- Júlia, nós chegamos. Venha. - João ofereceu sua mão e me puxou para ficar de pé. Segui trôpega pelo aeroporto, com ele sustentando meu peso.
Havia anoitecido. Ana Júlia estava toda serelepe, não parecia que as horas no avião a afetaram; Pedro parecia um pouco cansado.
- Vamos para algum restaurante comer. Depois podemos ir ao shopping e...
- Nem pensar Ana Júlia! Vá com Pedro se quiser, mas Júlia irá para o hotel dormir. - disse Mota num tom autoritário.
Eu estava sonolenta demais para analisar a discussão
que se iniciou: Ana querendo sair com todos juntos, e Meu marido querendo uma boa noite de sono para mim. Rapidamente fomos a um resort no litoral. O lugar era lindo, apesar de eu estar cansada demais para notar muito além, e foi Pedro que conseguiu o lugar. O proprietário do local era cliente dele. Iríamos cada um ficar em uma suíte presidencial que ficavam em um único andar. Nossas malas foram levadas por funcionários e assim cada um seguiu seu rumo. Amanhã seria nosso primeiro dia em Miami, muito a fazer.- Você está exausta. É melhor ir direto para a cama, ou quer comer? Posso pedir algo para a recepção e...
- Eu quero apenas um bom banho. Depois eu vou dormir. Se estiver com fome pode pedir algo para você. - sugeri abrindo uma de minhas malas e pegando um pijama de algodão, assim como um roupão e meu kit para higiene pessoal.
- Não estou com fome. Também estou cansado, mas acho que vou tomar um banho. Posso tomar um banho com você?
Ok, nunca nós havíamos tomado banho juntos. E eu nunca pensei seriamente no que faria quando o dia em que ele me pedisse chegasse. Eu o encarei com estranheza e João Pedro ergueu as sobrancelhas como que dizendo "qual a sua resposta?”.
- Tá. - disse.
A verdade é que eu queria ter dito não, mas não consegui. Sem dizer mais nada eu fui para o banheiro e acreditem, passei vários minutos olhando a suntuosidade do lugar tentando compreender que aquilo, maior do que o meu quarto na cobertura, era um banheiro.
Deixei meus pertences em cima da bancada de mármore negro, prendi meus cabelos não querendo molhá los e fui me despindo deixando minhas roupas e acessórios em cima de uma cadeira. Nua, segui para o chuveiro notando que no Box de vidro temperado havia dois chuveiros. Liguei um chuveiro e entrei nele escolhendo uma água na temperatura ambiente ao invés de morna.
Quando eu terminava de passar sabonete líquido em meu corpo, Mota entrou. Meu corpo ficou tenso e tentei fingir que estava despreocupada, relaxada. Fiquei de costas pata a entrada do Box imersa demais no mecanismo do banho. Ele ligou o chuveiro em frente ao meu. E eu não pretendia puxar assunto, parecia algo estranho nós dois nus conversando no banheiro, mas João falou mesmo assim.
- Você deixou uma coisa no chão. - disse em um tom de voz estranho. Continuei de costas para ele lavando meu corpo e assim retirando os vestígios de sabão.
- E o que seria? - perguntei com desinteresse.
- Pílulas anticoncepcionais e diafragma. Estavam na mala onde você coloca seus produtos de higiene pessoal.
- Ah, eu devo ter me descuidado. Estava com pressa para tomar banho. Guardo quando acabar daqui.
- Não precisa. Eu já fiz isso. - o tom de voz ainda era estranho. Não resisti e o olhei. Ele parecia imerso em pensamentos.
- O que foi? - perguntei fechando meu chuveiro e olhando-o se banhar nas águas.
- Há quanto tempo está tomando anticoncepcional? - perguntou. Dei de ombros.
- Uns três dias. Fui a uma ginecologista e pedi para que me receitasse. Ela também me passou o diafragma, mas acho que esse eu não irei usar. Meio complicado de colocar. Por quê? - João Pedro ficou calado por alguns instantes até falar.
