"Naquela noite eu perderia a virgindade"

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Maratona = (5/15)

- Tédio. - falei dando de ombros. - Mais alguma cosia querida? - perguntei e meu sorriso vitorioso a enervou mais, deu para notar.

- Tudo bem. Eu não vou misturar o pessoal com o profissional. Se for o melhor para a empresa então tudo bem. - disse e saiu furiosa da minha sala. Eu sorri abertamente.

Eu estava me sentindo bem. Apesar da fúria dela, eu estava bem. Iria observar Júlia para ter certeza de que ela não estava mais flertando com ninguém por aí e, caso a tal Duda estivesse envolvida, eu a demitiria também. Eu sabia que agia como um louco, mas a racionalidade já havia me abandonado desde que Júlia Franco entrou em minha vida.

De tão tranquilo que estava eu nem me preocupei em seguir ela após o expediente. Ao constatar que nao estava mais na empresa, segui direto para casa. Eu fiz bem em seguir por que, assim que cheguei, vi Kate no estacionamento. Ela estava descabelada, o rosto inchado de tanto chorar, as roupas amassadas.

- E lá vamos nós. - murmurei estacionando o carro na minha vaga.

Quando sai do carro, eu fui atacado.

- SEU FILHO DA PUTA! CRETINO! - gritou socando-me no peito. Eu a empurrei.

- O que você esperava? Hum? Que eu casasse com você e a transformasse em uma princesa? Você não é nenhuma criança Kate!

- VOCÊ ME USOU! - gritou vindo para cima de mim.

- Você também me usou. Usou meu status, meu dinheiro. Você nao gosta de mim, gosta das coisas que eu proporcionava. Não venha bancar a santa comigo Kate.

- Você precisa de mim!- falou numa voz mais controlada.

- Não preciso mais.

- Eu vou contar a ela. quando Kate disso isso, eu congelei. - Eu vou contar à aquela vadia!

Procurei me controlar. Se eu mostrasse o que sentia, Kate iria me arruinar.

- Fale. Facilitará as coisas para mim. - falei com desdém. - Pegue seu dinheiro amanhã e vá para o seu novo trabalho na segunda. Sim, eu consegui um ótimo trabalho para você. Como forma de pagar seus préstimos. Seja feliz Kate.

Ela ficou parada me olhando. Minutos se passaram. Deu um meio sorriso e caminhou para a saída.

Senti um alívio com Kate. Dois problemas estavam fora do meu caminho. Agora eu tinha que me concentrar em me aproximar de Júlia . Seria difícil, mas eu conseguiria.

Eu tinha que conseguir.

Uma pequena parte de mim gritava dizendo que eu estava fazendo tudo errado, mas eu não conseguia ouvir esse meu outro lado. Não se meus planos estivessem me aproximando dela .

Eu amava Júlia Franco e iria têla custe o que custar!

Tomei um bom banho. Comi o jantar preparado
por Magdalena e Eli. Escovei meus dentes. Assisti televisão. Deitei em minha cama enquanto a esperava. Logo ouvi os barulhos que denunciavam sua chegada, mas não sai do quarto. Eu esperava que ela dormisse só assim eu poderia ficar próximo a ela.

Uma da manhã. Duas da manhã.

Levantei da cama e segui a passos silenciosos para O quarto de Franco.

Como previ já estava dormindo, muito bem coberta pelo seu edredom devido ao frio que fazia. Lentamente, silenciosamente, eu me deitei ao seu lado. Não era a primeira vez que eu fazia isso, deitar ao seu lado e imaginar como seria quando eu tivesse essa liberdade com ela acordada. Ergui a mão e aproximei o máximo possível de seu rosto.

Fingi que o acariciava. Eu queria sentir sua pele... Ah! Tantas coisas eu queria! Consegui pegar sua mão sem despertá la e a coloquei no meu rosto. Procurei ficar bem próximo dela e relaxei.

Fechei os olhos e me deixei levar pela possibilidade de te-la como minha mulher, algo que logo aconteceria.

Pov's Júlia

Sábado

Alguns dias, poucos, se passaram. Eu evitava João Pedro. Nao importa os motivos que ele apresentou para a demissão de Bela, eu não conseguia engolir. Felizmente ele me deu espaço, mas quando eu o olhava, ele sorria triunfante.

Por que ele tinha aquele sorriso? Será que ele desconfiava que eu fosse pedir o divórcio e estava feliz com isso? Era bem provável

Não importava. Ainda que eu estivesse prestes a fazer o que ele queria, pedir o divórcio, eu seguiri: com o meu caminho. Leonardo já havia comprado os ingressos para assistirmos a uma peça de teatro e feito reservas em uma pousada. Estava tudo pronto, inclusive minhas coisas para passar dois dias longe de casa, com ele.

Fui para a empresa de moto, acabei saindo antes de João Pedro. O mau humor tomou conta de mim quando cheguei ao meu espaço e encontrei a mesa de Bela vazia. Como Leo prometeu, ele e Gu conseguiram um emprego para ela na empresa concorrente. Fiquei feliz, e aliviada, com a notícia. Senti uma pontada de inveja. Eu também queria me livrar do meu emprego. Após o divórcio não queria olhar mais para a cara do Mota.

Confesso que estava tensa. Tensa por que
naquela noite eu perderia a virgindade com o
meu namorado e não sabia nada sobre sexo, não
na prática pelo menos. Procurei afastar esses pensamentos e o trabalho foi uma ótima fuga. Ainda sim o nervosismo estava ali em algum lugar dentro de mim.

- Izabela está bem. Graças a Gustavo e Leonardo ela tem um emprego e vai receber até um pouco a mais do que recebia aqui. - Duda disse. Parei de beber meu suco para falar.

- Ainda sim eu me sinto culpada. Ninguém tira da minha cabeça que João Pedro fez isso com ela por minha causa.

- Ora Jú deixe disso! Bela também tem sua parcela de culpa.-  disse. Procurei me resignar. - Vamos mudar de assunto. Vamos falar nos seus planos para essa noite.

Eu sorri assim que minha amiga trouxe o assunto.

- Está tudo pronto. Liguei para ele ontem. Vamos nos encontrar no teatro e, após isso, iremos para uma pousada. Vou ficar com ele até domingo.

- E o que vai fazer quando chegar à sua casa? - Duda perguntou retoricamente, ela já deveria imaginar o que eu responderia.

- Vou arrumar minhas coisas e ir para a casa do Léo até eu conseguir um espaço pra mim. - Bela me disse que logo desocupará meu apartamento. Vou esperar até que ela encontre um lugar pra ficar.

- Parece que as coisas estão se ajeitando para você. Isso é muito bom.

- É bom mesmo. Eu vou me libertar. A partir de hoje, quando eu estiver com Léo, eu vou me libertar de João Pedro Mota.

- Meninas! a voz feminina soou interrompendo minha conversa

Viramos surpresas e nos deparamos com Bela vindo em nossa direção, no refeitório, risonha.

- Bela! O que está fazendo aqui? Não deveria estar trabalhando no seu novo emprego? - perguntei feliz por ver minha amiga. Ela se sentou em nossa mesa e roubou uma batata frita do prato de Duda.

- Meu trabalho começa na segunda. Vim pegar o que o Mota Filho da Puta me deve. - falou e sua voz mostrava a sua revolta.

Até agora eu não tinha perguntado a ela o que João Pedro disse, mas senti, pelo modo como se comportava que era um assunto que ela não queria falar.

"The contract" Adaptação MojuOnde histórias criam vida. Descubra agora