- Vamos tomar café e então iremos às compras. Hoje será o dia de compras. Amanhã e depois de amanhã faremos o que turistas fazem quando viajam. Visitar pontos turísticos, curtir tudo. Você e Pedro podem fazer o que quiser enquanto Júlia e eu vamos às compras.
Eu sabia que os planos desagradariam minha mulher. Ela nunca foi o tipo mulher compulsiva em comprar como minha irmã. Essa sem dúvida era uma grande qualidade, seu desapego a coisas materiais. Se bem que... Atualmente eu queria poder agradá-la e gostaria que aceitasse presentes meus. A única coisa que aceitou foi o vestido e os sapatos usados certa noite em um jantar na casa de Ana Júlia. Lembrei daquele dia com felicidade, o dia em que Júlia confessou me amar.
Tomamos café tranquilamente. Pelo visto o dia seria
das meninas, eu teria que fazer algo com meu cunhado para me divertir. Procurei não me aborrecer com a idéia. Seria bom fazer algo com ele, estávamos um pouco afastados devido aos compromissos de trabalho."Eu preciso dar um espaço para a Júlia. Não quero sufocá la forçando minha presença para ela o tempo todo. Não preciso me preocupar, ela só vai ficar fazendo compras com a Ana Julia”.
...
Concentrei me no movimento e com uma tacada certeira coloquei minha bola no buraco mais a frente. Pedro caminhou até ficar ao meu lado, deu um tapinha no meu ombro.
- Ótima tacada! E você dizendo que não pratica há muito tempo. - brincou. Dei de ombros.
Não jogo golfe desde o colégio. Eu parei com todas as minhas atividades quando me formei e assumi um cargo na empresa de meu pai.
- Vamos. Já está tarde. Vamos almoçar no restaurante do resort.
Guardamos nossos equipamentos e seguimos em um carrinho de golfe até o prédio. Passamos boa parte do nosso dia assim, jogando golfe com alguns amigos de de Pedro, a maioria clientes dele. Aceitei apenas por não ter nada melhor para fazer. Antes, eu aceitaria apenas para conhecer pessoas importantes e certamente os clientes dele eram pessoas assim. Agora eu já não me importava muito com isso. Parece que realmente eu havia me tornado mais humano, tudo isso graças a Júlia.
Deixando os amigos de lado, Meu cunhado me acompanhou até o restaurante. Durante vários minutos não falamos nada, concentrados apenas em comer. Quando fomos degustar a sobremesa, até q ele se manifestou.
- Então como está a sua vida?
- Tenho certeza de que você está a par de tudo. Minha irmã deve ter contado.
- Sim, ela contou. Ainda sim gostaria de ouvir de você. Espero que esteja tudo bem com Júlia e você. - Ele sorria, parecia feliz por mim. Ele sempre foi um cara legal.
- Está tudo bem. Júlia está tentando fazer isso funcionar a maneira dela. Eu estou tentando ao máximo. Ela é muito importante pra mim.
- Eu sei. Eu posso ver isso. Fico feliz com todas as mudanças positivas que aconteceram em sua vida. Sua irmã sempre se preocupou com você. Ela não concordava com sua inteira dedicação ao trabalho menosprezando sua vida pessoal. Seu pai pensava da mesma forma.
- O que? Vai dizer agora que o meu pai fez essa cláusula no testamento por que queria me ajudar? - perguntei com sarcasmo. O mesmo assentiu.
- Não parece óbvio? Seu pai passou por momentos difíceis. Ele se dedicou demais ao trabalho, não ligou para a vida pessoal e... - Pedro parou. Ele sabia que falar sobre meu pai e minha mãe não era o meu assunto preferido.
- Acho que sei aonde quer chegar. Não sei se essa era a intenção do meu pai quando estipulou essa cláusula. Desde a morte de minha mãe nós não nos dávamos bem. Acho mais provável ele ter feito isso por vingança. - comentei com um riso sarcástico no rosto.
- Não acho que é esse o caso. Eu converso muito com Ana Júlia sobre a família e minha teoria, e teoria dela, é que ele fez isso para que você não cometesse o mesmo erro.
Eu não sei se essa era a intenção do meu pai quando teve essa ideia louca, mas sou grato por essa cláusula. Sem ela eu nunca teria conhecido a Júlia e... Bom... Eu passei por maus bocados, mas tudo é válido. Eu passaria de novo se tivesse que chegar ao agora. Eu estou muito feliz com ela. Desabafar com outro cara sobre minha vida não era o que eu tinha em mente quando decidi viajar com a família, mas me senti bem com isso. E Pedro não era como minha irmã, ele não me criticava. Pelo menos não exteriorizava suas críticas.
Passamos a conversar sobre temas mais leves quando alguém liga para Pedro.
- Alô? Oi amor!
- Diga para sua mulher para dar um tempo nas compras. Júlia não está acostumada a passar o dia caminhando. - pedi enquanto eu o olhava. Pedro parecia estar concentrado na conversa e tinha uma expressão preocupada.
Amor, eu estou aqui no resort. Eu vou ver se ela está aqui. - ele se afastou do celular para falar comigo. Ana se perdeu da Júlia. Ela está ligando para o celular dela, mas ninguém atende.
Quando ele terminou de falar, eu já estava de pé caminhando para o prédio principal do resort com o celular nas mãos. Não havia ligação alguma no meu celular. Se Júlia estava perdida na cidade, ela deveria me ligar, não é? Disquei seu número. Ninguém atendeu. Tentei ligar enquanto seguia para a recepção, mas ninguém atendeu.
- Com licença, você viu a minha esposa por aqui? Senhora Júlia Franco Mota. - perguntei a atendente.
- Não senhor Mota. Eu não a vi. Eu vou perguntar aos demais funcionários, tudo bem?
- Faça isso, por favor. Eu vou ao meu quarto. Talvez ela tenha passado e ninguém percebeu. Ligue para o meu quarto se tiver notícias. - pedi. A atendente sorriu e assentiu.
Tentei entrar em contato com Júlia enquanto seguia para o quarto, mas nada consegui. O fato de ela não estar com Ana e não atender o celular não era nada bom. E para aumentar a minha preocupação, ela não estava em nosso quarto.
"Será que aconteceu alguma coisa? O que não faltam são bandidos espreitando turistas. Talvez tenha sido roubada..."
A aflição grasnava em mim de forma nauseante. Procurei manter a tranquilidade. Quando recebi uma ligação da recepção informando que ninguém viu ela, resolvi descer. Encontrei com Ana Júlia no hall de entrada com Pedro ao seu lado.
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"The contract" Adaptação Moju
FanfictionUm plano mirabolante envolvendo uma jovem pura e um ambicioso empresário. Júlia Mara Franco é envolvida em um esquema criado por João Pedro Mota acreditando que o mesmo a ama, mas a realidade é muito diferente disso. Mota precisava casar para poder...