"Queria muito dela hoje"

71 1 1
                                    

Pov's Mota

Acariciava seu rosto enquanto a culpa me tomara. Eu devo contar a ela, pensei. Eu deveria contar sobre o contrato, mas... Um barulho soou em outro cômodo. Levantei deixando Júlia deitada em sua cama e segui para o meu quarto. Era o meu celular. Bufei ao identificar a ligaçao.

- O que você quer? Está cedo demais para incomodar os outros. - disse com azedume.

- Estou ligando para avisar que eu e Pedro já estamos de volta. Almoço hoje. Não falte! - Ana Júlia disse desligando em seguida.

- Que baixinha mais malcriada! - resmunguei desligando o celular e deixando-o em cima do criado mudo do meu quarto.

Eu sabia que logo Júlia acordaria e iria querer trabalhar. E eu sabia que dormir apenas por oito horas não era o suficiente para ela. Antes de me arrumar fui ao quarto dela e desliguei o relogio/despertador que ficava próximo de sua cama. Voltei ao meu quarto, tomei um demorado banho. No corpo algumas marcas já curadas das vezes em que Júlia foi minha. Para mim aquelas cicatrizes imperceptiveis eram um trofeu dos novos e bons tempos. Quando fui ao meu closet selecionar roupas que usaria no almoço com Minha irmã e Pedro, encontrei algo. No fundo do closet uma sacola de uma boutique feminina.

Curioso, peguei a sacola e a levei para a minha cama. Fiquei surpresa ao encontrar aquela sacola, nela havia um vestido e sapatos que comprei para Júlia certa vez. Na época eu a tratava mal, mas no dia que comprei eu queria ser diferente com a mesma, queria que nos entendêssemos. Foi naquele dia que Júlia passou a me destratar.

“Acho que não há problema em dar esse presente." pensei recolocando o vestido e os sapatos dentro da sacola.

Daria a ela quando ela acordasse, decidi. Vesti uma roupa bem casual (camisa pólo, calça e sapatênis) e fui para a sala de estar.

- Bom dia senhor Mota. - Eli cumprimentou.

- Bom dia. - disse sentando-me na mesa. Ela fez mençao de me servir, mas eu disse que estava tudo bem.

Tomei um gole de café, escovei meus dentes e logo estava na companhia de minha esposa.

Ela ainda dormia tranquila. Não resisti em apenas contemplá-la e me juntei a ela deitando-me ao seu lado. Nao sei quanto tempo se passou desde que
eu acordei ou quanto tempo fiquei olhando Júlia dormir. Acariciei seu rosto e então me inclinei em direção a ela beijando-a. Senti meu corpo entrar em combustao, algo normal quando se tratava dela. Ouvi murmúrios vindos da mesma e ao me afastar eu
a vi abrir os olhos vagarosamente. Júlia me fitou por alguns instantes e então se afastou.

- Mas o que...? - olhou em volta atarantada, como se não tivesse idéia de como chegou ao lugar onde estava. Olhou para mim avaliando-me dos pés a cabeça, parecendo surpresa com algo. Talvez fossem minhas roupas; dificilmente eu usava algo diferente de terno e gravata.

Eu me ergui da cama e extravasei, rindo abertamente de sua expressão desnorteada.

-Você fica uma graça com essa carinha atordoada, sabia? - disse a ela.

- Como eu cheguei aqui? A última cosia que me lembro é que eu estava no bar e... - ela parecia perdida em pensamentos, certamente tentando se lembrar como veio parar ali.

- Não se lembra de que eu a trouxe de carro? Então viemos para cá, os elevadores estavam com problemas e ficamos esperando no hall de entrada. Eu a carreguei até o seu quarto e, bom, você tomou banho e trocou de roupa. E, com a sua permissão, eu dormi aqui. - expliquei. Enquanto eu a olhava, Júlia absorvia em minhas palavras, queria demais tocá-la. Meus dedos formigavam diante dessa ânsia, dessa nova fome, mas procurei me conter. Ela era inconstante demais para ousar fazer algo que poderia irritá-la.