- Por que não me contou? - e seus olhos refletiam uma espécie de acusação. Não entendi.
- Não pensei que fosse algo significativo para contar. Eu devo ter me esquecido. Por que está assim? - tentei tirar uma conclusão de seu comportamento nada simpático através do que via, mas Mota me olhava agora com uma expressão insondável.
- Tudo sobre você é significante para mim. Além disso, quando se trata de proteção num relacionamento íntimo, o casal deve conversar sobre isso.
- Não há o que conversar João. Eu só estou me prevenindo de uma gravidez indesejada. Só isso. Eu pensei nisso por nós dois. Acredito que você não deva estar ansioso para ser pai. - brinquei, mas meu sorriso morreu ao ver a expressão carrancuda que tinha no rosto.
- Você tirou uma conclusão precipitada. Deveria ter conversado comigo antes. Acho que só eu posso falar por mim, assim você saberia se desejo ter um filho ou não. - com essa eu tive que me calar. Ele definitivamente não tinha cara de que desejava ser pai, mas o modo como falava me levava a pensar o contrário.
- E você quer ser? Você é meio jovem para isso, não é? Tem vinte e três.
- Eu não sou jovem Júlia. Homens se tornam pais aos dezesseis hoje em dia. Vinte três é uma idade perfeita. - eu nem estava mais concentrada no banho. Eu não conseguia desviar os olhos de seu rosto, pasma com as declarações feitas por ele naquele momento.
- Mas você já pensou no assunto alguma vez? - perguntei e, só para acompanhá lo, liguei novamente o chuveiro e voltei a molhar o meu corpo. Meus olhos ainda o encaravam. O mesmo pareceu ficar constrangido com a minha pergunta.
- Bom... Eu nunca havia pensado na possibilidade até agora. Mas eu sempre pensei que você queria. Quero dizer você tem aquele estereótipo de mulher que deseja casar e ter filhos então eu pensei que você queria ser mãe.
- Isso não me passou pela cabeça. Não me sinto preparada para ser mãe e você certamente não está preparado para ser pai.
- Não existe isso de estar preparado ou não! Ninguém nasce preparado para ser um pai ou uma mãe. Se tivéssemos um filho eu faria de tudo para ser um excelente pai. Eu iria administrar isso bem. - falou num tom raivoso.
Sua raiva injustificada pelo assunto discutido despertou algo em mim, algo que eu estava tentando suprimir.
- Você mal conseguiu administrar um casamento, que dirá um filho. - soltei um pouco do ressentimento que ainda havia em mim pelas coisas que passamos logo no início do nosso casamento.
Não olhei para ele a fim de saber o que despertei com minhas palavras. Desliguei meu chuveiro pegando o roupão pendurado a poucos metros.
-Vou dormir. - Disse.
- Espera! Olha, não queria aborrecer você. Não queria discutir. Quando sugeri que tomássemos banho juntos eu tinha outra coisa em mente. - sorri, eu sabia onde ele queria chegar.
- O que tinha em mente? - perguntei fechando meu roupão; ainda estava de costas para ele.
- Seduzir você e convencê-la a fazer amor comigo aqui antes de dormir. - falou amuado. Eu me virei e disse num tom brincalhão.
- Um ótimo plano, mas hoje dormirei cedo. - virei-me pronta para sair do banheiro, ignorando os protestos de meu meu marido, mas algo me impediu de sair de imediato. Os meus pés estavam molhados e descalços e o piso não era antiderrapante. Conclusão: eu escorreguei.
- AI.
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"The contract" Adaptação Moju
FanfictionUm plano mirabolante envolvendo uma jovem pura e um ambicioso empresário. Júlia Mara Franco é envolvida em um esquema criado por João Pedro Mota acreditando que o mesmo a ama, mas a realidade é muito diferente disso. Mota precisava casar para poder...