Maratona = (14/15)
- Por que está defendendo ela desse jeito? Antes você riria do apelido que coloquei, mas agora... - ela me olhava descrente. Kate não era boba, ela estava percebendo o quao mudado eu estava.
- Kate, vá pegar um café para mim. - disse enquanto me afastava seguindo para a minha poltrona. Quando voltei meus olhos para o ponto em que Kate estava anteriormente, ela não estava mais lá.
"Preciso ser cuidadoso com ela afinal de contas Kate sabe demais.”.
Fim de expediente. Acabei perdendo um pouco mais de tempo no escritório do que o esperado e assim que desocupei, eu desapareci do escritorio. Eu queria evitar Kate, a qualquer momento ela iria explodir reivindicando seu posto de amante. Eu não estava disposto a ficar com ela, não mais.
Vesti meu casaco e corri para os elevadores, olhei para a divisoria só para constar que Júlia já havia saído.
"Ela já deve estar na parada de ônibus. Saco! Por que ela não me espera para uma carona?" irritado segui para o estacionamento, peguei meu carro e fui para a frente do prédio.
Logo eu a avistei em pé nos degraus da empresa. Suspirei aliviado. Meu alívio ficou preso a garganta quando vi uma moto encostar no meio fio, um homem a dirigia. O pior de tudo é que Júlia pegou um capacete e subiu na moto.
Eu fiquei alguns minutos parado absorvendo a cena. Ela subindo na moto de um homem, mostrando intimidade. E então eu reagi e novamente não era do jeito que deveria ser. Arranquei com o carro a fim de segui los sem me importar com o que Júlia pensaria de minha atitude.
"COMO ELA SE ATREVE A SAIR POR AÍ COM UM CARA?” minha mente gritava!
Eu sabia que não era ninguém para exigir algo, ela nao estava cometendo nenhum crime, mas essa certeza não me impediu de sentir fúria e de segui los.
Foram ao cinema, nada bom. Ir com uma amiga ao cinema era aceitável, mas ir com um homem? Por mais que ela o visse como amigo, eu duvidava que o cara a visse da mesma forma. O modo como ele a olhava, como sorria para ela... E o pior é que ela correspondia!
- MALDIÇÃO! - esbravejei enquanto saia do carro após estacioná lo e seguia sorrateiramente o "casal" (ironia pesada no pronunciamento da palavra). Fiquei um pouco mais aliviado quando vi que escolheram um filme com ação (algo broxante para casais), mas isso nao fez com que a tensão que eu sentia desaparecesse.
Procurei ser sorrateiro, não queria que me pegassem ali a perseguindo com uma expressão demoníaca no rosto.
"Eu tenho que me acalmar. Não posso perder a cabeça!" tentei me conter em pensamento enquanto entrava na mesma fila em que Franco e o idiota estavam e compravam meu ingresso.
Não sei quanto dei ao caixa, mas não me importei de pegar o troco assim que recebi meu ticket. Mantive certa distância dos dois, meus olhos fixos neles enquanto eu empurrava quem estivesse no meu caminho. Ouvi resmungos
e palavras de baixo calao sendo dirigidas a mim e minha falecida mãe, mas ignorei.Júlia e o outro cara cujo nome eu não sabia (mas logo saberia) sentaram em uma fila próxima da tela. Eu sentei duas filas atrás.
"Se ele ousar fazer qualquer movimento precipitado, como segurar sua mao ou passar ou braço em seu ombro, eu vou ter que fazer algo!" planejei.
Não era por que eu não tinha direitos sobre ela que ficaria parado enquanto um qualquer tocava no que era meu por direito. Enquanto eu olhava para os dois e bufava, as luzes se apagaram o que indicava o início do filme.
- "Merda!" - resmunguei querendo que as luzes da tela se acendessem o quanto antes, assim eu poderia vê-los um pouco que fosse. O escuro do cinema era algo perigoso, por mais que Júlia considerasse o cara apenas um amigo.
