Um cansaço avassalador tomou conta de mim. Eu nunca havia sentido cansaço igual. Verdade seja dita eu não queria dormir, eu precisava ficar acordado e ter de Júlia uma certeza. Mas, parando para pensar, eu já tinha a minha resposta. Júlia havia me escolhido. Ela jamais se entregaria dessa forma tão única a mim se não tivesse me escolhido.
Deitei ao seu lado e a puxei para mim. Ficamos
lado a lado, exaustos. Eu não tinha forças para quase nada, logo desmaiaria de cansaço. Procurei manter Júlia presa em meus braços a fim de que não escapasse e aquecida. Eu a beijei na face esperando que ela pudesse ver, por detrás da exaustão, a felicidade que ela me proporcionou.Beijei sua testa, seus lábios e fiquei quieto, sendo finalmente abatido pelo cansaço opressor.
Enquanto a consciência me levava eu pensei... Como era bom estar com a pessoa que você ama! Experimentei ter o sono dos justos, ao lado da mulher que amava com a certeza de que eu era o seu escolhido.
A primeira coisa que senti foi o seu cheiro doce impregnado nos lençóis, em meu corpo. Sorri. Tateei a cama a procura dela, meus olhos ainda fechados; não a encontrei. Levantei num átimo só para confirmar o que eu já havia deduzido: Júlia não estava no quarto.
Primeiro chequei se suas coisas ainda estavam lá, sem me importar em me cobrir antes. Sua mala estava lá. Suspirei aliviado. Peguei minhas roupas no chão e as vesti. Um barulho chamou minha atenção. Olhei em volta e vi o celular dela em cima do criado mudo. Após terminar de vestir minha roupa, eu sentei na cama e o peguei.
Meus olhos se estreitaram e bloqueei o celular nas mãos ao ver quem era: Leonardo. Sabia que poderia ficar seriamente encrencado se lesse a mensagem, invadindo a privacidade dela. Mas Júlia era a minha esposa!
Li a mensagem. Era simples, poucas palavras, mas o suficiente para me enervar ao extremo.
Eu amo você.
Ansioso para vê-la.
Com amor do seu Leonardo
- Filho de uma puta. - murmurei.
Pensei em muitas coisas como apagar a mensagem, responder de uma forma bem mal criada ou simplesmente quebrar o aparelho. Agora que eu havia dado um passo importante no meu relacionamento com Júlia, eu não perderia o pouco que conquistei com um ato tão bobo.
Mas aquela mensagem, àquela hora da manhã indicava que Leonardo não sabia de nada. Esperava, quem sabe, ter a oportunidade de ver a sua cara quando soubesse o que houve entre Júlia e eu.
Olhando o quarto, lembrando do que aconteceu, segui sorridente para o meu quarto. Aquela era uma nova manhã. Eu nunca me senti mais cheio de esperança do que agora.
Tomei um bom banho, vesti uma camisa pólo, calças e tênis. Caminhei pela casa aos assovios e encontrei Ana e Pedro tomando café, mas nada de Júlia. Minha irritaçao veio com força total.
- Onde Júlia está? - perguntei amuado. Minha irmã voltou se para mim e sorriu.
- Passear a cavalo. Tome café e a espere. - Sorri. Claro que nao iria esperar. Vou até ela. fiz o caminho para fora.
- João, fique aqui. Quero saber de todos os detalhes que você me ocultou. Além do mais... Júlia não parece bem. - estaquei com suas palavras. Eu a olhei com sarcasmo.
- Ela vai querer me ver. - disse confiante seguindo para fora.
Claro que Júlia iria querer me ver. Tivemos a conversa definitiva e ela aceitou tudo de mim. Não tinha como eu ser destratado ou rejeitado!
Pedi para um cavalo ser selado para mim e parti em uma cavalgada rápida a fim de procurar ela. Eu a encontrei após alguns minutos, sentada embaixo de uma árvore frondosa.
Olhava para a paisagem, distraída. Sorri. Vê-la fazia eu me sentir tão bem! Desmontei do meu cavalo e o amarrei no mesmo galho em que Júlia havia amarrado seu cavalo.
- Júlia, amor, eu estive a sua procura. Ana Júlia e Pedro me disseram que você havia saído para um passeio. Por que não me avisou? Eu teria tido o maior prazer... - eu vi seu rosto mais atentamente, a indiferença de sempre. Empaquei. - Teria tido o maior prazer em acompanhá la. - murmurei tenso.
Eu estava transtornado. Depois de tudo o que aconteceu iríamos recomeçar do zero?
- Eu queria ficar sozinha. disse. - E eu sabia que seria um erro deixá la sozinha com a maldita racionalidade. Caminhei até ela.
- Quer ficar sozinha agora? - perguntei.
- O que você acha? Claro que quero ficar sozinha! - disse raivosa. Ainda sim ela não iria me impedir.
- Vai ficar com raiva de mim se eu forçar a minha presença aqui? - sentei ao seu lado mais preocupado em ficar afastado enquanto ela analisava suas opções e descobrindo que o melhor era ficar com o tal Leonardo.
- Com certeza. - falou. Júlia sequer me olhava. As coisas estavam piores do que eu previa.
- Que pena, por que eu não pretendo sair daqui. - eu me impus. Lembrei do celular, que estava em meu bolso (item que peguei antes de sair). Entreguei a ela.
- Seu celular. O tal Leonardo mandou uma mensagem. - eu sabia que não deveria tocar no assunto, mas eu estava queimando de ciúme.
- Não tinha o direito de mexer nas minhas coisas. - disse enquanto escondia o aparelho, pude notar pela visão periférica. Isso me enervou.
- Contou a ele? - perguntei antecipando o que diria.
- Não interessa a você. - disse com firmeza. Como assim nao interessava a mim?Agora que eu era seu marido em sua totalidade, eu tinha direitos sobre ela!
- Acho que me interessa e muito. - eu a olhei frustrado.
Por que Any continuava com isso? Por que não me aceitava em sua vida e ponto final?
- Você acha que o fato de termos dormido uma vez...
- Duas. Não que eu esteja contando. - falei com deboche,
Eu não iria aceitar dela uma amnésia agora. O que faria? Culparia a bebida, drogas? Culparia a quem por ter ficado comigo?
- Que seja. Não mudou nada Mota. Você só adiou por uns dias minha decisão. E agora vou fazer o que é certo. - levantou.
Se eu soubesse que diria isso, eu não teria perguntado nada. Então era isso, tudo que eu fiz não adiantou de nada.
- O que é o certo? - perguntei com relutância enquanto a via montar em seu cavalo.
- Estou voltando para a cidade. Avisei a Leonardo e provavelmente encontrarei com ele hoje. Você pode ficar aqui com a sua irmã, posso voltar de táxi. Vou arrumar as minhas coisas e partir o quanto antes. - disse indiferente.
Eu só via razão nessa Júlia e estremeci. Como eu iria vencer essa nova Júlia, a Júlia racional, a Júlia forte? Se eu a deixasse ir, eu iria...
- Eu vou com você. - disse e fui logo em direção ao meu cavalo. Eu ia lutar até não poder mais. Eu ainda tinha tempo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
"The contract" Adaptação Moju
FanfictionUm plano mirabolante envolvendo uma jovem pura e um ambicioso empresário. Júlia Mara Franco é envolvida em um esquema criado por João Pedro Mota acreditando que o mesmo a ama, mas a realidade é muito diferente disso. Mota precisava casar para poder...