"Ter minha fortuna e descartá-la"

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Pov's Mota

Os seus olhos castanhos estavam em mim
claramente confusos. Ela não esperava por uma
intervenção em sua queda, supus. Só então notei
o porquê dela me olhar surpresa, para não dizer
assustada: eu estava próximo a ela, meus olhos nos seus e minha mão ainda em suas costas. Afastei-me para lhe dar algum espaço. Notei o seu crachá, fonte de informação da qual eu  precisava.

- Eu... Obrigada, eu.. - a moça gaguejou, meus olhos ainda em seu crachá.
Seu nome era Júlia Mara Franco um nome bem comum por sinal. Setor: contabilidade. Eu poderia supor só pelas informações que a garota era comum, ou seja, um saco! Mas ela pareceu ganhar a simpatia de
Ana Júlia e..

Júlia recuou um passo. Eu agarrei seu crachá para impedi-la, queria mais informações, mas não havia muito em seu crachá além de... O código.
Código com
informações pessoais que ficavam no RH. 24567
era o número. Bastava ter acesso a um computador, meu computador, e digitar o código para saber mais sobre ela. E então Júlia seguiu para longe, eu devo tê-la assustado. Bem, dane-se!

- Hei João onde estava? - Kate me questionou, fui
direto para meu computador.

- Estava resolvendo meus problemas se quer saber.
- dei um sorriso soturmo e acessei o programa que mostrava informações dos funcionários.

Digitei o número de Júlia Franco, 24567. Lá estava, o arquivo completo da garota. Sorri.

- o que está vendo? - Kate perguntou e veio para
trás de mim. A ignorei enquanto imprimia uma
folha com os dados de Júlia. - Quem é essa?

- Júlia Mara Franco, minha futura mulher. - disse
levemente divertido. Kate se enervou com o que
disse.

- COMO ASSIM SUA FUTURA MULHER? QUE PAPO É ESSE JOÃO PEDRO?

- Pare de gritar! - esbravejei enquanto pegava da
impressora aos dados de Júlia. Nome, endereço,
telefone... Tinha tudo o que precisava.

- Por que ela? Diga-me por que escolheu essa
mongolóide? - ela perguntou enquanto se afastava e sentava em uma poltrona a minha frente.

- Eu a vi conversar animadamente com Ana Júlia. Qualquer uma que tenha a simpatia da minha irmã pode ser minha esposa. E eu não tenho tempo para procurar, não posso perder tempo. Claro que eu preciso saber se ela sente algo por mim.

- Kate, você fará isso.

- O QUE?- ela perguntou com aspereza e surpresa.

- O que você ouviu. Você vai investigar para ver se aquela moça, Júlia, sente algo por mim.
Essa é sua foto e seu setor. -disse passando a ficha da garota para Kate.

Kate não estava nada contente, mas não poderia
reclamar. Afinal ela sabia que minha irmã não iria aceitá-la.

- Que seja. Muito embora eu ache que você não
precise se preocupar João Pedro. Ainda que essa tal de Júlia  fosse casada e com filhos, ela cederia a você se é isso que deseja. Ainda sim eu acho que você deveria pesquisar um pouco mais.

- Não, eu a quero. - minha voz soou com
intensidade, algo que impressionou até a mim. Por que eu queria tanto aquela mulher? Eu não sabia.

Algo na conversa animada com Ana Júlia, algo em seus olhos.

-Kate, fique na cola daquela mulher
hoje. - ordenei.
Kate foi contrariada, mas foi.

Fim de tarde, estive ocupado com muitas coisas do trabalho e Kate ficou na cola de Júlia ou pelo menos fingiu fazê-lo. Enquanto resolvia meus assuntos pensava no que faria, independente se ela gostava de mim ou não, era comprometida ou nāo, pensava no próximo passo.

Eu teria que tê-la em pouco tempo, no máximo quatro meses. Após o casamento
eu teria de suportar um ano com a garota, mas ela poderia pedir o divórcio.

Seria fácil me desfazer dela, eu sabia ser insuportável quando queria.
Distraí-me com os planos e quando dei por mim
estava na hora de ir. Kate entrou aborrecida em
minha sala.

- E então? Descobriu algo? - perguntei com os olhos
na ficha que imprimi com informações de Júlia.

- Descobri que ela é uma babaca, você não vai
aguentar nem dez segundos com ela! - Kate disse
zombeteira.

- Estou falando sério Kate. - falei com aspereza.

- Eu também amor. - ela disse com um soriso
zombeteiro. Suspirou - Aquela garota não
demonstra como as outras. Não sei o que pensar se ela sente algo por você como todas as funcionárias ou não. Ao invés de perder tempo com isso tente logo conquistá-la e tão logo se desfaça dela Mota .
Quanto mais rápido melhor.

- Em outras palavras você não cumpriu com o seu dever de vigiá-la, não é, Kate?

-Eu fiquei olhando para aquela songa monga, mas não notei nada. Aliás, ela já está saindo para casa. - quando Kate disse isso eu despertei.

- Então é melhor eu verificar onde ela mora
exatamente. - levantei-me e peguei meu paletó
vestindo-o.

- Vai seguir a "sem sal"?- Kate perguntou
emburrada. - Pensei que ficaríamos juntos esta
noite.

- Outro dia meu bem. Isso é importante.

- Então posso esperá-lo no seu apartamento? - ela perguntou esperançosa em passar a noite comigo, mas naquela noite eu não queria sexo, queria solução para meus problemas e uma boa dose de uísque.
-Amanha, quem sabe. Hoje não Kate. - e então eu
saí.

Felizmente consegui acompanhar Júlia quando
esta entrou em um ônibus, quando desceu e seguiu para um prédio de apartamentos pequenos para solteiro. Meus olhos acompanhando-a nas menores coisas, gestos.

Eu poderia esperar e escolher algo mais sexy, a tal de Júlia era tão comum que chegava
a enojar. Minha intuição apontava apenas para
ela, como se apenas ela servisse. Prometi a mim
mesmo que tão logo começaria o plano, conquistá-la e em seguida me desfazer dela, Rápido, letal.

Eu não consegui encontrar a compaixão pela garota enquanto pensava na fortuna que iria herdar.
Que se danem os sentimentos dela! Ela seria minha!
Eu iria ter minha fortuna e então iria descartá-la, simples assim.

"The contract" Adaptação MojuOnde histórias criam vida. Descubra agora