Eu sabia bem disso por que, no auge de minha adolescência, usava a tática do "é só um filme!" e por muitas vezes transei com minhas acompanhantes na sala de cinema mesmo. Não que Júlia fosse como elas, claro que não era! Mas ela estava tão mudada que...
A sala se ilumina. Não dou a mínima atenção ao filme, meus olhos apenas no casalzinho que conversa. Eles não parecem estar nem aí para o filme, mais interessados em conversar. E o modo como o cara olha ela... Eu sei que ele espera que alguma explosão durante o filme seja forte o suficiente para Júlia jogar se em seus braços!
- Atreva-se a tocá la. - eu desafiei em voz baixa olhando-o mortífera mente. - Atreva se e descobrirá que o homem pode voar com o devido incentivo. - praguejei baixinho.
(Motinha com ciúmes é a minha religião kkkkkk)E foi ai que eu notei, claro, vívido! Como pude não notar antes? Talvez estivesse mergulhado fundo no ciúme e mesquinharia para não ver o que estava diante de mim.
Era Júlia, eu a via agora, mas não a Any desconhecida para mim que adorava me maltratar com palavras. Eu via diante de mim, a poucos metros, a Júlia Franco com quem me casei a doce Júlia tão acanhada e risonha que aceitou sem pensar meu pedido de casamento. Eu via ela que jamais seria minha novamente, mas que agora parecia pertencer a ele, a aquele estranho.
A Júlia que me encantou mesmo quando eu a desprezei aparecia com tanta facilidade para aquele homem! A Júlia que parecia perdida para mim estava tão viva na frente dele, parecia pertencer a ele.
Eu me levantei e saí sem pressa sem me importar se eles me veriam. Mas naquela escuridão e entretidos com o outro como estavam eles não iriam me notar.
O que estava acontecendo comigo?
Por que estou tão desnorteado?
Por que eu exijo que Júlia seja minha mesmo não merecendo?
Por que eu não a quero com ninguém mais? Por que doeu ver que a Júlia de antes pode ser de qualquer um, menos minha?
Eu sabia, eu estava apaixonado por ela. Eu me apaixonei por ela antes mesmo dela mudar. No entanto o que eu estava sentindo agora, enquanto lembrava me da que vi e que parecia perdida para mim, era raiva, frustração e amor.
Raiva de mim pelo que eu fiz.
Frustração por que eu não sabia o que fazer para tê-la, eu nunca passei por uma situação como esta.
E amor por ela, pela pessoa que mais me amou e que desprezei durante dois meses. Eu a amava, eu amava minha esposa e isso era uma droga, muito pior do que se apaixonar!
Eu segui para fora do cinema, peguei meu carro e fui para casa. Uma parte de mim protestava, queria ficar vigiando o casalzinho feliz, mas a outra queria fugir de tudo na esperança và de que aquelas descobertas fossem esquecidas.
Não sei como cheguei até o meu apartamento, não senti sequer o carro que eu dirigia. Fui diretamente para a cobertura, o meu andar. A passos lentos, firmes. Olhava para o chão, tentava desligar minha mente. Era difícil não pensar em nada.
Eu que sempre tive tudo, o que eu mais queria agora estava se perdendo; o amor de uma mulher que foi minha tantas vezes, mas não pude vê-la até então.
A primeira coisa que fiz ao adentrar meu apartamento foi olhar o sofá. Não liguei luz
alguma. Lembrei-me das vezes em que cheguei de madrugada e ela me esperava dormindo no sofá, os olhos inchados por ter chorado.Eu sempre a carregava para o seu quarto, afagava seus cabelos e as vezes a beijava na testa, cobrindo-a com o edredom.
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"The contract" Adaptação Moju
FanfictionUm plano mirabolante envolvendo uma jovem pura e um ambicioso empresário. Júlia Mara Franco é envolvida em um esquema criado por João Pedro Mota acreditando que o mesmo a ama, mas a realidade é muito diferente disso. Mota precisava casar para poder...