- Ah, tá. - disse como se não tivesse outra opção do que falar. Olhou em volta, parecia estar me evitando. - MERDA! Porcaria! - disse subitamente me assustando um pouco. Levantou se e quase caiu. Saiu tirando o pijama e indo ao banheiro.

- O que foi? - perguntei seguindo para o banheiro. Ela estava nua dentro do Box transparente, já ligava o chuveiro.

- Tô atrasada! Porcaria! Por que não me chamou? Se você não está a fim de trabalhar eu tô! - Júlia disse entrando debaixo da água morna. Virou-se e estacou. Mas eu ignorei sua surpresa, meus olhos percorreram seu corpo lindo que tive o privilégio de provar. Ela era linda, um corpo que incitava meus desejos mais primitivos rapidamente.

- Não precisa se preocupar. Já comuniquei sua falta para o RH. Você não precisa ir hoje. - murmurei incapaz de desviar os olhos dela, como se eu fosse uma mariposa atraída pela luz. A mesma me olhava e então notei o quanto estava sendo evasivo olhando daquele jeito. - Desculpe, eu... - murmurei.

- Pouco me importa se você está ai plantado me olhando nua. Até parece que já não conhece cada centímetro do meu corpo! O que eu não me conformo é que você poderia ter me chamado e não o fez. - prosseguiu com o seu banho como se eu não estivesse ali. Fiquei surpreso com o seu ato. Ela estava realmente permitindo que tivéssemos intimidade.

Entrei cautelosamente no banheiro e sentei em um banco que havia lá. Procurei não olhar muito para ela embora ela não ligasse para eu ato, ou procurasse ignorar.

- Você estava exausta ontem. Eu achei que seria melhor deixá la descansar por mais de oito horas para recuperar as energias. Ora vamos não adianta se desesperar agora! Você vai estar atrasada demais a essa altura! - tentei argumentar.

Eu queria passar o dia com ela, algo que não aconteceria se Júlia fosse ficar enfurnada em seu cubículo. Pude notar quando a mesma compreendeu meu discurso e o aceitou relutante.

- Eu não vou ficar o dia inteiro aqui em casa. Eu não estou habituada a ficar aqui, ainda mais a toa. - resmungou.

- E quem disse que ficaremos aqui? Ana Júlia retornou da fazenda e nos convidou para almoçarmos em sua casa. Arrume-se e iremos para lá. - eu esperava que Júlia aceitasse, mas duvidava. Ela tinha prazer em me contrariar.

- Sua irmã e Pedro retornaram? - perguntou olhando diretamente para mim.

Oh droga! Eu estava novamente olhando para ela, apreciando sua nudez e os movimentos graciosos que fazia em uma tarefa tão corriqueira como seu banho. Devo ter corado, isto era humilhante!

- Sim. Era para ser um jantar, mas como vieram cedo será um almoço. E então? Você já recusou muitos convites da Ana por motivos óbvios, mas agora não tem por que recusar. - falei rapidamente tentando ser novamente coerente,

- Eu sei que não tenho. Tudo bem João Pedro eu vou com você. Agora pode me dar licença? Eu quero me arrumar. - pediu. Como se eu fosse um robô, eu me levantei e segui para a saída.

Bom, eu fiz bem em sair. Lembrei do presente
que havia comprado para ela e por algum motivo eu queria que ela usasse hoje. Fui ao quarto e o peguei deixando em cima de sua cama. Eu não me surpreenderia se ela acabasse usando qualquer coisa que não fosse à roupa que escolhi, mas queria ver se ela me surpreenderia abrindo uma nova concessão.

{...}

Eu a esperava ansiosamente na sala. Queria muito da mesma hoje. Queria sua companhia, queria que ela me permitisse tocá-la, queria ser de fato seu marido. Será que Júlia me permitiria esse tanto? Ainda que por um único dia?

"The contract" Adaptação MojuOnde histórias criam vida. Descubra agora