"The contract" Adaptação Moju

"Eu morria de medo disso agora"

- JÚLIA! VOCÊ ESTÁ BEM? - A mesma abriu os olhos vagarosamente me encarando.

- Eu estou bem eu só... - murmurou parecendo desorientada. Definitivamente eu teria que deixá la dormir esta noite ao invés de tê-la.

- Eu não imaginei que você ficaria tao cansada. Deve ser por que você nao dormiu bem. Vamos para casa. - segurei sua mão guiando-a para os elevadores.

- Eu não irei para casa. - disse. Com essa tive que parar.

- Por que não? - perguntei irritado.

Se ela não iria para casa para onde iria? Com certeza não aceitaria meu convite de jantarmos juntos uma vez que recusou.

- Bela descobriu que reatamos e está me cobrandc um encontro. Se eu nao for ela vai me azucrinar. Eu vou me encontrar em um barzinho próximo a empresa que ela trabalha.

Entramos no elevador executivo. