Pov's Júlia
Mota estava me traindo. Poderia ser com Kate ou com outra vadia qualquer. Eu lhe ofereci tudo inclusive o meu corpo, mas João Pedro me recusou preferindo pagar para ter o prazer com uma estranha. Estes pensamentos nocivos me açoitaram repetidas vezes.
Por que comigo?
Por que elefez isso comigo?
Por que matou o amor tao puro que eu nutria por ele?Eu jamais o entenderia. O pior era que eu estava me rebaixando ao seu nível. Aqui estava eu dentro de um táxi preparada para ficar com o primeiro sujeito que aparecesse. Agindo assim eu seria igual a ele e nem poderia contestá lo. Essa não era a melhor forma de superar, eu sabia.
- Moça? Chegamos. Este é o lugar mais badalado que conheço. - o motorista disse. - Moça? chamou novamente quando percebeu que eu não notava seu chamado.
Eu o olhei. Em seguida olhei a janela do táxi para a boate que o motorista me trouxe.
- Mudança de planos. Leve-me a um hotel. - disse numa voz estranha até para mim. Ele me olhou confuso, mas acatou meu pedido.
- Como quiser.
O hotel em que me hospedei para uma única
noite era simples, mas até mesmo um local menos abafado serviria. Não bebi desta vez, mas com toda a sinceridade seria melhor ficar alcoolizada. Quando eu estava sóbria as lembranças do inferno que vivi com Mota durante dois meses me atormentavam. Então eu não me surpreendi quando a vontade de chorar veio. Deitei na cama e chorei a vontade sem me preocupar com nada já que nao havia ninguém para testemunhar o meu momento de fraqueza.Eu sonhava com um casamento dos sonhos, eu queria ter tido um casamento assim. Eu queria ter vivido um conto de fadas com João Pedro. Tudo estava perdido... Tudo.
"Se eu não serei mais feliz, ele também não será!" pensei e não me importei com a mesquinharia dos meus pensamentos.
Acabei adormecendo após chorar.
Hmmm.. murmurei.
Grogue, coloquei a mão em meus olhos para impedir a passagem de luz pelas minhas pálpebras. Tentei me lembrar de tudo o que aconteceu antes de eu acordar. Lembro-me de João Pedro, bêbado, em minha cama e como se não bastasse ele tinha marcas de batom no seu pescoço...
- Babaca! - esbravejei sentando-me na cama.
Tudo era só calmaria no quarto de hotel em que passei a noite. Distraidamente eu peguei minha bolsa e meu celular no interior da bolsa. Foi naquele momento que vi:
1º Haviam diversas chamadas não atendidas, até mesmo chamadas dele;
2º Já passava do horário de entrada na empresa.
- PUTA QUE PARIU! - gritei pulando da cama, catando as poucas peças de roupa que tirei e que estavam no chão e praticamente correndo para a saída.
Sim, eu estava perdida! Poderia ter ido diretamente para a empresa, mas já era tarde demais. Ao invés disso passei em casa, tomei um bom banho, troquei de roupa e comi algo ofertado pelas empregadas. Eu não sabia o que diria para justificar o meu atraso, mas sabia que João Pedro esbravejaria, talvez até me demitisse...
"Que o faça! Tenho certeza que posso conseguir um emprego muito melhor do que o de contadora daquela empresa!" pensei enchendo-me de confiança e adentrando a empresa.
Notei os olhares sobre mim, claro, eu não só estava fisicamente diferente como aquela era a primeira vez que faltei. Ouvi uns assovios, algo atípico para mim. Quando eu era a Júlia simplória escondida por detrás de roupas largas nunca ouvi um assovio sequer dos homens que trabalham, mas agora era diferente. Eu usava uma calça jeans azul bem justa, salto alto rosa e um blazer branco por cima da blusa branca.
Estava maquiada e usava meus cabelos soltos com cachos muito bem definidos pelo babysss. Isso me enojava, essa superficialidade dos que me cercavam.
Cheguei em meu local onde trabalho, Bela estava lá. Levantou se rapidamente quando me avistou.
- JÚLIA! Onde esteve? Fiquei preocupada, você nao é de faltar e...
- Eu estou bem Bela - sentei em minha mesa ligando meu computador. - Alguém notou meu atraso? - perguntei sabendo o que me diria.
- Todo mundo notou! Você nunca fez isso. Estávamos cogitando a possibilidade de você estar morta.
- Não seja dramática Izabela! Eu só perdi a hora, só isso.
- E como perdeu a hora? Por que o imprestável do seu marido não a acordou?
- Por que eu não dormi em casa. - disse, mas não imaginei que Bela levaria para outro sentido o que disse.
- Júlia Mara Franco, você ficou com alguém ontem? - perguntou assustada.
- Não, mas não dormi em casa. Eu fui dormir em um hotel.
- E por que fez isso Júlia? lembrei me de João Pedro e seu estado deplorável. Ponderei não contar, mas Bela já sabia de tudo assim como Duda e elas foram legais em me contar a verdade que me escapava, de que João Pedro me traia.
- Ele estava bêbado, dormindo na minha cama. O pescoço cheio de marcas de batom. Eu não ia ficar naquela casa! - tentei ser indiferente, mas nao acho que tenha enganado.
- Que estranho. Por que ele foi deitar justamente na sua cama?
- Sei lá Bela. O cara parece estar pirando pelo meu comportamento. Não entendo o porquê disso. - Minha indiferença só deveria facilitar as coisas para ele.
- Sei não Júlia. Acho que toda essa mudança o está perturbando. - o tom de voz de Izabela me fez olhar para ela. Ela tinha um sorriso matreiro no rosto.
- O que quer dizer? - perguntei sem entender a lógica da sua afirmação.
- Sabe o que dizem sobre os homens, eles adoram mulheres que os maltratem.
- O que está insinuando? Que eu estou fazendo Mota gostar de mim? - falei descrente. Bela deu de ombros.
- Se acha que o que digo é impossível então como explica o modo como ele ficou após descobrir que você nao estava aqui na empresa? - Bela perguntou retoricamente.
- Como ele ficou? - perguntei em um tom de voz fraco.
- Foi uma coisa estranha. Um misto de preocupação e fúria. Foi tão bonitinho! Ele andava de um lado para o outro olhando para cá. Eu deveria ter filmado isso! - Bela gargalhou e fiquei frustrada em saber que tinha perdido a chance de ver a expressão que ela descrevia, devia ter sido cômica.
- Ele ligou para mim, mas eu não atendi. Eu não ligo para o meu atraso. Vou ficar quietinha aqui no meu canto trabalhando e provavelmente eu só o verei... - falei de costas para Bela com os olhos no meu monitor.
- Júlia Franco. - a voz interrompeu o que eu dizia.

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"The contract" Adaptação Moju
FanfictionUm plano mirabolante envolvendo uma jovem pura e um ambicioso empresário. Júlia Mara Franco é envolvida em um esquema criado por João Pedro Mota acreditando que o mesmo a ama, mas a realidade é muito diferente disso. Mota precisava casar para poder...