"Eu iria cair no chão, de cara"

43 1 1
                                    

Eu teria ficado com raiva dela certamente, mas depois de tudo o que vivi com Mota, todos os momentos felizes, eu nao poderia ficar com raiva. Eu deveria agradecê-la. Sorri.

- Então tenho que agradecê-la. Obrigada. - falei segurando sua mão na mesa. Bela sorriu.

- Que bom por que eu não quero sair do seu apartamento ainda. - falou no seu tom de sempre. Rimos juntas.

- Agora eu preciso ir. - eu me levantei.

- Já? Você acabou de chegar!

- Eu estou muito cansada. Se quiser chegar consciente em casa preciso sair agora. - abracei Izabela. - Até logo amiga.

- Até logo Jú. Cuide-se. - ela disse. Eu me afastei e acenei.

Meu encontro com Bela fora rápido. Provavelmente eu chegaria um pouco depois de Mota. Eu precisava estar em casa o quanto antes. Caminhei cambaleante até a frente do bar e olhei para os lados a fim de avistar um táxi.

Apesar de não ser muito tarde, não havia movimentaçao em frente ao bar. Mexi em minha bolsa e pensei em ligar para o Meu marido, mas logo desisti. Eu não iria incomodá-lo. Recostei-me na parede do bar enquanto esperava um táxi. Fechei os olhos poi alguns instantes. O barulho de pessoas que antes m cercava pareceu se resumir a um zumbido. E então senti o corpo amolecer e minhas pernas falharem.

Eu iria cair no chão, de cara. Doeria e muito, mas et me vi incapaz de parar o movimento.

Algo me amparou.

Minha memória alertou que aqueles braços que me amparavam eram conhecidos, mas eu estava tão desnorteada que de início não percebi. Quando eu abri os olhos eu o vi. João Pedro com as mesmas roupas; olhava me preocupado

- Júlia, tudo bem? - ele me firmou no chão.

- O que você está fazendo aqui? - perguntei numa voz falha. Não consegui fazer minha pergunta soar severa.

- O carro não quis pegar, fiquei esperando que ligasse. - mentiu descaradamente puxando-me pela calçada. Eu o acompanhei trôpega até o carro estacionado em uma rua do lado do bar.

- Como se eu fosse acreditar em você... - murmurei.

João Pedro abriu a porta e me ajudou a entrar em seu carro. Afivelou o meu cinto e logo mais estava ao meu lado ligando com facilidade o carro. Eu me recostei no banco fechando os olhos.

- O carro não estava com problema? Por que o ligou com tanta facilidade? - perguntei já sabendo a resposta. Estava claro para mim que ele mentiu. Mesmo com os olhos fechados eu sabia que ele sorria, reprimindo um riso.

- Tudo bem, eu confesso. Eu fiquei meio receoso de deixá la aqui então resolvi ficar. Acho que fiz bem. Não há nenhum táxi nas ruas e você nem consegue ficar de pé.

O mesmo continuou a falar. Sua voz parecia fazer parte dos demais ruídos que iam silenciando pouco a pouco. Eu iria adormecer. Eu estava tão cansada que...

- Júlia, amor, acorde. - sua voz gentil dizia. Minhas pálpebras abriram e vi o seu rosto a centímetros do meu. João afagava meu rosto com meiguice.

Olhei em volta e notei que estávamos na garagem do condominio.

- Nossa isso foi rápido. - murmurei.

- Você acabou cochilando. Quer que eu a carregue?

- Não. Acho que posso ir andando. - com a ajuda dele fui tirada de seu carro.

Segui lentamente para o elevador que nos levaria ao nosso andar. João Pedro segurava minha mão, parecia atento, pronto para me impedir de cair no chão. Ficamos em frente ao elevador e prontamente Mota apertou o botão, mas o elevador não veio.

- Que estranho... - murmurou apertando o botão novamente. Nada.

