"Estávamos presos, AÍ MEU DEUS"

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Pov's Júlia

Sonhei com João Pedro. Não era a primeira vez, mas..
Estranho dizer que nem nos meus sonhos eu era
feliz. Em meu sonho eu via Mota, lindo como sempre, trajando um blazer preto.

"João?- eu o chamei uma, duas, três vezes. Eu o
vi se afastar cada vez mais e então desaparecer.
Algo que eu já estava acostumada a ver, João Pedro estava sempre fora do meu alcance. Ainda sim foi doloroso e eu acordei, como sempre, com os olhos marejados.

Mais um dia no meu tedioso trabalho. A única
diferença dos outros dias é que eu estava atarantada
com trabalhos. Eu não era a única, Bela também
estava super ocupada. Ainda sim ela arranjou tempo enquanto trabalhávamos em nosso cubículo para falar sobre o seu relacionamento intenso com Gustavo e como até mesmo Duda  conseguiu ficar com alguém.

Eu ouvi a tudo e falei quando necessário,
mas senti algo estranho, uma pressão no peito.
Durante a minha ida ao refeitório eu entendi o
que era: eu estava triste. Todas as minhas amigas, poucas eu admito, estavam seguindo com suas vidas. Iriam se casar e teriam filhos, teriam uma vida.

Eu não. Eu estava parada enquanto todos seguiam com suas vidas e este pensamento me sufocou. Ainda sim fingi estar bem ou pelo menos normal e ninguém pareceu perceber que eu estava deprimida.

- Hei Júlia,que tal saínmos?- Duda perguntou.
Ela já havia acabado seu trabalho e estava na minha divisória. Eu arrumava meus pertences em minha pasta. Bela conversava animadamente com Mike pelo seu celular, do lado de fora de nossa divisória.

-Obrigada Duda, mas vou para casa. Hoje foi um dia cansativo. - disse. - Você vai sair com Bela?

- Sim. Vamos nos encontrar com alguns amigos.
Duda disse levemente rubra.
Deduzi que os amigos que ela se referia eram Gustavo, namorado de Bela, e o cara com quem Duda estava ficando. Certamente eu seria um candelabro e tanto!
Espero que se divirtam. - disse e afastei-me. -Vou
sair antes que Bela tente me arrastar para sair. -
pisquei para Duda , a mesma sorriu.

Caminhei para fora da divisória, por trás de Bela, e segui para o elevador destinado aos funcionários.
Caminhei para o elevador, estava tão cansada que mantive meus olhos fechados boa parte do percurso enquanto arrastava-me para lá.

Entrei, apertei o botão do térreo, ou pelo menos achei que apertei, e encostei-me no fundo do elevador. Quando eu abri meus olhos, após um longo suspiro, eu estaquei.

João Pedro estava no mesmo elevador que eu, o que era estranho já que aquele elevador era apenas para empregados comuns. Os altos executivos usavam um elevador muito mais opulento.

Ok, eu deveria agir normalmente. Ele nem sabia
quem eu era e que estava no elevador junto a ele. Estava de costas para mim e falava ao celular. Fiquei encolhida em um canto do elevador o mais distante dele, meus olhos nele. O cheiro de sua colônia tomou rapidamente o pequeno espaço.

Subitamente Mota, com o celular ainda no ouvido, encostou-se ao fundo do elevador sem olhar para mim.
Desviei meus olhos e os fechei. Eu não queria ficar olhando-o como uma idiota. Eu sabia, pela demora, que logo estaríamos no térreo.

Uma parte de mim queria fazer algo. Puxar  assunto. Eu era covarde
demais para isso. Resignei-me a sentir seu perfume
e mais nada e então...
O elevador para.

Abri meus olhos e notei que a porta estava
fechada então nós não havíamos chegado.
Estranhei. João Pedro parou de falar ao telefonee olhava a porta. Aproximou-se dos botões e os apertou freneticamente.

- Que droga! Parece que o elevador parou.- ele
murmurou para si, certamente.
Eu fiquei parada. Mota mexeu no seu celular, parecia ligar para alguém. Após alguns minutos alguém do outro lado da linha do celular de João Pedro atende.

- Kate, o eleva.. Alô? Al6? - Mota afastou ocelular
do ouvido. Murmurou silenciosamente um "bosta" e encostou-se novamente ao fundo do elevador.

Mantive meus olhos no chão enquanto meus pés
batiam impacientes no piso. Mota virou-se e olhou para mim.

- Estamos presos neste elevador. Você teria um
celular para avisar que estamos presos aqui? Meu celular descarregou.
O que? Estávamos presos? AI MEU DEUS!

- Não eu.. Eu não tenho celular. - murmurei
enquanto caminhava e apertava freneticamente os botões.
Isso não devia estar acontecendo, mas por um lado..
Um sorriso brotou em meus lábios. Claro que Mota não viu, eu estava de costas.

- Alguém vai perceber que o elevador parou. Ë só nós esperarmos um pouco mais e.. - ouvi um arfar e virei-me para ver João Pedro.
Por reflexo eu consegui pegá-lo antes que mesmo caísse estatelado no chão.

Seu peso me desestabilizou e acabei me ajoelhando no chão com Mota em meus
braços.

- Se-senhor Mota? O-o que está acontecendo?
- perguntei trêmula. João Pedro respirava com dificuldade.

- Eu.. Eu sou claustrofóbico. - disse enquanto seus braços abraçavam-me pela cintura, sua cabeça tombando até ficar na curvatura do meu pescoço.
Minhas mãos se moveram para suas costas, eu as acariciei.

"The contract" Adaptação MojuOnde histórias criam vida. Descubra agora