Tomei banho, me vesti e sai para a cozinha. Comi algo rápido e Julia e eu iríamos para a empresa com em todos os dias desde que casamos. Caminhei despreocupado certo de que A mesma devia estar inconsciente na cama, ela havia ingerido muito álcool afinal. Para a minha surpresa encontrei com Júlia na mesa de jantar onde o café fora servido pelas empregadas.
Ela lia um jornal, parecia despreocupada e sonolenta. Lembrei de minha preocupaçao e isso me deu raiva. Enquanto eu pensava que algo
havia acontecido a ela, Júlia curtia a vida!Sentei na cadeira, próximo a ela. Ela não estava mais clamorosa, sem maquiagem, os olhos inchados pela falta de sono, as velhas roupas feias que usava para trabalhar... Mas havia algo de diferente nela.
- Ah então acordou cedo... Estou surpreso! Com a bebedeira de ontem pensei que teria que acordá la também! - falei sarcástico. Ela nem sequer me olhou. Seus olhos em alguma materia do jornal. Aquilo me enervou ainda mais. - Hei, está me ouvindo? Bebeu tanto que afetou sua audição? - disse querendo atenção, querendo explicações, querendo que ela agisse de alguma forma. Com toda a calma do mundo, olhando-me com indiferença, ela me encarou.
- Está falando comigo? Ah é que estou tão acostumada a ser ignorada que não notei. - falou. Eu congelei.
O que Júlia havia dito mesmo? Ela realmente foi sarcástica agora?
O que havia acontecido com a Júlia apática que eu estava acostumado a lidar? Quem era essa estranha? Ela levantou - se e pegou a bolsa em cima da mesa enquanto eu tentava compreender o que se passava com ela.
- Aonde vai? - perguntei. Nem sequer me olhou.
- Trabalhar - disse. Não parou seus passos.
- Você sempre vai comigo. - falei alterado. Eu deveria deixa - la ir, era o correto de acordo com meus planos, mas não consegui. Ela se virou e lançou um olhar zombeteiro.
- Odeio as músicas que você ouve naquele carro, prefiro as músicas escolhidas pelo motorista de ônibus. - falou e saiu.
Fiquei atônico por alguns instantes, encarando a porta. E apenas uma pergunta ecoava na minha mente:
- O que diabos fizeram com a Júlia?
...
- Bom dia amor. - Kate disse, eu passei direto por ela. - Hei, não me ouviu? - perguntou atrás de mim.
Eu caminhei apressado para minha sala, mas antes passei pelo setor da contabilidade. Logo eu a vi conversando com sua amiga, toda despreocupada.
Maldição! Eu me refugiei em minha sala não permitindo nem mesmo a entrada de Kate. O que mais me irritava é que eu não deveria ligar para o que Júlia Franco faz com a sua vida, mas lá estava eu ligando.
"Isso não deve ser nada. Daqui a pouco ela volta ao normal" pensei na tentativa de me oferecer conforto.
- Hei, posso entrar? - ouvia voz de Kate do lado de fora da minha sala.
Abri a porta. Ela passou furiosa, mas quando viu minha cara de poucos amigos se conteve.
- Que bicho te mordeu hoje? - perguntou enquanto eu seguia para a minha mesa a fim de sentar.
- Nada. Vamos ao que interessa. Quais os meus compromissos de hoje?
- Agora será a reunião para a escolha do presidente interino enquanto você não assume o cargo. Será na sala de conferências ao lado da sua sala. - falou com os olhos em minha agenda.
- Que seja. Vamos então.
...
A reunião foi um saco, um bando de bajuladores loucos para que eu os escolha a assumir o papel de presidente por algum tempo enquanto eu nao assumo. Escolhi Charles, o menos bajulador de todos que meu pai vivia gabando.
Após isso assinei papéi assisti apresentações de funcionários, um dia muito agitado. Foi bom manter a mente ocupada, mas bastou chegar a hora do almoço para que meus pensamentos acabassem nela.
