"Meu Noivo"

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- Desculpe. Não era minha intenção desrespeitá-la. - murmurou. Eu me endireitei no sofá.

-Não me desrespeitou.Eu... Eu não acho
que... O que eu quero dizer é... Eu estou pronta.
não conseguia olhar para ele, não queria que Ele pensasse que sou uma oferecida. Mas pensando bem nós estávamos noivos. Não tinha nenhum
problema. João ficou me encarando com uma
expressão insondável.

- Eu preciso ir. Venho buscá-la mais tarde.
- Josh, não precisa ir. Foi algo que eu disse? -
perguntei apavorada. Mota pareceu ficar alarmado com minha expressão.

- Não é nada Júlia é só que.. Bom.. Eu achei que seria bom se nós dois deixássemos isso para depois.

- Depois quando?

- Depois do casamento. O que acha?

- Nāo precisa fazer isso por mim. - murmurei
super sem graça.

- Não faço apenas por você, faço por mim também. Ju, entenda que durante esse tempo eu sempre me envolvi com mulheres... Mulheres impuras por assim dizer. Mulheres que se entregavam a mim apenas com o intuito de ganhar algo valioso em troca. Agora
eu tenho você e quero que tudo seja perfeito, a
moda antiga. Quero que seja minha após estarmos casados. É um capricho, eu sei, mas..

- Não, eu entendo. Se for assim que deseja, será
assim. eu devia estar rubra, não era fácil falar em algo tão intimo.

João sorriu. Levantou-se do sofá onde estava e
sentou-se ao meu lado. Puxou meu rosto em direção ao seu e beijou-me.

- Eu realmente estou feliz que tenha aceitado. -
sussurrou em meu ouvido. - Eu preciso ir. Vejo você ao anoitecer.
Eu me despedi dele na porta do prédio e
quando por fim ele partiu e fiquei sozinha em meu apartamento, eu cai no berreiro. Eu sei que é algo patético para aqueles que acompanham, mas não para mim.

A princesa tinha seu príncipe e logo conheceria a frase "e então viveram felizes para
sempre". Eu segui entorpecida para a casa da irmă de João Pedro, Ana Júlia. Ainda custava a acreditar que Mota havia me pedido para ser sua esposa, que eu o teria ao meu lado sempre, acordaria com ele, teria a posse de seu corpo.. Todas as grandes e pequenas coisas que diziam a seu respeito seriam minhas.

Ele levara um buquê de flores silvestres para mim, elogiou meu vestido azul marinho, dizendo que aquela cor ficava bem em mim. Valeu à pena gastar todo meu salário daquele mês com o vestido que comprei em uma butique chique só para ouvi-lo me
elogiar daquela forma.

Então, sentiu minha falta? - perguntou
enquanto seguia de carro para a casa de sua irmã.

- Claro. Mas ainda sim foi bom que você tenha ido embora de casa.

- Por quê? -Josh virou-se para me olhar ignorando a estrada por alguns instantes.

- Eu meio que fiquei catatônica após sua saída.
Foi dificil digerir o fato de que fui pedida em
casamento.

- Por que é tão difícil aceitar que a pedi em
casamento?

- Bom eu não sou muito adequada pra você. - admiti sentindo a veracidade em minhas palavras. Isso doía. Eu sempre soube, mesmo agora, que não era adequada para ele. Senti a mão de dele segurar a minha no banco.

- Não quero ouvir tal idiotice. Pare de se diminuir. - disse parecendo aborrecido. Talvez ele estivesse certo, eu devia ter algo especial para ele me querer.
Ficamos calados durante o restante do percurso.

...

- Pronta? - João perguntou enquanto tocava a
campainha do portão. A casa de Ana Júlia era
grande, isso pude notar sem nem ter entrado na
propriedade.

- Sim. - murmurei fitando o chão.
O mesmo ergueu minha mão com a aliança e a beijou.

- Boa noite, bem vindos. - disse uma governanta que nos recebeu.
Alguns empregados atrás dela sorriam para nós, em posições retas, perfeitas. Murmurei um "boa noite" e segui ao lado de meu noivo. A casa era impressionante, tão grande, com vidros substituindo paredes e toda branca. Eu tentei conter meu olhar fascinado, mas não acho que consegui disfarçar o quanto estava impressionada com a opulência do local.

Mesmo tendo frequentado lugares chiques através de João, eu ainda não conseguia me acostumar com a riqueza daquela família.
Ana Júlia,linda como sempre, ladeada pelo seu
marido Pedro, veio nos receber na porta.

- Boa noite. Bem vindos! - ao notar que era eu ao
lado de Mota ela estacou.
Seus lábios ficaram em uma linha rígida e sua testa se franziu. Não entendi sua expressão, parecia aborrecida pela minha presença. Rapidamente Ana mudou.

- Júlia! Não acredito que é você! Que bom vê-la!-
abraçou-me.

- Olá Ana. - correspondi timidamente seu abraço
ainda pensando na expressão de Ana Júlia assim
que me viu. Bem vindos. Ficamos felizes que tenham vindo. - Pedro falou. - Muito prazer em conhecê-la Júlia Franco.

- Como sabe meu nome? - perguntei sem conter a curiosidade.

- Minha esposa fala muito de você, parece gostar
verdadeiramente de você. - disse Pedro.

-E claro que gosto! Júlia salvou minha noite certa
vez, sabia disso João? - ela virou-se para seu irmão e, embora sorrisse, tinha um olhar hostil. - Certa noite eu sai com Pedro para um barzinho, mas meu sapato quebrou, Júlia entregou seus próprios sapatos para que eu não perdesse minha noite.

- Ah, Júlia me falou a respeito quando comentei que  você queria conhecer minha misteriosa namorada. Disse que vocês se falavam. Que coincidência boa não acha Ana Júlia? - Josh sorria e senti um tom de zombaria.

"The contract" Adaptação MojuOnde histórias criam vida. Descubra agora