"Até Amanhã Júlia"

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- Dois anos? Nunca a notei antes.

- Meu setor não interage muito como senhor e..
eu me virei minimamente para ver seu rosto e notei
que parecia irritado com algo. Ah sim, eu o tinha
chamado de "senhor" e ele não queria isso. - Me
desculpe João Pedro. Não estou acostumada a charmar um
de meus superiores pelo primeiro nome.

- Está bem. Eu compreendo. Então o seu setor?
Não consigo me lembrar.

- Sou do setor da contabilidade. - mantive meus
olhos na paisagem diante da minha janela. Se
eu olhasse para Mota certamente iria gaguejar e
corar. Eu não queria que ele pensasse que tenho
problemas mentais.

- Ah, está explicado por que nāo a vejo. Embora
minha sala fique próxima ao setor da contabilidade eu não interajo muito com vocês. - João Pedro continuava a puxar um papo animado, descontraído.

Era surreal. Eu sempre o vi como um executivo linha dura que não tinha a capacidade de dar urm "bom dia" para alguém e de repente ele me parecia o chefe que todo o cidadão americano quer ter: gentil, comunicativo...

Eu permaneci calada. Eu sei que deveria estar
aproveitando a situação, puxando papo, mas eu
não queria ser inconveniente. Procurei agir como uma pessoa séria que não agia como as outras funcionárias suspirando e cochichando quando ele passava. E então chegamos a minha rua. Estranho, o percurso demorou mais do que eu previa.

- Então qual é o seu apartamento? - João Pedro perguntou olhando para a janela.

- Aquele ali. - apontei para uma pequena
construção exprimida entre dois edifícios opulentos Mota andou alguns metros com o carroe estacionou por fim.

- Aqui estamos.

- Obrigada pela carona. - falei e sai rapidamente
ignorando o fato de que Mota estava prestes a sair de seu carro só para abrir a porta para mim. Um perfeito cavalheiro. Será que existia homem mais perfeito que ele?

- Até amanhä Júlia. - ele falou atrás de mim.
Eu não me virei, continuei a subir as escadas do
meu prédio. Virei-me apenas quando o barulho de seu carro estava se afastado.

Eu o vi sair de minha rua. Estava entorpecida. E mergulhada nesse torpor eu fui para o meu apartamento dando boa noite ao porteiro, o senhor Travis. Quando cheguei ao meu
pequeno apartamento de três cômodos no quarto
andar... Bem...

-AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH
HHHHHHH! - sim, agi como uma patética
adolescente.
Eu nunca curti minha adolescência e naquele
momento achei que deveria fazê-lo.

Eu näo conseguia acreditar em tudo o que houve. Claro que João Pedro poderia me ignorar no dia seguinte, mas não importava. Com as pequenas coisas que houve eu estava verdadeiramente feliz. Caminhei até o meu quarto e joguei-me na cama. Eu estava em um
mundo de sonhos que não queria acordar.

...

Pov's Mota

Naquela manhā eu me senti confiante. Precisava
armar algo para me aproximar de Júlia e testar como ela poderia reagir a mim. Caso ela não mostrasse interesse, o que eu duvidava, escolheria outra panaca.

Eu esperaria pela melhor oportunidade de me aproximar dela sem, é claro, chamar atenção
demais. Eu não queria que Ana Júlia percebesse
que eu a havia escolhido, ela poderia atrapalhar
meus planos. Eu teria de ser rápido e letal. Com
estes pensamentos me arrumei para mais um dia de trabalho.

- E ai João? - Kate falou com a voz anasalada assim que desci de meu carro na garagem. Dei de ombros.
Eu não iria me indispor com ela.

- Kate, apesar de tudo eu sou o seu superior então não me provoque com esta cara de desagrado.- disse, frio.
Kate se recompôs imediatamente. Ela não era burra, sabia que para tudo tinha limites e que se ela me desagradasse como agora eu não hesitaria em demiti-la.

- O que me frustra é que ontem eu estava cheia
de amor para dar, mas você preferiu ficar só para pensar naquela idiotinha. - falou emburrada.

O beicinho teimoso que se formou em seu rosto
era atraernte, despertou um desejo latente em mim. Olhei envolta, ninguém nas proximidades. Abri a porta do carro e entrei. Com um dedo eu gesticulei para que Kate se aproximasse.

Ela sorriu cheia de malícia enquanto adentrava meu carro pela outra porta, tendo problemas para abrí-la. Kate não estava acostumada com tecnologia. Após alguns minutos
tentando entrar, conseguiu.

- Definitivamente não me acostumo com este seu carro. -falou resmungona.
Coloquei minha mão direita em sua coxa,
acariciando-a.

-O que quer? Que eu troque meu carro por um mais simples em que você possa entrar sem problemas? -
perguntei com deboche.

Kate parecia entorpecida demais com as caricias
para responder. Subi minha mão até encontrar o
meio das suas pernas. Bem como imaginei Kate
não estava usando lingerie por debaixo da saia.
Eu adorava vê-la submissa diante de uma simples carícia, totalmente entregue. Pela busca do prazer
Kate faria qualquer coisa, como calar-se por
exemplo.

- Então.. Irá esquecer toda essa bobagerme
ajudar-me com meus planos... Kate? - falei aos
sussurros enquanto Kate contraia as cochas e
segurava minhas mãos entre suas pernas para que eu continuasse com o que estava fazendo.

"The contract" Adaptação MojuOnde histórias criam vida. Descubra agora