Após nosso casamento, Júlia costumava insistir para almoçarmos juntos. Eu sempre me esquivei dos seus pedidos. Agora que ela parecia possuída por algum espirito corrupto era bem provável que desaparecesse. Dito e feito! Nao a vi em seu posto, mas não demorei a encontrá la. A mesma foi para o refeitório com duas colegas de trabalho.
Engraçado, eu nem sabia que a garota tinha vida social que não fosse um bicho de estimação. Conversava animada com as amigas e me pergunte se aquelas duas garotas teriam acompanhado Franco na sua empreitada ontem à noite. O que estariam conversando? O que Júlia teria feito na sua saída?
Eu não queria saber, mas a curiosidade verdadeiramente ardia em mim. Teria ela descoberto algo sobre o contrato? Por isso agia assim?
"Não tem como ela saber! A não ser que Ana Júlia tenha contado, o que eu duvido." pensei com satisfação deixando o refeitório e voltando a minha sala.
“Talvez esteja finalmente com raiva pelo modo como tenho tratado ela, deve estar fazendo isto para chamar atenção." especulei enquanto caminhava pelos corredores ignorando a cobiça nos olhos femininos que me acompanhavam.
Se Júlia queria chamar a atenção ela não teria êxito. Eu voltaria a ignorá la como tinha feito desde o dia em que eu casei com ela.
Peguei Kate no escritório, ignorando o fato de que poderíamos ser pegos. Kate achou que era a saudada dela que me motivou a ousar tanto, mal ela sabia que era a raiva pelos acontecimentos do dia. Ao sair da empresa no final do experiente eu olhei envolta, mas não encontrei Júlia.
Ela adorava quando eu lhe dava carona, talvez pensasse que era uma demonstração de afeto, mas para ter ido sem mim eu não estava com a bola toda como acreditava. Kate queria que nós fôssemos a um motel terminar o que começamos na minha sala, mas rapidamente a dispensei inventando uma enxaqueca.
Ela sabia que eu mentia, mas não contestou e saiu emburrada do carro quando fui deixá-la em casa. Enquanto dirigia pensava no que poderia encontrar em casa. Antes eu só tinha a certeza de encontrar uma Júlia apática que insistia em sorrir, ou Júlia inconsciente no sofá enquanto me esperava. Eu queria encontrar uma das duas opções.
Não foi o que eu encontrei.
Rumei para o seu quarto sem vacilar já que não a encontrei na sala. Por uma brecha da porta eu a vi se arrumando. Estava linda, eu não poderia negar. Ela era tão diferente com produção!
"Onde será que ela comprou essas roupas? Ou será que alguém as deu para ela?" perguntei - me.
Usava um vestido preto justo até os joelhos, salto alto, maquiagem e acessórios ousados.
Eu deveria sair dali antes que ela me pegasse a espionando, ela poderia interpretar mal o meu ato, mas não consegui me mover mesmo quando, após terminar de se arrumar, Júlia veio em minha direção.
Eu esperava por qualquer coisa vindo dela quando a porta se abriu e ela me pegou ali. Do jeito que andava esquisita poderia fazer de tudo. Ela não fez nada. Ficamos parados, nos olhando. Eu olhei rapidamente para ela, tão diferente!
Não apenas nas roupas, mas no olhar que me lançava. Como se eu nao estivesse ali. Eu queria perguntar aonde ia, embora não tivesse o direito. Meus lábios abriram sem que eu quisesse, mas Franco não ficou para me ouvir. Deu as costas desaparecendo pelo extenso corredor em direçao a saída.
Atônico.
VOCÊ ESTÁ LENDO
"The contract" Adaptação Moju
FanfictionUm plano mirabolante envolvendo uma jovem pura e um ambicioso empresário. Júlia Mara Franco é envolvida em um esquema criado por João Pedro Mota acreditando que o mesmo a ama, mas a realidade é muito diferente disso. Mota precisava casar para poder...