- Eu não preciso de babá! - falou ríspida. Antes que eu pudesse dizer algo, Júlia desapareceu por entre os corredores do local.
- Saco. - esbravejei seguindo para uma poltrona.
Desejava ser mais participativo, ainda que em um único dia, da vida dela, mas estava difícil. Eu não sabia como proceder, como ganhar espaço em sua vida. Franco havia criado um muro em torno de si impenetrável, isso a mais de um mês.
Não, eu estava equivocado. Não foi ela que criou um muro intransponível em torno de si, fui eu que criei o muro em torno dela.
"Eu tenho que romper esse muro hoje, caso o contrário..."
- Senhor Mota? - uma atendente me chamou, não era a mesma que estava com Júlia. - Deseja algo? Uma bebida?
Refleti. Pensei. Respondi.
- Desejo algo para vestir também e... - levantei-me. Cochichei para a funcionária. - Quero saber qual cor minha esposa escolherá para as suas vestimentas. Quero que façamos um par no evento em que participaremos.
Sorri. Júlia ficaria enfurecida se fossemos combinando, posso apostar.
Apesar do gasto exorbitante daquela manhã
(as compras de Júlia foram igualmente caras
se comparado com o valor que eu estava desembolsando com a sua companhia), eu estava me sentindo bem. Bem por que eu previa que meus planos estavam seguindo seu curso e, com um pouco mais de habilidade de minha parte, poderiam possibilitar um entendimento entre Minha esposa e eu.É claro que estar próximo a ela não era o suficiente, eu teria de encontrar o momento para dizer algo. Não poderia contar o porquê de meus atos no passado, mas poderia tentar apaziguar a situação e, quem sabe, ter Júlia como minha esposa legítima.
Eu queria ter ela como minha esposa. Não era algo meramente carnal, eu sabia. Eu me contentaria com tão pouco dela! Um sorriso, um bom dia, qualquer coisa!
Se esta não era uma prova de que eu a amava então eu desconhecia completamente o amor.
Seguimos para o carro, funcionários arrumaram nossas compras no porta malas.
Por alguns instantes o silêncio imperou. A garota continuava raivosa, se dependesse dela para quebrar o silêncio eu nunca mais ouviria o som da sua VOZ.
- E agora vamos ao SPA. Eu não tinha a intenção de frequentar o SPA, mas eu terei um dia de beleza só para lhe fazer companhia. - falei sem conseguir deixar de lado o deboche. Eu sabia que ela reagiria mal ao saber que eu lhe faria companhia.
- Escute aqui João Pedro só por que eu aceitei dinheiro não significa que aceitei ficar de papo. Só irei representar o papel de boa esposa quando for o momento. - falou irritada. Aquilo me incomodou. Eu queria amainar as coisas entre nós antes do evento, mas parece que tudo só ficaria na tentativa.
- Então tudo bem. Mas terá de representar bem afinal eu posso exigir reembolso se você não agir como eu quero. - disse ríspido movido pelo aborrecimento que me tomou com aquelas palavras. O modo como ela me olhou, cheia de fúria, fez com que eu me arrependesse de minhas palavras.
- Claro afinal de contas você está pagando. De que outra forma eu o trataria bem?
Amuado, dei atenção ao trânsito. Por que ela não podia baixar a guarda um pouquinho?
O SPA. Infelizmente tive de me separar dela, a ala feminina ficava afastada da ala masculina. Por um lado era bom, eu tinha que planejar meu próximo passo. Nao seria fácil dobrar Júlia, pude sentir pela aspereza com que ela agia. No entanto eu não estava neste jogo para perder. Estava apostando todas as minhas fichas nesse momento em que, apesar de estarmos cercados por pessoas, seriamos somente ela e eu.
Enquanto estou em uma sessão de massagem, meu celular toca. Estico um pouco meu braço e o pego. Suspiro ao ver o número no visor.
