"Vocês não estão bem, não é?"

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Eu me afastei e segui para o meu quarto sem olhar para trás.

Ao chegar ao meu quarto, em silêncio, fiz uma dancinha ridícula da vitória. Eu estava me sentindo tão poderosa e isso era bom! Deixei a sacola com minhas roupas na cama assim como minha bolsa de mao. Tirei a aliança de dentro da bolsa e joguei num canto qualquer do quarto. Que as empregadas encontrassem e jogasse fora, eu não ia precisar daquilo. Rumei para o banheiro e tomei um relaxante banho. Após o banho, já alimentada, fui dormir. Eu estava moída pelo serviço em meu antigo apartamento e pelas noites mal dormidas. Dormi feito uma pedra.

Manhã de segunda feira. Eu estava com as energias renovadas. Até agora tinha deixado minha produção para minhas noitadas, mas decidi me produzir para o trabalho. Peguei uma saia preta, meia calça preta, salto alto preto e uma blusa branca super decotada.

Coloquei maquiagem, acessórios não tão chamativos, e deixei meus cabelos soltos. Recebi elogios das empregadas que serviram meu café. Agradeci. Não vi João Pedro durante o café, o que foi ótimo para mim. Peguei uma bolsa preta, coloquei meus pertences e sai.

Acreditava que não veria a cara do infeliz, ele poderia estar dormindo ainda ou já estaria na empresa, mas me equivoquei. Como se não bastasse à reprimenda que o miserável me deu noite passada agora era isso!

- Entra, Vou lhe dar uma carona. - disse. O carro estacionado em frente ao nosso condomínio, a porta do carona aberta. Bufei.

- Quem disse que vou com você? Prefiro ir na roda do ônibus lotado! - falei seguindo para a parada.

- O que? Agora vou ter que pagá la para que aceite uma simples carona? - ele perguntou zombeteiro. Parei.

- É. Pague-me bem e posso reconsiderar. - cruzei os braços em frente ao corpo esperando. Mota sorriu com cinismo. Retirou um talão de cheques e encostou se em seu carro.

- Diga seu preço. - falou sem olhar para mim.

- Acho que podemos começar com dois mil dólares. - falei. E ele deu um meio sorriso, assinou o cheque e olhou para mim.

- Você não é nem um pouco gananciosa. Poderia ter pedido um pouco mais. - falou passando o cheque para mim. Eu o peguei e coloquei em meu decote. Jp olhou atentamente o movimento que fiz.

- E então, vamos? - perguntou.

Eu entrei no carro, ele fechou a porta. Encostei me na janela do carro olhando para fora. João Pedro felizmente não disse nada durante o trajeto. Eu acreditei que deixaria sair do carro assim que cheguei, mas depois da sua atitude na noite anterior comecei a duvidar se sairia. Quando o carro estacionou, eu me apressei em abrir a porta, mas a trava não estava aberta.

- Pode abrir a porta para mim? - eu me virei sem nenhuma vontade. Estaquei ao vê-lo retirar o paletó. - O que está fazendo?

- É pra você. - ele me passou o paletó. - Caso não tenha percebido suas vestimentas estão em desacordo com o código da empresa. ele falou frio como sempre. Segurei a minha língua para não mandá lo a merda. De esguelha vi uma pessoa se aproximar do carro.

- Ao invés de criticar minhas veste por que não dá o seu paletó para ela? - apontei para Kate que vinha em nossa direção. - Ela está completamente fora dos padrões. falei fria e sai.

Kate ficou surpresa ao me ver, olhou me dos pés a cabeça. Eu caminhei tentando ser natural enquanto andava de salto. Após o choque passar, Kate me olhou com a expressão furiosa. Eu parei e a olhei.

- O que é? Cara feia pra mim é fome! - disse e saí enquanto ela bufava atrás de mim.

Eu não iria descer do salto, mas também eu não iria engolir sapo.

Por algum motivo chamei a atençao dos homens que trabalhavam em diferentes setores da empresa. Isso me surpreendeu. Eu não estava acostumada a isso. Bela e Duda me elogiaram pelo look. Procurei me ocupar com o trabalho o quanto pude tentar esquecer a ação de João Pedro desde ontem. Não contei as meninas a mudança de atitude, eu não sei porquê. Eu ainda estava atordoada com aquela nova faceta dele. Na hora do almoço eu pretendia comer com as meninas, mas surge uma visita inesperada.

- Oi cunhada! - era Ana Júlia

- Oi Ana - levanto-me da minha mesa. A mesma me olha da cabeça aos pés.

- Quem é você e o que fez com minha cunhada? - falou num tom cômico.

- Sou eu, só estou com um pouco de maquiagem.

- Ah Júlia não miniminiza suas mudanças! Você está ótima e graças as minhas dicas de beleza, minhas e de Duda.

- Nossa, vocês fizeram um bom trabalho! Mas estou magoada cunhada, se queria mudar deveria ter pedido minha ajuda. Poxa eu seria tão útil! - Ana Júlia começou a choramingar.

- Ana, você veio até mim por um motivo.
Qual seria? - perguntei.

- Vim convidá - la, ou melhor, intimá - la a almoçar comigo.

Antes que eu tecesse qualquer comentário sobre o convite, Anaju pegou me pela mão e saiu em disparada comigo.

ANAJU! - Eu a chamei.

- Não temos tempo, perderemos as reservas se chegarmos muito atrasadas! - foi tudo o que disse.

Ana era uma figura mesmo!

...

- Então vamos parar de falar de mim, quero saber de você. Por que não foi no jantar que preparei? - ela perguntou emburrada. Estava tão alheia que demorei a perceber que Ana fazia uma pergunta para mim. Se ela soubesse que nao dei atenção a ela enquanto falava de sua viagem com Pedro...

- Eu não estava bem - disse.

- Foi isso o que meu irmão disse, mas... Eu não acreditei muito. Vai Jú desembucha! O que está acontecendo? Tenho notado você estranha desde o casamento e agora você muda radicalmente novamente. O jp está raivoso, parece um cachorro com raiva e não diz o motivo. Vocês não estão bem, não é? - Ana Júlia me sondava e por alguns instantes pensei em me abrir. Eu tinha dito tudo para Bela e Duda, por que não dizer a ela? O problema era que Ana Júlia poderia tomar partido de mim e reclamar com Mota. Eu ,não queria que ele soubesse que eu ainda sofro.

- Está tudo bem, mais do que bem. O João deve estar estressado pelo trabalho afinal logo a carga de trabalhos dele vai aumentar já que ele assumirá o lugar de seu pai. Olha pra mim, acha que eu estou mal? - sorri para tentar convencê-la, mas Ana tinha uma expressão facial que extrapolava a palavra desconfiança.

- Sinceramente, não acredito em você, mas se não quer me contar entao tudo bem,

- Não há o que contar. - disse com convicção. Ana Júlia deu de ombros.

- Deixa pra lá. Novo assunto. Já que você está aceitando ajuda nas suas vestimentas bem que você poderia aceitar as minhas. - falou emburrada.

- Poxa Ana eu já gastei toda a minha grana com estas roupas.

- Não se preocupe, é por minha conta como presente de casamento! -ela falou sorridente.

- Você já me deu seu presente, fez meu casamento. - falei azeda.

"The contract" Adaptação MojuOnde histórias criam vida. Descubra agora