"Agora tem motivos para demití - la"

49 1 0
                                    

Maratona = (3/15)

- Boa noite senhor. Serei sua atendente esta noite. Aqui está nosso cardápio.  - ela me ofereceu o cardápio e prontamente eu peguei.

Não precisei pensar para escolher o pedido, ou olhar o objeto oferecido.

- Quero uma dose de uísque. - pedi entregando o cardápio.

Foi rápido.

Num minuto Júlia conversava animadamente com os amigos e no outro ela estava beijando o cara que a acompanhou de moto. Eu fiquei estático. Mas que porra era essa?

Silêncio. Eu não ouvia a nada ao meu redor.

As pessoas. Tudo desapareceu e só restou aquela imagem: Júlia com outro homem.

Ela estava com outro homem.

Um homem que tinha o que eu tanto desejava... Seus beijos, seu toque, seu sorriso...

- Aqui está a sua bebida senhor. - a atendente disse passando a minha dose. Eu peguei a bebida, virei o copo e lhe passei uma nota com um valor alto.

- O troco é seu. - murmurei e desapareci pela saída.

Devo ter pegado todas as garrafas alcoólicas que encontrei em casa. Fui bebendo uma por uma, na sala, enquanto eu pensava no que faria. Eu não iria perder;

João Pedro Mota nunca perde!

Sentado no sofá sorvendo uma garrafa de vodka
eu pensei em como contra atracar. Júlia não era assim, alguém deve ter dado a brilhante ideia dela me meter um par de chifres. Só consegui pensar nas amigas, em especial na tal Izabela.

“Ela vai me pagar! Todas elas! Aposto que ficam alimentando ideias na cabeça dela!”.

A fúria que eu sentia me impedia de pensar racionalmente. O Mota paciente e razoavelmente bonzinho se fora, dando lugar ao de sempre, o competitivo, o vingativo. Eu bebi e bebi enquanto refinava mais planos. Demitiria a tal Izabela. Se isso nao resolvesse demitiria Maria Eduarda. Demitia todos se preciso para que Júlia não sofresse influências negativas.

Os minutos foram se passando...

Estava tao bêbado que não conseguia me levantar do sofá. Pensei que acabaria adormecendo ali com a única garrafa de bebida alcoólica que tinha algum conteúdo quando ouvi o barulho na porta. Fiquei rígido olhando para frente enquanto eu captava a entrada dela no apartamento. A mesma procurou ser silenciosa, mal ela sabia que eu estava bem ali. Quando me notou nada disse, seguiu para o corredor que levaria ao seu quarto.

- Aonde vai? - minha voz saiu arrastada. Eu estava muito alcoolizado.

- Para o quarto. - disse numa voz cansada.

- Se divertiu essa noite? - perguntei com deboche.

- Sim, como em todas as noites quando saio com meus amigos. Se me der licença vou para o meu
quarto.

Afastou-se. Eu me enervei. Claro que se divertiu me colocando um belo par de chifres, beijando o primeiro que viu para a sua vingança! Eu faria a compreender naquele instante que ela era minha. MINHA!

Joguei a garrafa no chão. O barulho chamou sua atenção e ela parou. Caminhei até ela enquanto minha vista turvava. Ela seria minha, eu não permitiria que outro tivesse o meu bem mais precioso! Dei alguns passos enquanto a olhava com fúria. A garota me encarava surpresa, talvez assustada.

Quando abri a boca para falar tudo o que estava entalado, inclusive que eu a amava, tudo se apagou. Eu desmaiei, pelo menos acho que desmaiei.

"MOTA!" sua voz soou longe. Não pude me sentir. Eu estava no escuro.

Maldita bebida!

Um gosto amargo na boca. Abri os olhos e os fechei de imediato. Estava tão claro! Eu os fechei enquanto tentava me recompor. A última coisa que me lembrava era de estar me aproximando de Júlia, pronto para dizer tudo o que estava acumulado, as verdades e mentiras, até sobre o contrato. Eu não disse. Desmaiei devido a todo o álcool que bebi.

