"Doía tratá - lo mal"

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Maratona = (4/15)

Pov's Júlia

Um gosto amargo em minha boca. Meu corpo estava moído, como se eu tivesse apanhado. Confesso que temi abrir os olhos, eu havia bebido até cair em um bar desconhecido. Onde eu poderia estar? Em algum motel com o barman? Tremi só de pensar. Fiquei surpresa quando, ao abrir os olhos, reconheci meu
quarto.

Mas como eu..? perguntei me enquanto sentava na cama. Notei que estava seminua e que meu edredom cobria meu corpo. João Pedro. constatei com os dentes cerrados.

Só poderia ser ele e não era a primeira vez que ele cuidava de mim após uma bebedeira tirando minhas roupas. Eu deveria estar agradecida pelos seus cuidados, mas não conseguia me sentir assim. Eu me sentia irada por ele demonstrar um pouco de preocupaçao comigo agora que eu o desprezava.

“Você vai me pagar caro João Pedro!" pensei enquanto levantava me.

Comia a comida ofertava por Magdalena sem sentir o gosto. Eu estava pronta para ir ao trabalho e eu iria, mesmo querendo desesperadamente passar o dia deitada pela ressaca que sentia. Coloquei os fones do meu Ipod e tentei me desconectar de tudo com a música lenta que tocava.

Eu pude sentir quando Mota veio para a sala de jantar onde o café era servido.

Era como se a atmosfera antes tranquila do espaço em que eu estava mudasse para algo tenso, insuportável. Fixei meus olhos no prato.

- Bom dia. ele disse numa voz gentil. - Aquilo me enervou ainda mais. Fiquei calada. - Pode pelo menos bancar a educada ou é pedir demais? - notei a frustração em seu tom. A música que tocava era baixa, eu poderia ouvir com absoluta clareza a voz dele, mas fingi não ouvir. Entao tive os fones arrancados com certa rudez.

- HEI! - esbravejei encarando-o.

- Eu acho que mereço o mínimo de respeito já que eu cuidei de você ontem! - ele disse. A cara que fazia somada as suas palavras me deixou atônica por alguns instantes. Acabei rindo.

- Deus, você é muito patético! Acha que vou agradecer e tratá lo como um rei pelo que fez por mim? Eu não  me lembro de ter pedido sua ajuda colega! - falei com desdem. O rosto dele ficou vermelho de raiva.

- Eu não espero ser tratado como um rei, eu só quero... - antes que ele terminasse de falar levantei da mesa pegando minha bolsa. - Aonde vai? - perguntou.

- Trabalhar. - disse seguindo para a saída. - Eu levo você. - ele murmurou. Virei para ele.

- Agradeço a oferta, mas não tô a fim da sua ilustre companhia. - foi tudo o que disse antes de sair.

...

- O Léo me disse o que aconteceu. Ele até me pediu o seu número para pedir desculpas. - Izabela dizia. Eu estava atenta ao meu trabalho.

- Diga a ele que não foi nada. Eu estava mesmo a fim de ir embora, estava cansada. Não saí por causa da minha conversa com o seu amigo no terraço. Nem me lembro direito do que falamos. falei com descaso, mas a verdade é que eu me lembrava.

"Isso depende. O problema é tirar o cara do coração, ai o casamento acaba."

"Eu sei que eu não tenho nada haver com isso, mas parece que você está infeliz com esse casamento. Eu fui um pouco intrometido e perguntei a Bela qual era o problema. Ela não disse nada, mas imagino que deva ser... Sabe... Ele deve traí la.”

"olha não fica chateado comigo, mas sabe, aproveitando que eu já estou ferrado com você por ter tocado em um assunto desses, esse tal João Pedro Mota é um babaca."

-« SENHORA MOTA? - uma voz feminina me despertou. Olhei para Bela achando que era ela, mas não era. Voltei meu olhar para o meu lado e vi Kate de pé olhando-me com uma raiva contida. Fechei a cara. Eu odiava aquela mulher!

- Sim?

- O senhor Mota deseja falar com a senhora. - ela disse e saiu rapidamente, o seu salto batendo com força no chão produzindo um barulho chato.

- O que o seu marido quer? - Izabela perguntou. Dei de ombros.

- Me encher após o tratamento que dei a ele antes de vir para o trabalho com toda a certeza. Eu vou vei o que aquele babaca quer. - levantei sem nenhuma vontade e rumei para a sala de João Pedro.

Eu não o havia visto desde a hora que cheguei à empresa.

Eu entrei sem me anunciar. Ele estava sentado em sua poltrona atrás de sua mesa. Largou seu notbook assim que me viu passar pelas portas.

Ele tinha uma expressao cansada e frustrada no rosto. Eu não me comovi. Por mim poderia ir para o inferno!

- O que quer senhor Mota? Estou trabalhando. É algo relacionado ao trabalho? - perguntei cruzando os braços em frente ao corpo.

- Não. - foi tudo o que disse.

- Então eu me retiro. Não é do meu feitio resolver questões pessoais em ambiente de trabalho.

- Eu quero me entender com você. - ele falou. Eu estaquei com suas palavras sem necessariamente virar para olhá lo.

- O que? perguntei sentindo meu coração martelar no peito.

- Eu quero que tenhamos uma boa convivência. Sem brigas nem nada disso. O que você acha? Eu sei que esta situaçao desagrada tanto a você como a mim. - soltei uma risada curta. - Por que está rindo? Não estou contando nenhuma piada. - ele falou com a voz claramente indicando sua irritaçao.

- O modo como eu o estou tratando pode desagradá lo, mas a mim agrada, e muito. Eu gosto de tratá lo como o lixo que você é. - falei e fui embora sem ver a expressão hilária que deveria estar em seu rosto. Uma pena.

Eu estava determinada a ferí lo de alguma forma, mas não iria mais atingir a mim mesma para prejudicá lo. Eu não me entregaria a consolos vazios como a bebida como tenho feito desde que descobri estar sendo traída. Nunca mais João Pedro me veria fraca, caindo de bêbada, como tem me visto. Eu iria mostrar para ele que até uma sem noção como eu costumava ser poderia ser boa em executar uma

vingança.

“Você vai pagar caro, vai implorar pelo meu perdão!”.

E então os dias foram passando, mais precisamente um mês desde que descobri que Mota me traía. Durante este tempo eu fui rude, fria, indiferente, sarcástica.

Um mês tratando-o do mesmo modo que fui tratada durante os dois meses anteriores a minha mudança. Eu saia quase todas as noites com Bela e Duda. Às vezes apenas dormia no meu antigo apartamento, agora ocupado por Izabela, só para não ter que ir para casa.

As meninas estavam por dentro de tudo o que acontecia, mas eu não dizia tudo. Não dizia a elas, por exemplo, que doía tratá lo mal, mesmo João Pedro merecendo.

Eu não o traí também, não conseguia ficar com outra pessoa e nem procurei. Eu não iria me rebaixar como ele, ele não merecia tanto.

Naquele dia estávamos fazendo três meses de casados.

Ana Júlia está preparando um jantar hoje à noite Ela nos convidou. - João Pedro disse.

"The contract" Adaptação MojuOnde histórias criam vida. Descubra agora