- Desculpe. Eu não deveria ter feito isso. - disse incapaz de me encarar.
- Eu também peço desculpas. Você tem todo o direito de agir assim, ou pior. Eu mereço coisa pior. - com minhas palavras Leonardo me olhou.
- Você é mais uma vitima Júlia. Se há um culpado, é somente ele. O que ele fez a você... As coisas que você me contou... Ele pelo menos disse o porquê disso?
Pronto, Leonardo havia tocado no ponto fraco de meu relacionamento com Mota. Eu sempre me perguntei o porquê e das vezes em que fiz a pergunta para João, eu não obtive resposta.
- Eu sei o motivo. Ele não soube lidar com a instituição do casamento, ficou confuso. Isso acontece. - falei em favor de João, mas eu sabia que a minha justificativa era furada.
- Se essa for à justificativa para o que ele fez a você, então ele é pior do que eu imaginava. Magoar tanto alguém só por que não está preparado para compromisso? Teria sido melhor pedir o divórcio então!
- Leonardo, eu não quero falar sobre isso! - pedi; a voz mais elevada que o normal. Leonardo parecia tenso, mas tentou se acalmar.
- Tem razão. Não é um bom assunto após um reencontro. Deveríamos conversar sobre coisas alegres e não sobre... - um barulho soou cortando o discurso dele.
Reconheci a música que era o toque do meu celular. Eu o peguei em minha bolsa e me assustei com o número de chamadas não atendidas nele. Chamadas de minha cunhada e chamadas de meu marido. E era o próprio quem me ligava agora.
- Alô? - atendi.
- Júlia, finalmente! Onde você está? Tem ideia do tempo em que estou ligando para você? - falou alto e quase não entendi o que dizia. Leonardo olhava a loja do outro lado da rua, dando-me espaço. Ele devia saber com quem eu conversava ao celular.
- Eu estou indo para o hotel nesse instante. Você encontrou sua irmã? Eu me perdi dela.
- Sim, ela está aqui com Pedro. Retornamos ao hotel por que pensamos que você tinha vindo para cá após se perder dela. Eu estou com um carro de aluguel. Diga onde você está e eu irei buscá-la agora.
- Precisa ir para casa? - Leonardo perguntou. Eu assenti para ele. - Eu levo você. Estou com um carro da empresa.
- Leonardo eu não acho uma boa ideia. - disse tapando o celular. Mota não poderia ouvir esse nome. Voltei a falar com o mesmo. Eu não sei onde eu estou, fica bem afastado do hotel. Eu acho que o nome da rua é... o celular foi tirado de minhas mãos e Leonardo disse a João Pedro:
- Não se preocupe com Júlia. Eu a encontrei e a levarei em segurança para o lugar onde ela está hospedada. - desligou a chamada e passou o celular para mim. - Vamos. Eu levo você. Agora que ele sabe que você estava comigo, eu acho que você não tem escolha.
Eu estava petrificada com o celular em mãos. Devia estar branca.
- Você, não deveria ter feito isso. O João Pedro vai...
- Não se preocupe. - disse casualmente levantando-se e deixando na mesa o dinheiro dos cafés. - Ele deve muito a você. Não vai encher. Meu carro está estacionado aqui perto. Vamos.
Eu pensei em ir de táxi, mas ir sem Leonardo após o que ele fez só levantaria suspeitas. Mas também eu poderia ligar e pedir para Mota me buscar. No entanto eu tinha certeza que Leonardo ficaria aqui e se os dois se vissem... Realmente eu não tinha opções.
- Pronto. Chegamos.
- NÃO! NÃO PRECISA ESTACIONAR... Em frente ao hotel - disse em um tom lumurioso
Ótimo! João havia ligado várias vezes para mim enquanto Leonardo me levava ao resort e eu não atendi por que estava tentando evitar o que viria a seguir. Ele iria me matar!
- Preciso deixá la aqui na porta. O que o seu marido vai pensar se eu não deixar? - olhei para ele e vi um sorriso sapeca no rosto.
- Você está adorando isso, não está? Tem ideia do problema em que me colocou?
- Eu precisava me desforrar pelo que seu marido fez no passado. Diga para ele que eu o mandei se ferrar.
Saí e bati a porta de Leonardo com força. Quando ele me chamou eu mandei o dedo do meio para ele. O mesmo soltou uma gargalhada gutural com o meu ato.
- Ligo para você para marcarmos a viagem a terra do meu pai. Eles vão adorar conhecê-la! - falou alto e saiu cantando pneus com o carro que a empresa lhe cedera.
Tentando equilibrar as sacolas em minhas mãos, eu dei alguns passos em direção a entrada do resort e me deparei com três pessoas nas escadarias, olhando para mim: Pedro, Ana Júlia e João Pedro.
"Que maravilha! Estraguei a viagem para Mota com toda a certeza.”.
Ana foi a primeira a vir em minha direção acompanhada de seu marido.
- Jú, fiquei tão preocupada com...
- Eu estou bem Ana.
- Não fiquei preocupada com você e sim com as compras! Sabe quanto custa às peças exclusivas que estão nas sacolas que você carrega? - tomou as sacolas de minhas mãos sendo ajudada por Pedro.
- Eu posso levá las para o meu quarto, afinal de contas elas são minhas. - esbravejei.
- Eu vou levá las para o meu quarto e depois você as pega. Vai precisar das mãos livres. - Ana me lançou um olhar de alerta e entendi que a situação não estava nada boa. Pedro a acompanhou e enquanto subia às escadas da entrada do resort, João descia. E sua cara não estava nada boa.
Fiquei parada, olhando-o, como uma presa incapaz de fugir do predador. Quando ele estava a apenas alguns passos para mim percebi que era bobagem temê-lo. Eu não tinha feito nada de errado.
- Oi. - disse e tentei sorrir. Meu sorriso não o alcançou.
- Vamos para o nosso quarto. - falou num tom frio. Eu assenti.
Mota colocou as mãos nos bolsos da calça jeans preta
e olhou o tempo todo para frente. Sua expressão era dura, como mármore, e em nenhum momento me olhou. Aquilo me enervou. Eu não tinha feito nada de errado!E mesmo se fizesse algo, ele nem poderia me criticar! O silêncio entre nós durou até a porta do quarto. Quando nós entramos, mal me virei para encará lo e a torrente de palavras veio.
- O QUE DEU EM VOCÊ? POR QUE ESTAVA COM ELE? - gritou olhandome furiosamente e segurou meu pulso esquerdo com uma mão.
- Primeiro: pare de gritar. Segundo: me solta! - afastei me e ele me obedeceu, mas eu sabia que sua concessão não duraria muito. - Encontrei com Leonardo ao acaso. Nós fomos tomar um café e...
- Passou esse tempo todo tomando café com ele? Sabe que horas são Júlia? Sabe há quanto tempo todos nós estamos procurando por você? Por que você demorou a atender? - apesar da voz polida eu podia ver, pela expressão facial dele que ele não iria controlar a voz por muito mais tempo.
- Eu não ouvi o toque do celular. Quando ouvi eu atendi. - falei calmamente, mas minha calma parecia enervar ainda mais.
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"The contract" Adaptação Moju
FanfictionUm plano mirabolante envolvendo uma jovem pura e um ambicioso empresário. Júlia Mara Franco é envolvida em um esquema criado por João Pedro Mota acreditando que o mesmo a ama, mas a realidade é muito diferente disso. Mota precisava casar para poder...