Eu havia perdido uma ótima oportunidade, mas haveria outras. Eu tinha em mente uma tática e eu iria executá la tão logo eu estivesse na empresa.

Franco estava com a amiga trabalhando. Eu olhei a tal Izabela com malícia. Mal ela sabia o que esperava por ela! Entrei em minha sala e fui recepcionado por Kate que simplesmente me atacou. Pulou em mim e me beijou sofregamente. Eu a empurrei.

- O QUE DEU EM Você? - perguntei aos gritos.

- SOU EU QUE DEVERIA PERGUNTAR! QUAL É O SEU PROBLEMA? POR QUE TA ME EVITANDO? - ela gritava com os olhos furiosos.

Merda! Eu sabia que mais cedo ou mais tarde ela iria explodir.

- Kate, pare com isso. - pedi cheio de raiva. Ela não parou.

- NÃO PENSE QUE PODE ME CHUTAR APÓS TER ME USADO JOÃO PEDRO MOTA! - ela gritava enquanto batia no meu peito. Segurei suas mãos para que parasse de me agredir.

- Nao me tende a me livrar de você KATE. - disse tentando não gritar. Não queria chamar a atenção para mim.

- AH ESSA EU QUERO VER! EU SOU INDISPENSÁVEL PARA VOCÊ! SABE DISSO! SEM MIM VOCÊ FICARIA TENDO QUE DORMIR COM AQUELA VAGABUNDA SEM GRAÇA DA SUA MULHER!

Quando Kate proferiu estas palavras, senti minha visão nublar de ódio. Eu não queria apenas demití la, eu queria esmurrá la por ofender alguém como Júlia.

Não, eu não seria tão radical. Nunca bati em mulheres, mesmo naquelas que mereciam. Contei mentalmente até dez e suspirei.

- Vamos ao trabalho. Antes de tudo quero que você chame o responsável pelas demissões no RH. Tem um funcionário que vou demitir. E quero que consiga tudo o que puder da funcionária Izabela Fernandes. caminhei até a minha mesa e me sentei.

Ela seria a primeira na minha lista negra. Kate me olhou irritada por minha mudança de assunto, virou se e fechou a porta atrás de si ruidosamente.

Primeiro Izabela... Depois Kate.

- Senhor Mota, tem certeza que deseja fazer isso? - o funcionário do RH perguntou. Kate estava em frente à porta, amuada. Refletia ainda a nossa discussão na cara.

- Sim, eu tenho certeza.

- Mas qual é o motivo ou não existe motivo?

- Se é tao difícil para você demití la então me faça o favor de chamar Izabela aqui. - disse com deboche. E vá preparando todos os documentos dela. Hoje mesmo eu a quero fora daqui.

- Ela faz algo para o senhor? - o homem perguntou.

- Faça apenas o que estou dizendo. E faça uma carta de recomendaçao a ela. Não quero que a coitada fique com uma mão na frente e outra atrás. Agora vá chamá la. - eu disse a ele.

O responsável pelas demissões, sujeito que desconhecia o nome, saiu.

Kate se aproximou e jogou uma pasta com papeis.

- Taí o que queria saber da garota. Agora tem motivos para demití la. Foi muito fácil descobrir os seus podres. - Kate sorriu vingativa.

Eu peguei a pasta e a abri olhando os papeis. Izabela realmente tinha um histórico comprometido. Registros de atrasos que nunca chegaram ao RH, faltas não justificadas e sumiço de material de escritório de sua sala.

- É agora eu tenho motivos caso seja questionado. - murmurei olhando os papeis com afinco.

- E quem o questionaria? - Kate perguntou. Dei de ombros. Eu não falaria na Júlia.

- Kate, eu vou precisar ficar a sós com a garota. Enquanto isso adie minha próxima reunião. - pedi sem olhá la.

"The contract" Adaptação MojuOnde histórias criam vida. Descubra agora