"Sabe o porque da mudança dela?"

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- Ah, vocês vieram! -  Ana disse e foi em direção a Júlia abraçando-a. Pedro estava afastado, acenou para mim.

- Oi Ana. Oi Pedro. - Júlia os cumprimentou fingindo estar tranquila.

- Temos tanto a fazer! Mas antes vamos acomodá los em um quarto. Eu já o preparei. - Anaju disse.

Eu já imaginava que havia feito planos. Agradeci a ela. Seria melhor adiar a conversa por algumas horas. Ela chamou dois empregados para pegar nossas malas.

- Espera Ana, eu não vou dividir um quarto com o João Pedro! - Júlia protestou.

Só então percebi o que minha irmã havia feito. Ela mandou arrumar um único quarto? Ela olhou para nós dois tentando entender. Deu de ombros parecendo despreocupada.

- Tudo bem. Mandarei que outro quarto seja preparado para você e sua bagagem será deixada lá. Eu já planejei todo o nosso dia! Começaremos com um passeio a cavalo pela propriedade. Troque de roupa, ok? - disse e todos convergiram para a casa, inclusive Júlia e eu .

Eu sabia que Anaju iria esperar uma oportunidade para me bombardear com perguntas. Se ela soubesse tudo iria me esganar. Mas não tinha cabeça para me preocupar agora. Minha maior preocupação era recuperar meu casamento e nada mais.

Minha irmã realmente manteve Júlia ocupada. Ela a envolveu em uma porção de atividades. Eu podia sentir que ela não estava curtindo toda aquela animação, mas participou de tudo, na
certa para agradar Ana Júlia.

Fingi estar imerso no divertimento proporcionado por ela: passeei de cavalo pela propriedade lado a lado com Júlia (ela me ignorou, mas procurei levar na esportiva), passeamos de barco (ver Franco vestida em um biquíni causou estranhas sensações em mim), golfe (Pedro e eu jogamos) e por fim minha irmã sugeriu um jantar.

Franco não estava se divertindo, isso eu pude perceber. Nem eu estava. Mesmo participando de tudo e interagindo com Ana e Pedro, nós estávamos presos em uma bolha tensa esperando pelo momento em que a conversa definitiva ocorreria.

Ana Júlia atendeu a Júlia e nos separou cada um em seu quarto. Isso me deixou desgostoso, eu queria dividir um quarto com ela, dividir o leito. E fazer tantas coisas! O que aconteceu a nós dois não só aumentou o sentimento que nutria, mas também o desejo que sentia. Algo tão forte e tão avassalador que tinha vontade de tomá-la como ontem em qualquer lugar ignorando quem estivesse olhando. Eu sei, eu estava louco.

Assim que Júlia chegou nos silenciamos por alguns instantes. Após isso a conversa retomou. Falávamos sobre uma viagem que Anaju tinha em mente há algum tempo. Ela falava para todos nós como estava animada com os planos que fazia com Pedro.

- Eu não quero ficar em Paris, pelo menos não para passeio. Passamos por lá para fazer compras e seguimos para um lugar exótico. Pedro quer conhecer a Mongólia. Eu acho que seria uma viagem interessante. - ela dizia.

- Amor, quem quer conhecer a Mongólia é você. Não atribua a mim a responsabilidade de escolher o lugar. - Pedro colocou sua mão sobre a de Ana Júlia .

Olhar os dois não costumava incomodar, mas agora era diferente. Eu os invejava tanto! Como eu queria ter esse relacionamento com minha esposa! Talvez um dia eu tivesse, talvez não. De qualquer forma eu poderia sonhar. A fim de testar Júlia , ver se ela aceitaria, eu disse:

- Eu prefiro um lugar mais tradicional. Júlia tem que conhecer primeiro os lugares da moda para então ter um gosto duvidoso como o seu, Ana Júlia. - rimos. Júlia ficou calada, o que era bom. Seria um consentimento de uma futura viagem comigo?

- Claro que, se Júlia concordasse, eu não iria querer viajar com minha irmão e meu cunhado. Pensando bem eu acho que vou querer uma viajem a sós com minha mulher. - falei divertido, absorto naquele clima de amor que emanavam. Querendo que Franco também se deixasse envolver. Será nossa primeira lua de mel...

Um barulho quebrou meu raciocínio. Meus olhos vagaram para o ponto onde ouvimos o barulho. Arfei ao ver do que se tratava.

Júlia esmagava com uma mão uma taça, podia ver o sangue já escorrendo. Levantei em pânico. Minha mão foi para o seu ombro quando chamei seu nome, querendo ver o machucado, cuidar dela. Ela Afastou-se do meu toque, seus olhos na mesa. Eu me retraí.

- Nossa, foi um ferimento feio! Vamos, vamos cuidar disso. - minha irmã disse indo em direção a ela.

Rapidamente a conduziu para o segundo andar onde ficavam os quartos. Eu fiquei encarando a mancha de sangue na toalha de linho branca.

- O que está acontecendo João Pedro? - Pedro perguntou. Eu não o olhei. Apenas suspirei.

- Eu estou tão desnorteado que nem sei responder a sua pergunta.

- Entendo. - disse.- Vá até sua esposa. - sugeriu.

Não esperei que dissesse duas vezes. Segui para
o segundo andar em direção ao quarto escolhido pora Ela dormir. Não as encontrei lá. Segui para o quarto de Ana Júlia, mas parei diante da porta. Esperaria pelo melhor momento para entrar. Esperei por longos minutos. Temia que Minha irmã conversasse com Júlia e tomasse para si a responsabilidade de contar sobre o contrato. Eu não queria isso. Se a verdade fosse revelada, teria que ser por mim. Andei para lá e para cá. O alívio me tomou quando minha irmã saiu do quarto.

- Ea Júlia? Ela está Bem? - tentei passar por Ana e entrar em seu quarto, mas a mesma me impediu.

- Ela está bem, mas precisa ficar sozinha. Aliás, ela me pediu para dizer a você que ela quer ficar sozinha.

Suas palavras me fizeram temer o pior. Júlia queria ficar sozinha, longe de mim. O que eu fiz de errado? Eu tenho feito tudo certo, não é?

- Mesmo assim eu acho que eu devo vê-la e... - parei de falar ao sentir me puxarem para longe do quarto. - Hei!

- Eu preciso conversar com você. - levou me até a sala de vídeo no segundo andar, uma ala afastada dos quartos. Fechou a porta ao passarmos por ela.

- O que diabos está acontecendo? - cruzou os braços em frente ao corpo e ficou parada em frente à porta. Suspirei.

- À história é longa e não disponho de tempo.

- Então resuma.

Sentei no braço do grande sofá e a olhei carrancudo.

- Sabe que me casei com Júlia só para pegar a minha parte da herança, não é?

- Sim, eu sei. - Ana desencostou da porta e veio se sentar ao meu lado. - Fale mais.

- Eu a tratei mal. Eu queria que ela pedisse o divórcio assim que nos casamos. Nem cheguei a tocar nela. Ela não o fez. Durante esse tempo eu acabei... Sentindo algo a mais. E então ela mudou abruptamente e...

- Eu sei disso. Voce havia me dito antes quando confessou que estava apaixonado por ela. Sabe o porque da mudança dela?

"The contract" Adaptação MojuOnde histórias criam vida. Descubra agora