"Você aceitaria ser minha esposa?"

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Eu me inclinei beijando-o calmamente. Após o beijo João colocou sua cabeça próxima ao meu pescoço inspirando.

- Está tão cheirosa. - murmurou com a voz rouca. Senti um calor tomar meu corpo, um calor que já era familiar para mim. Bem como eu imaginei, quando o corpo dele parecia estar sendo consumido pelo mesmo calor, ele se afastou. Fez com que eu
sentasse ao seu lado no sofá.

- Termine de se arrurnar, eu vou esperar aqui. -
ele disse. Eu fiquei a olhá-lo tentando desvendar
o que se passava em sua mente, tentando
compreendê-lo.
Nada me ocorreu.

- Ok. disse e segui para o quarto.
Apesar de estarmos juntos há três meses, os três
meses mais felizes de minha vida, Mota nunca tentou passar dos limites comigo. As vezes eu notava sua excitação quando nossos corpos estavam próximos demais e então ele se afastava. Ele era homem e todo o homem precisa de sexo. Ele parecia se conter apenas por mim, ele sabia que eu era virgem.

Talvez temesse passar dos limites e me magoar.
A idéia de fazer sexo com João Pedro nunca me pareceu aterrorizante, mesmo quando ele não era meu. Agora o que eu mais queria era experimentar o prazer com ele, estreitando nossos laços. Eu precisava dizer a ele que estava pronta, mas não seria algo fácil. Mesmo com o grau de intimidade que tinhamos, eu não me sentia com coragem o suficiente para dizer em palavras que queria fazer amor com ele. Talvez eu pudesse apenas conduzi-lo, esta mesma noite.

Em menos de meia hora eu já estava pronta. João aguardava-me sentado no sofá, os olhos fixados na minha pequena sacada, olhando
a paisagem.

- Desculpea demora. - murmurei e sentei ao seu
lado. O mesmo ergueu a mão e afagou minha bochecha.
Não demorou nada.

-Então você já tomou café? Eu posso preparar algo para você.- fiz menção de me levantar, mas ele puxou-me pelo pulso fazendo com que eu voltasse a
sentar. Agora sua expressão era séria, o que me
assustou

- Não, eu comi antes de vir para cá. Entāo eu quero conversar com você antes de irmos ao jantar que Ana Júlia está promovendo.

- Ah sim, você disse que queria conversar. Então
diga sobre o que é. -perguntei tentando aparentar calma, mas no fundo estava tensa. Ele parecia tão sério naquele momento, algo atípico dele. Segurou minhas mãos entre as suas, seus olhos em mim.

- Ju, eu sei que é cedo para tal coisa, mas visto
que não tenho dúvidas sobre você eu não quero
mais esperar. Desde que você entrou em minha
vida eu não consigo me imaginar sem você ao meu lado e mesmo o pouco que eujá tenho já não é o suficiente. - voltou seu olhar para nossas mãos, eu continuei a olhá-lo sem entender aonde aquela conversa iria parar.

- João eu..- comecei a falar, mas Mota colocou seu dedo indicador em meus lábios.

- Deixe-me terminar, por favor! - e então eu o vi se mover e pegar algo no bolso da jaqueta. Era uma caixinha aveludada, muito bonita. Eu comecei a soar frio.

- Júlia... ele me chamou olhando-me com
intensidade, suas mãos abriam a caixa. Eu não
consegui tirar meus olhos dos seus. - Você
aceitaria ser minha esposa? - ele perguntou, havia tensão em sua face, como que temendo minha rejeição.

Eu me permiti ficar mergulhada no catatonismo.
Nem em minhas mais arrojadas fantasias eu
imaginei que um dia essa criatura divina pudesseser minha ao menos uma vez, quanto mais eu ser sua esposa. Mesmo que tudo fosse real a minha volta, mesmo que eu já estivesse parcialmente acostumada com João Pedro, eu ainda me perguntava se estava vivendo um sonho.

Eu temia que em uma manhã eu acordasse e percebesse a ilusāo tendo que viver mais um dia em minha antiga vida patética, a vida em que eu era mera espectadora da vida de João Pedro Mota. Eu estava viciada nele, não conseguiria
suportar a regressão de nossa relação. E agora,
contrariando a tudo, podendo ter uma mulher a
sua altura, lá estava ele me pedindo a coisa que eu mais queria mais do que ar ou comida ou riqueza ou saúde. Eu queria..

- Meu amor, o que foi? Por que está chorando? -
perguntou alarmado, com uma mão tateou meu
rosto e colheu algumas lágrimas com a ponta de
seus dedos.

- Eu... Eu só... eu não conseguia me fazer
pronunciar a palavra "sim".
Eu estava tão atordoada ainda digerindo a situação que simplesmente estaquei. Com uma das mãos livres João Pedro afagava meu rosto.

- Escute você não precisa responder agora. Pode ter o tempo que quiser para pensar afinal de contas é um grande passo para nossas vidas e.. - eu não o deixei terminar.
Joguei-me em seus braços. Motaabraçou-me
apertado.

Após um tempo, abraçados, o mesmo
afastou-me e sem dizer nada, com seus olhos fixos nos meus, colocou a aliança que trouxera em meu dedo anular direito. Ergueu minha mão beijando o local onde agora estava meu anel de noivado, colocou ambas as mãos em minhas bochechas puxando-me para um beijo ardente.

Eu estava nas nuvens, poderia morrer da pior forma e ainda sim manteria um sorriso no rosto. Antes que eu pudesse exteriorizar o que estava pensando, senti que O clima entre nós mudava para algo mais intenso. João deitou-me no sofá cobrindo meu corpo com o seu, seus lábios nos meus, suas mãos em meu abdômen
massageando-o. Envolvi meus braços no pescoço
do mesmo e naquele momento, sabendo que ele iria me pertencer pelos laços do matrimônio, eu desejei muito mais do que beijos.

Por fim consegui livrar uma måo passando a mesma para o peito dele. Ele usava uma camisa de botões azul com as mangas dobradas até o cotovelo. Consegui abrir dois botões infiltrando minha mão a fim de tocar seu peito nu. Cedo demais ele se afastou. Parecia horrorizado que nossa troca de carícias tivesse ido tão longe. Sentou-se no outro sofá, os olhos no chão.

"The contract" Adaptação MojuOnde histórias criam vida. Descubra agora