"Ela era minha agora. Minha"

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Júlia tentou me afastar, mas eu não permiti. Eu precisava estar próximo a ela. Eu precisava de tudo que vinha dela.

- Eu estou tão feliz Júlia que eu... - não consegui pronunciar mais nada.

Afastei me minimamente para provar, mais uma vez, aqueles lábios que me levavam ao céu e ao inferno. Quando eu estava bem próximo, ela me deteve. Uma mão em meu peito, outra em meus lábios. Olhava o chão. O choque me pegou. Temi sofrer rejeição novamente, eu não suportaria mais isso.

- Então aproveite a sua felicidade, por que você é oúnico a sentíla. - disse.

Eu a vi levantar-se e deitar em sua cama. Fiquei chocado com o seu ato e no mínimo tenso pelo ocorrido. Sua atitude, instantes atrás, teria
feito minhas esperanças de tê-la minarem se
eu não tivesse ouvido sua resposta, e se eu não a entendesse. Mas eu a entendia. Eu sabia o quanto Júlia sofria. Ela tinha um caminho feliz com Leonardo, ela queria seguí-lo, mas minha intervenção a impediu de tal coisa. Será que Leonardo a havia rejeitado? Se ele soubesse da verdade era bem capaz, mais uma prova de que ele não a amava. Bem, eu não era ninguém para julgar, principalmente sendo a fonte do pesar de Júlia.

Eu sabia que Any precisava de um tempo sozinha, mas queria tanto ficar com ela! Tentar consolá la em sua dor de ter escolhido o caminho errado (tradução eu)! As palavras saíram antes que eu pudesse
segurá las.

- Você vai ficar muito chateada se eu ficar aqui? perguntei. - Eu sabia o que ela diria por isso meu corpo já estava próximo da porta.

- Vou ficar muito chateada... - murmurou numa voz fraca. Como eu imaginei, ela não me queria por perto. - ... Se você sair deste quarto. continuou.

Fiquei perplexo. Não imaginei que ela me faria tal pedido quando claramente sofre por mim.

Lentamente eu me dirigi à cama e deitei ao seu lado (retirando os meus sapatos no processo), de lado, de frente para ela. Júlia não fazia nenhum som, mas seus olhos estavam úmidos. Eu não tive reação alguma diante daquela tristeza. Eu me sentia um lixo por tudo, ainda mais agora que eu não sabia como proceder para fazê-la voltar a ser feliz. Claro que amá la ao máximo era um caminho, mas sera que adiantaria? E se as feridas que causei fossem profundas demais? Júlia fitava o nada, mas ergueu seu rosto e me olhou. Será que ela poderia ver em meus olhos toda a dor que eu sentia pelas atrocidades que fiz a ela? Eu me sentia tão mal, mal por ter prejudicado a pessoa que mais amo!

Os olhos dela mostravam profunda tristeza, pareciam perdidos recordando-se de algo passado, provavelmente das vezes em que eu a destratei. Toquei seu rosto, mesmo sabendo que meu toque poderia piorar tudo, e enxuguei suas lágrimas. Eu me aproximei dela aconchegando-a em meu corpo, minhas mãos em sua face puxando-a para mais perto até meus lábios encontrarem sua testa. Minha mãe fazia isso comigo, um beijo na testa, ao invés de falar "vai ficar tudo bem". Sempre pensei que este ato era mais significativo do que palavras.

Através do olhar disse tudo o que deveria dizer, mas não conseguia: o porquê de meus atos e o quanto eu a amo (embora isso fosse fácil de dizer agora). Júlia enterrou seu rosto em seu peito, tão suscetível ao meu toque agora!

Eu não poderia negar o prazer que estava sentindo em tê-la em meus braços. Cheguei a pensar que perderia isso, essa sensação gostosa e indescritível de abraçar a quem você ama. Respirei seu perfume, como um drogado inspirando crack. Minhas mãos mantinham ela próxima. O calor de nossos corpos sendo trocados. Sua respiração foi se aquietando até ser um simples ressonar. Ela dormia tranquila. As angústias extraídas temporariamente pelo sono.

Afastei me minimamente dela, um braço envolvendo sua cintura, puxando-a para mim. Meus dedos acariciaram o rosto em cada centímetro.

- Minha Júlia... - murmurei sentindo a avazera ameaçando me tomar.

Ela era minha agora. Minha. Eu a beijei nos lábios e a apertei mais enquanto me entregava ao cansaço como ela havia feito.

...

Então esta era a sensação de acordar ao lado da pessoa amada, desta vez não temendo que ela fugisse e o deixasse? Meus dedos acariciaram suas madeixas cor de chocolate.

Mais uma manhã, mas tudo seria diferente. Levantei, tinha trabalho. Cobri Júlia melhor com o edredom. Ela remexeu se minimamente. Eu a beijei nos lábios e então me levantei a contragosto.

- Quer dizer que Eli está DOENTE? - perguntei a Magdalena, do outro lado da linha.

- Sim senhor. Acredito que ficará gripada. Liguei para avisar que chegarei um pouco tarde. Não tenho quem tome conta de Eli entao eu cuidarei um pouco dela e irei para o trabalho. - a voz de Magdalena a traía, mostrando o quanto estava preocupada com sua única filha.

- Magdalena, tire o dia de folga juntamente com Eli. Eu sei que deve estar preocupada com a filha, então sugiro que fique e cuide dela. - sugeri secretamente satisfeito por ter um tempo a sós com Júlia. As coisas ainda estavam um pouco confusas, eu queria ter a oportunidade de tornar meu relacionamento mais saudável.

- Ah, eu agradeço sua gentileza, senhor Mota! Prometo que compensaremos essa falta.

- Não se preocupe Magdalena, melhoras para Eli. - desliguei o telefone e olhei em volta. Precisava me mexer.

Sabendo que Júlia iria querer trabalhar e que não aceitaria perder tempo em algum lugar para tomar café, decidi fazer a comida. Ok, não poderia sair algo bom, eu nunca cozinhei.

Fui para a cozinha, vesti o avental deixado por Magdalena e olhei para os muitos armários. Além de não saber cozinhar, eu não sabia exatamente onde se armazenava a comida.

"Acho que o jeito é dar uma olhada em tudo." pensei enquanto abria os primeiros armários de inox.

Eu tinha missões a cumprir:

1º Encontrar comida;

2º Preparar a comida;

3º Não me queimar durante o processo.

E como eu imaginei...

1º Encontrei a comida;

2º Preparei a comida mais tradicional de um café americano que vi em um programa certa vez: panquecas e ovos;

3º Eu me queimei, quebrei um copo e não consegui dar a consistência ideal à comida.

"The contract" Adaptação MojuOnde histórias criam vida. Descubra agora