"A Festa"

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João me olhava de forma enigmática. Ergui a mão e tocou a face de meu marido. - Você está estranho. O que foi?- perguntei pela distância que via em seus olhos. Mota sorriu.

- Nada. A propósito, seus pertences estão em nossa casa, meu apartamento. Deixei os móveis em seu antigo apartamento. O que pensa fazer com ele? Meu Marido disse e senti que o novo assunto que colocou en
pauta era para me distrair. Dei de ombros.

-Alugá-lo eu acho. Vou colocar um anúncio ou coisa
parecida no jornal. - eu me aproximei de João e
relaxei.
Estava cansada. Não tive paz desde que João Pedro me
pediu em casamento. Não que eu esteja reclamando longe de mim! Meu marido me abraçou mantendo-me
próxima a ele.

Era impressionante como eu me
sentia segura nos seus braços, como se aquele fosse
meu lugar.
Devo ter cochilado por que repentinamente
estávamos em nosso destino. Mota me sacudiu
gentilmente. Abri os olhos e vi a limusine entrar na
propriedade de sua irmã .

Até então eu não havia
visto a decoração, muito embora Ana Júlia tenha
escolhido sua casa para que eu passasse meu dia de
noiva. Ana fez questão de me vendar para que
não visse o que ela havia visto. Tive que deixar meu
queixo cair enquanto olhava a tudo.
Havia tantos arranjos de flores!

Provavelmente eu
iria me asfixiar com o cheiro de flores. Também
havia luminárias, algo desnecessário com toda
aquela iluminação vespertina. Provavelmente
seriam usadas ao entardecer.

Seda branca em faixas
que estavam entrelaçadas as flores. Haviam muito
empregados, belamente vestidos para a recepção.
Tudo aconteceria no jardim.

- Nossa! Anaju fez um ótimo trabalho! - disse.
Virei-me e olhei para Mota. Ele olhava para fora,
parecia distante. Não gostei. Ele estava assim desde
que saímos da igreja. O que estava acontecendo com ele? - Meu amor, você está bem? - toquei sua testa. João
apressou-se em pegar minha mão e a beijou.

- Estou cansado. Foi uma correria na empresa esses
dias. fechou os olhos recostando-se melhor no
banco.

- Por isso eu quis trabalhar. Eu não devia ter me
afastado.- murmurei

O motorista estacionou o carro e rapidamente
veio até nós abrir a porta. Segurei a mão de João Pedro enquanto seguíamos para o salão de festas no
jardim, uma enorme tenda branca com mesas, cadeiras e rodeada de uma decoração deslumbrante
Nunca imaginei que um casamento pudesse ser tão
cansativo.

Fiquei em pé boa parte do tempo, tirando
fotos, posando para os camera-man que registravam
a festa. Cumprimentei novamente a amigose
desconhecidos que vieram prestigiar a festa.
João ficou o tempo todo ao meu lado, afastava-se
rapidamente para cumprimentar a empresários,
certamente convidados seus. Notei novamente
aquele distanciamento.Quando ele sorria, quando
falava comigo, seus olhos pareciam vazios. Ele devia
mesmo estar cansado.

A festa transcorreu bem. Ana Júlia realmente era
competente nesse negócio de organizar eventos.
A comida parecia ótima, não comi por que não
consegui ficar parada. A banda que tocou era
animada. Fizemos tudo o que manda o figurino:
cortar o bolo, beber champanhe, dança a primeira
valsa. Eu devia estar radiante, mas ver Josh distante,
parecendo cansado, não ajudava. Tentei não ligar
muito para isso. Afinal ele estava se casando
comigo, me amava, e estaria mais bem humorado
quando estivesse descansado.

Além disso, eu tinha
certeza de que quando ficássemos a sós João Pedro seria
extremamente carinhoso.
Um rubor me tomou quando pensei na lua-de-mel.
Eu era virgem, mas naquela noite não seria mais.
Perderia minha pureza com o homem que amo.
Eu não sabia nada sobre o que fazer na cama com
um homem, mas não me importava em não saber.
Tinha certeza que meu marido iria me ensinar os prazeres
que um homem e uma mulher podem encontrar no
sexo.

Ao invés de nervosa eu me vi ansiosa. Durante
todo o tempo de namoro eu quis isso e até cheguei a
sugerir a Mota que fizéssemos amor. Agora isso iria Ocorrer .
Olhei envolta quebrando o diálogo com bela e Duda e vi João Pedro conversando com sua irmã, no bar,
a alguns metros. Notei que João tinha um copo de
uísque na mão, vazio. Pedia outra dose ao garçom.
Parando para pensar eu ovi beber muito durante a
festa. Entre uma fotoe outra, enquanto conversava
com os convidados, bebia algo alcoólico.

- Meninas, eu volto já. - disse afastando-me e
seguindo para onde estava João e Ana.

Ana Júlia retirou o copo das mãos de Mota
bruscamente, parecia brigar com ele. Ela notou
minha aproximação e sorriu forçadamente.

-Oi noiva! Já comeu alguma coisa?-perguntou
afastando-se de João Pedro.

"The contract" Adaptação MojuOnde histórias criam vida. Descubra agora