Maratona = (extras)
- Ligue e diga que você vai sozinho. Eu não pretendo sair com você! - disse furiosa.
Sua fúria doía em mim como um soco. Eu sabia
que era uma fúria justificada, mas, mesmo assim, eu nao me conformava. Até quando Júlia ficaria na defensiva agindo como se ainda fossemos inimigos? Só existia uma forma de fazer ela sair de cima do muro, para o bem ou para o mal.. Tínhamos que conversar.- Júlia, nós precisamos conversar. Você sabe disso. Entao eu pensei que seria bom se fôssemos...
- Não precisamos ir para lugar nenhum para conversarmos! Podemos conversar aqui! - exigiu. Notei que ela estava na defensiva por alguma razao, talvez tivesse medo que eu fosse novamente persuasivo.
Ela teria que temer mesmo o meu poder, eu não iria entregá la de mão beijada.
- Eu não quero conversar aqui sujeito a intervenção de qualquer um. Por favor. - supliquei a mesma olhou para mim por alguns instantes, mas logo desviou os olhos.
- Me dê uma boa razão para ir com você? - cruzou os braços numa posição ainda mais defensiva.
- Eu não aceitarei conversar em outro lugar. - disse firmemente.
Pensei que Any me daria uma rápida negativa e diria algum palavrao acompanhando sua resposta, mas para a minha surpresa...
- Tudo bem. Aceito o convite não por você, mas pela Ana Júlia e pelo Pedro. Eu já recusei convites demais deles.
Congelei. Ela disse sim? Realmente disse sim? A garota levantou-se. Seu ato me deixou alarmado.
- Aonde vai? - perguntei.
- Vou arrumar algumas coisas e fazer uma ligação. - seguiu para o seu quarto.
Devo confessar que sua atitude me deixou nas nuvens. As coisas estavam realmente ao meu favor como jamais imaginei que estariam.
“Agora eu preciso ser cauteloso. Franco está muito vulnerável agora. Se eu não agir corretamente..." não queria nem pensar nas possibilidades que não iam de encontro aos meus desejos.
Fui para o meu quarto e rapidamente aprontei uma mala com alguns pertences, poucos. Enquanto isso minha mente pensava no que eu diria na conversa definitiva.
Contaria a Julia sobre o contrato?
Como ela reagiria se soubesse de toda a verdade? Será que dizer que eu a amo loucamente seria o bastante para ela me perdoar?
Tantas dúvidas, nenhuma certeza. Essa seria a maior de minhas jogadas. Eu não estava no jogo para perder. Após arrumar minha bagagem, fui para a porta do quarto Dela.
Ela falava com alguém ao celular e pude captar apenas um pedaço de sua conversa, justamente o pedaço que eu não gostaria de ouvir.
- Eu amo você Leonardo. Agente se vê depois.
Nunca pensei que palavras pudessem doer. Sempre achei que era bobagem quando me diziam isso. Agora que comprovei, sei o quanto dói. Teria sido melhor se Júlia me agredisse munida de uma arma branca, seria um bálsamo na verdade.
E toda a confiança que senti desde que nos amamos noite passada desapareceu sendo substituída por uma insegurança terrível. Meu corpo inteiro tremia, minha boca estava seca, minha respiraçao e batimentos cardíacos acelerados. Fiquei encostado próximo a porta enquanto digeria as palavras que ouvi.
"Eu amo você Leonardo. Agente se vê depois." Ela o amava? Não, isso não era possível! Ela
não poderia amar alguém que conheceu tão rapidamente. Ela não poderia...Meus pensamentos foram interrompidos pela sua presença. Segurava uma pequena bolsa, a mesma bolsa que usou na noite passada.
- Vamos logo acabar com essa palhaçada! - falou já seguindo para a saída.
Pude ouvir sua voz murmurar algo como "hoje tudo isso irá acabar", mas não tinha certeza. Fosse o que fosse naquele dia tudo seria decidido, meu futuro seria decidido.
Só o pensamento me deixava com a boca seca.
Seguimos silenciosos para a garagem. Eu olhava para ela, mesmo naquela postura indiferente ela era linda. Eu queria tanto segurar sua mão e minha vontade quase sobrepujou a razão algumas vezes. Não, eu não poderia! Paciência, eu tinha que ter paciência.
Assim que entrou no carro, Júlia encolheu-se num canto olhando a paisagem ofertada pela sua janela. Suspirei. Seria uma longa viagem, eu tentando faze-lá falar. Procurei me resignar, eu já estava tendo muito mais do que pensei há alguns dias. Liguei o carro engatando a primeira marcha. O alívio que eu sentia a cada metro que eu avançava com o carro para longe de tudo, longe principalmente de Leonardo era palpável.
Eu tive a felicidade de ter Júlia por uma noite. Agora que eu estava viciado nela, não tinha como eu abrir mão do que me pertencia.
Pov's Júlia
Desconfortável
Sim, essa palavra definia muito bem como eu estou me sentindo agora, enquanto dividia o espaço do carro com João Pedro. Nunca, nem mesmo quando eu era invisível para ele, eu havia me sentido assim.
Fiquei durante uns bons minutos na mesma posição: colada a minha porta olhando para a paisagem fora da janela. Só voltei à realidade quando uma música romântica soou dentro do carro. Mota havia ligado o aparelho de som. Nao contei outra, desliguei o aparelho. Rapidamente voltei a minha posição original.
- Não gostou do CD que eu coloquei? Posso trocar por outro...
- Não quero ouvir música alguma! - falei o mais rispidamente que pude, mas por algum motivo eu já não conseguia ser tão severa com ele.
- Ok. Então vamos contemplar unicamente o silêncio. - falou num tom divertido.
Olhei de esguelha para o mesmo; ele parecia relaxado, feliz. Como eu odiava aquele semblante feliz!
Eu não queria pensar, mas olhando para ele foi inevitável não lembrar. O seu cheiro, o seu calor, seus gemidos... Tudo estava cravado em mim, em meu corpo. Eu nunca conseguiria me livrar dele agora. Claro que isso não queria dizer que eu não iria tentar.
O silêncio estava agradável, mas eu já imaginava que João Pedro iria rompê-lo.
- Você vai adorar a fazenda. É um lugar lindo e oferece muito entretenimento sadio. Ana Júlia provavelmente vai mantê-la ocupada o dia inteiro.
- Não estou indo para esse lugar para me divertir. Estou indo porquê você impôs essa condição. Conversaremos assim que chegarmos lá e eu voltarei para a cidade.
- Júlia, eu prometi que conversaria com você, mas não disse que horas.
Virei me para vê-lo. Eu estava bufando.
- COMO ASSIM? JOÃO PEDRO MOTA VOCÊ DISSE QUE...
- É pegar ou largar Júlia! Eu só conversarei ao anoitecer com você. - dizia tranquilo. Eu queria esganá-lo por me colocar nesse joguinho dele.
Por que está fazendo isso? O que espera de mim enrolando-me desse jeito? - perguntei.
Mota a princípio pareceu refletir, mas logo trocou a expressão vazia por um sorriso.
- Só quero que você conheça a fazenda. Não é todo dia que se tem tal oportunidade. - falava num tom suspeitosamente tranquilo. No entanto eu notei certa tensão nele. Desviei meus olhos para a janela do carro e foi naquele momento que eu vi.
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"The contract" Adaptação Moju
Hayran KurguUm plano mirabolante envolvendo uma jovem pura e um ambicioso empresário. Júlia Mara Franco é envolvida em um esquema criado por João Pedro Mota acreditando que o mesmo a ama, mas a realidade é muito diferente disso. Mota precisava casar para poder...