- O que você quer Kate? Eu estou ocupado. - despacho.
- Eu estou bem também, obrigada. - ela fala num tom desdenhoso. - Você tem um evento hoje. Sabe disso.
- Eu sei, estou me arrumando para o tal evento. Era só isso?
- Mota, nós precisamos conversar.
- Kate, não é o melhor momento.
- E QUANDO SERÁ? O QUE DEU EM VOCÊ? ESTÁ HÁ UM MÊS SEM...
- Kate, eu vou desligar. - desliguei o celular para não ser incomodado.
Claro que Kate estava confusa e furiosa, há um mês eu não a tocava. Eu a tratava apenas como uma mera secretária. Desde que descobri que amava Júlia, eu evito Kate. Kate estava a ponto de explodir e eu temia sua explosão. Por hora as bonificações que eu lhe dava a amordaçaram, porém ela era inconstante.
"Eu preciso ter cuidado com ela." pensei.
- Posso ver a minha esposa? Já estou com saudades dela. - disse enquanto a massagista afastava se. Eu estava deitado em uma esteira coberto apenas por uma toalha branca.
- Isso depende de sua esposa, senhor Mota. Se ela desejar... Quer que perguntemos a ela? - a massagista disse enquanto suas mãos faziam seu trabalho em meu corpo.
Fui relaxando sob o seu toque enquanto pensava no que deveria dizer. Agir como um homem sedutor era fácil, mas isso não iria funcionar com Júlia . Eu precisaria dizer a ela, talvez falar o que eu sentia muito embora eu soubesse que não seria algo fácil.
Ser complacente com ela estava sendo um verdadeiro exercício de paciência.
Primeiro descubro, após o término de minha estadia no SPA, que voltou sozinha para casa. Não cheguei a vê-la quando já estava na cobertura, ela havia se refugiado em seu quarto provavelmente terminando os últimos retoques em sua aparência.
Aproveitei o momento para me trocar, vestir o smoke clássico que comprei na butique.
Esperei por Ela na sala, mais e mais impaciente a cada minuto. Talvez estivesse se atrasando só para me irritar, pensei. Eu não duvidava que fosse esse o caso, mas diante da expectativa que tinha de que as coisas se resolveriam ao meu favor, eu não liguei.
Eu sabia que a espera não seria em vão e a certeza só se confirmou quando eu a vi.
Caminhei até a extensa sacada vendo a imagem que me era oferecida.
- Estou pronta. Vamos logo para acabar com essa palhaçada. - disse num tom ríspido.
Virei me e a vi. A imagem me paralisou. Após descobrir meus sentimentos, não imaginei que teria uma visão ainda mais incrível do que eu já possuía. E lá estava eu embasbacado vendo ela ainda mais magnífica do que em qualquer outro dia. Como eu não pude vê-la antes? Nenhuma mulher que conheci se equiparava a Júlia Franco.
- Entao vai ficar me encarando como um idiota ou vai se mexer? - falou com aspereza seguindo para a porta.
Seu mau humor não me afetou. Eu estava ansioso porquê tudo estava ao meu favor. Eu podia sentir que iria vencer, apesar da resistência. Talvez a própria Júlia já sentia isso. Embora tentasse se esconder através de uma máscaras de indiferença, eu pude notar, enquanto a olhava, que ela estava nervosa. E seu nervosismo aumentava exponencialmente enquanto seguíamos para a garagem.
Por alguns instantes o silêncio entre nós prevaleceu. Não era algo ruim, eu precisava mesmo pensar em qual seria meu próximo passo. Lembrei me então que a aliança dela estava comigo.
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"The contract" Adaptação Moju
FanficUm plano mirabolante envolvendo uma jovem pura e um ambicioso empresário. Júlia Mara Franco é envolvida em um esquema criado por João Pedro Mota acreditando que o mesmo a ama, mas a realidade é muito diferente disso. Mota precisava casar para poder...