- Deve ter acontecido algo. Melhor irmos ao térreo. - recomendei seguindo para as escadas de emergência que nos levariam ao térreo. Cada degra que pisei parecia um esforço hercúleo, mas me forcei a seguir com João logo atrás de mim. Quando chegamos ao térreo avistamos de imediato um dos funcionários do condomínio, um oriental.

- Erick. - Mota chamou. Fiquei surpresa por ele saber o nome do rapaz, meu marido não costumava se aproximar de funcionários. O rapaz o olhou e sorril

- Olá senhor Mota. - Erick o cumprimentou. Logo seus olhos me encontraram.

- Boa noite senhora Mota

- Boa noite. - Murmurei.

- O que está acontecendo? Tentei ir ao meu andar pelo elevador, mas nada aconteceu.

- Os dois elevadores apresentaram um problema agora a pouco e estão sendo avaliados por um técnico. Daqui a quinze minutos no máximo estarão liberados para serem usados. Será que o senhor e sua senhora poderiam aguardar um pouco no hall?

- Claro. Nós esperaremos. Vamos amor. João Pedro saiu me puxando delicadamente pela mão levando-nos em direção a um bonito espaço do hall repleto de aconchegantes poltronas.

Sentou se em uma poltrona de couro marrom e
me puxou para sentar ao lado dele. Sentei e de imediato relaxei. O pouco de energia que tinha eu havia gastado ao subir alguns degraus em direção ao térreo.

- Pode dormir se quiser. Eu carregarei você. - disse. Bufei fechando os olhos e afundando no sofá.

- Eu agradeço a oferta, mas prefiro caminhar.

- Eu sei que prefere caminhar Júlia, mas se conseguirá é outra história. Vamos, você pode deitar.

Olhei envolta, não havia ninguém nas proximidades. Eu queria bancar a garota birrenta e ficar de olhos abertos, mas meu corpo nao queria cooperar. Entao acabei deitando e minha cabeça foi para o colo dele. Fechei os olhos e senti a exaustão me tomar de uma forma avassaladora.

Não perdi a consciência como pensei. Pude sentir em meus cabelos o passeio dos dedos de João Pedro num afago continuo.

Sorri.

Lembrei de minha mãe, ela costumava afagar meus cabelos até eu dormir quando era pequena. Aquele sentimento de nostalgia conseguiu trazer um pouco mais de paz e felicidade para mim.

Quando abri meus olhos me senti sendo embalada nos braços de alguém. João deve estar me carregando para nosso apartamento, pensei. Aconcheguei me melhor em seus braços sentindo aquele calor já conhecido e o cheiro de perfume masculino caro. Senti seus lábios em minha testa.

Enquanto minha mente variava da consciência
a inconsciência tudo pareceu rápido, como se estivéssemos correndo ao algo assim. Logo senti embaixo de mim a textura do meu edredom e o cheiro de lavanda que impregnava meu quarto. Meus sapatos foram tirados e me acomodei melhor na cama deitando-me de lado.

Um peso adicional surgiu ao meu lado, de frente para mim.

- Eu vou tomar um banho. Posso vir para cá e dormir com você? - Mota perguntou. Seu rosto tão próximo do meu que senti o hálito com cheiro de hortelã em meu rosto.

- Tudo bem. - murmurei antes mesmo de pensar a respeito do seu pedido; meus olhos fechados.

- Logo mais estarei aqui. - prometeu beijando-me na testa. Pude sentir quando ele deixou o quarto, era como se ele emanasse uma energia estranha, boa até, que desaparecia quando ele se afastava. Tentei despertar da letargia do sono após a sua saída. Eu precisava de um banho. Levantei cambaleante apoiando-me nos móveis.

Felizmente meu roupão já estava pendurado em um gancho próximo ao chuveiro. Retirei as roupas lentamente, empregando uma rapidez que eu não tinha.

Não me importei com as roupas no chão do banheiro, só queria tomar um banho e dormir. A água morna me despertou um pouco, assim como o cheiro de meu sabonete.

"The contract" Adaptação MojuOnde histórias criam vida. Descubra agora