, suas roupas atiçavam - me e certamente atiçariam outros funcionários. Quando chegamos à empresa, fui logo tirando o meu paletó. Não abri as travas de propósito sabendo que, se o fizesse, Franco escaparia.
- Pode abrir a porta para mim? - virou se para mim. - O que está fazendo? - perguntou surpresa com meu ato.
- É pra você. - passei o paletó para ela. - Caso não tenha percebido suas vestimentas estão em desacordo com o código da empresa. - falei frio. Ela iria estranhar meu ato, mas eu não estava nem aí.
- Ao invés de criticar minhas veste por que não dá o seu paletó para ela? - apontou para fora do carro, avistei Kate. Merda! Ela está completamente fora dos padroes. disse e saiu. Suspirei frustrado.
Enquanto saia eu notei a tensão entre as duas. Kate nunca gostou de Júlia , mesmo que Franco nunca tenha feito nada por ela. Estudei os fatos.
Kate a olhou dos pés a cabeça surpresa com as vestimentas ousadas de Júlia. A mesma notou o rápido estudo de Kate e sua cara antipática para com ela. Franco procurou ignorá la caminhando casualmente. Kate a olhou com fúria. Júlia parou.
- O que é? Cara feia pra mim é fome! - disse e saiu.
Eu não me aguentei. Reprimi fortemente uma gargalhada e quando Júlia estava longe demais para ouvir eu ri com vontade. Kate me olhou mortiferamente.
- Por que está rindo? E o que deu na pirada da sua esposa? - esbravejou. Dei de ombros.
- Não sei. Ainda estou tentando entender. - caminhei e Kate prontamente passou a caminhar ao meu lado.
- Por que ela estava toda emperiquitada? Por um acaso está tentando seduzi-lo já que você não dá a mínima pra ela? - ela perguntou retoricamente. Eu estaquei.
Não pensei nessa possibilidade, que esse jeito todo de Júlia fosse para chamar minha atenção. Mas se era esse o objetivo por que ela era fria, ríspida, até ignorante comigo? Estaria ela querendo agradar os meus olhos ou os olhos de outra pessoa? A desconfiança me tomou. Ela saia por aí, talvez estivesse com alguém...
- Mota, que cara é essa? - só então notei que estava parado, olhando para o chão e Kate me sondava com o olhar. Procurei me recompor.
- Não é nada.
Franco estava estranha, mas minha reação as suas mudanças era mais estranha ainda. Eu não estava mais surpreso com ela, mas comigo mesmo. Eu deveria agradecer aos céus por ela me ignorar, era tão mais fácil conviver com alguém que não ligava para você! Mas ao invés disso eu estava inquieto, frustrado, tenso, furioso... Um jorro de sentimentos que me açoitavam.
Como pude deixar Júlia Franco me modificar desse jeito?
- JOÃO PEDRO ! - a voz de Kate soou. Tapei meus ouvidos.
- Não grita - ordenei.
- Então pare com isso! Por que está aí todo bobo? É por causa daquela songa monga que agora quer se produzir?
- Kate, se não calar a boca, ou eu faço isso por Você. - ameacei.
Ela calou se. Segui com meus compromissos, mas nao consegui me focar inteiramente nisso. Eu me arrependi de ter pagado para Júlia aceitar uma carona minha, mas não estava muito racional naquele momento.
Kate estava furiosa comigo, mas calou se. No entanto eu a conhecia e sabia que a qualquer momento ela iria se manifestar. Dito e certo. Quando estávamos no horário do almoço ela despejou.
- Tá assim por causa da Júlia ?
- Não Kate. Tire essa ideia ridícula da cabeça. - disse tranquilo enquanto olhava minha caixa de e-mails.
- Não negue Mota. Parece até que... Que você está apaixonado por ela.
As palavras de Kate me paralisaram. Eu fiquei perplexo por alguns minutos. Eu nunca pensei nessa possibilidade, nunca. Era absurdo! Eu nunca me apaixonei e não seria agora que me apaixonaria. Levantei me e olhei com fúria para Kate, ela se encolheu.
- João? - perguntou quando viu que eu me aproximava dela. Peguei sua mão com força.
- Vou mostrar para você como está errada! - disse ríspido e sai rebocando Kate de minha sala.
Ignorei os olhares lançados para mim, os demais funcionários estranhariam minha atitude. Afinal eu era casado e estava de mãos dadas com minha secretária. Não me importei. Que vissem e falassem para Júlia! Que ela se revoltasse com meu ato e aproveitasse para pedir o divórcio! Eu não estava nem ai!
- Mota, o que está fazendo? Aonde vamos? - ela perguntou atordoada com meu ato.
Eu devia estar agindo como louco e ela estava alarmada achando que eu iria bancar o psicopata.
- Para um motel. - falei frio. Ela sorriu sensualmente. Claro.
Assim que passamos pela porta Kate foi se desvencilhando das próprias roupas e veio me beijar. Eu a tomei com ferocidade chegando a machucá la, mas Kate não reclamou. Eu a joguei
na cama.Kate, trajando apenas lingerie, veio me beijar no pescoço enquanto eu tentava retirar meu paletó. Por alguns instantes eu me deixei envolver pelo erotismo daquele momento querendo apenas retirar minhas roupas e me deliciar com o corpo de Kate. Mas quando fui abrir meus olhos após retirar a gravata e o paletó, quando tentei olhar para Kate eu vi outra coisa.
- DEUS! gritei afastando-me. |
Os cabelos Loiros que antes vi espalhalhados pelo travesseiro foram tornando-se Morenos e entao a imagem que tive de Júlia na cama voltou a ser Kate. |
- O que há amor? - perguntou. Eu peguei meu paletó no chão assim como a gravata e me vesti.
- Vamos embora. - disse.
- O QUE? COMO Assim? - Kate reclamou; eu ignorei suas reclamações.
Deixei Kate na empresa pedindo para que adiasse meus compromissos e sumi com o carro. Eu precisava ficar só para pensar, para tomar decisões. Eu não sei. Eu estava preso em um turbilhao de sentimentos, um lugar caótico. A única alternativa para esquecer tudo encontrada por mim foi beber.
Não sei quanto eu bebi, só sei que consegui chegar em casa sem bater meu carro em algum poste. Ainda sim eu estava zonzo, mal conseguia ficar de pé. Nas mãos tinha uma garrafa de vodca que nao havia aberto. Eu a abri quando estacionei meu carro e fui bebendo enquanto seguia para a minha cobertura.
Júlia não estava lá naturalmente. Onde deveria estar? Em algum lugar me colocando um belo par de chifres? Eu sentei no sofá e bebi todo o conteúdo. O problema era que antes de terminar a garrafa eu perdi a noçao de tudo, entrando na inconsciência.
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"The contract" Adaptação Moju
FanfictionUm plano mirabolante envolvendo uma jovem pura e um ambicioso empresário. Júlia Mara Franco é envolvida em um esquema criado por João Pedro Mota acreditando que o mesmo a ama, mas a realidade é muito diferente disso. Mota precisava casar para poder...