"Merda! Como ela soube?"

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- Ei, já vai? - perguntou segurando-me pela mão. - Eu não vou demorar com o café. Pode me esperar um pouco? - notei a irritação na voz.

Sentei em minha cadeira. Eu não queria discutir por isso o obedeci sem hesitar.

- Já que está tao cansada e se recusa a ficar aqui, deveria ir comigo para a empresa ao invés de ir de moto. Pode ser perigoso. - Ele sugeriu. Meu corpo se preparou para recusar, era automático. Respirei fundo, eu precisava tentar ser um pouco mais... Amável.

- Tudo bem.

Eu me sentia tão estranha! Aquele João Pedro era um completo desconhecido para mim. Agora mesmo pegou minha mão enquanto me olhava e sorria. Fomos de mãos dadas para o estacionamento sem dizer nada para o outro. Ele abriu a porta do carro para mim, seu luxuoso carro que ainda me intimidava, e logo estávamos seguindo para a empresa.

Seu rosto era risonho, feliz por eu não estar sendo tão difícil. Enquanto suas mãos estavam no volante, eu olhava para minha mão esquerda, para a grossa aliança no dedo anelar.

Seria real? De fato João Pedro e eu seríamos felizes para sempre, como acreditei no dia em que me casei com ele? Poderia alguém que antes parecia desprezá la amar você a tal ponto e mudar completamente?

Por que ele me submeteu a toda essa confusão?

- Chegamos. - Mota disse desafivelando o seu cinto de segurança.

Olhei em volta só agora notando que nós estávamos no estacionamento da empresa, na vaga reservada a ele. Retirei meu cinto de segurança e peguei minha bolsa no banco de trás. Tentei sair, mas não consegui abrir a porta. Notei que a trava estava fechada.

- João, você pode abrir a porta pra mim? - pedi. Como não vi nenhum barulho que indicasse que o mesmo estava acatando meu pedido, virei para olhá-lo. Ele me olhava com expressão maliciosa. Assustei me. - O que foi?

- Abro a porta... Se você me der um beijo. - disse numa voz baixa, sedutora.

Congelei. Eu sabia do poder de sedução do mesmo, eu fui seduzida por ele quando eu não era nada para ele. No entanto eu nunca senti tanto seu poder de sedução como agora.

Fiquei parada, os olhos nos olhos castanhos dele. Ele subitamente pegou minha mão e me puxou para a prisão dos seus braços. Antes que eu pudesse dizer algo, me beijou de um jeito intenso, poderoso. Seus lábios moviam se com força, suas mãos em mim, prendendo-me mais a ele.

Uma mão puxava gentilmente meus cabelos bagunçando-os enquanto a outra estava na base das minhas costas me apertando contra seu corpo mais e mais. João Pedro foi se inclinando, deitando-se sobre mim.

Nossas línguas dançavam de um modo único, intimo. Minhas mãos, até então paradas, migraram para sua nuca e quando eu pretendia puxá lo para mim... Um barulho de buzina soa. |

Assustada, eu o afastei. Ele me olhou contrariado, mas como o barulho de buzinas estava mais e mais evidente, afastou se. Olhei para os lados e notei que o estacionamento estava movimentado.

- Droga. - murmurei tentando consertar com os dedos o caos que era o meu cabelo. Eu podia sentir os olhos dele em mim.

- Não sei o porquê do estresse. Somos marido e mulher. É perfeitamente normal um casal...

Ergui a mão e o mesmo se calou.

- Não começa. Eu preciso ir. - disse e sai do carro. Ele logo saiu. Caminhou lado a lado comigo.

- Por que está brava comigo? - perguntou.

Apressei o passo. Não queria que ele visse o quanto meu rosto estava corado e o quanto eu estava constrangida. O mesmo apressou o passo mais ainda e ficou de frente para mim, olhando meu rosto vermelho como pimentao e o modo insistente como eu fitava o chão.

Ouvi sua risadinha e então voltou a caminhar ao meu lado. Apertei o botão do elevador e quando ele fez menção de entrar comigo, eu o barrei com o braço.

- Você é um executivo. Seu elevador é o outro ali, mais luxuoso. - apontei para o elevador ao lado. Ele olhou para seu luxuoso elevador especulativo.

- Pego aquele elevador se você jantar comigo. - seu corpo estava inclinado em minha direção, às mãos prendendo a porta. Suspirei.

- Não posso prometer. Estou com sono, ao final da noite estarei acabada. - Ele não poderia me contestar achando que eu o evitava, estava claro que eu estava incrivelmente cansada.

- Você definitivamente deveria ficar descansando em casa. Se forçar desse jeito não é nada bom. - disse preocupado.

- Vou ficar bem com um pouco de café. - eu o vi entrar no elevador e apertar o botão do nosso andar. Bufei.

- Nem adianta reclamar. Eu disse que pegaria meu elevador se você aceitasse sair comigo e você não aceitou. - sorriu enquanto encostava se nos fundos do elevador.

Um barulho soou e mais duas pessoas entraram. Ficaram surpresas ao ver eles, o cumprimentaram e cumprimentaram a mim também. João Pedro me puxou pelo braço para mais perto dele. Seu toque me passava confiança, tranquilidade, pelo menos foi o que eu senti naquele momento. Claro que quando eu saísse tudo voltaria a ser desconfiança e caos.

O mesmo me acompanhou até o meu cubículo. Eu me movia devagar, como uma velha, e sentei em minha poltrona pesadamente. Liguei meu computador e deixei minha bolsa em cima da minha mesinha.

- Júlia... - Mota chamou, mas uma voz feminina nos interrompeu.

- Senhor Mota, Bom dia. Estava a sua espera. Há uma reuniao importante agora. - era a secretária dele. João Pedro suspirou e me deu um sorriso meio tristonho.

- Preciso ir, nos vemos a noite. - aproximou-se de mim e me beijou nos lábios.

Desapareceu para dentro de sua sala.

...

- Merda! Como ela soube? - perguntei a Duda.

- Não sei Júlia. Acho que o Leonardo deve ter falado. Bela me ligou três vezes, disse que não conseguiu falar com você. - disse e se ocupou em comer mais um pouco de sua salada.

- Ótimo, Izabela soube e não foi pela minha boca. - Ela iria me matar quando soubesse com detalhes como deixei alguém tão bom como Leonardo para ficar com João Pedro, o ex patrão que ela odiava. Mexi distraidamente minha comida com o garfo.

- O que eu devo dizer a ela? Não estou querendo ouvir o que eu já sei, que fiz uma grande besteira.

- Simples: diga a Bela que seu maridinho é bem dotado e bom de cama. Ela vai parar de criticá la. - Duda disse tranquilamente. Fiquei vermelha como um pimentão.

"The contract" Adaptação MojuOnde histórias criam vida. Descubra agora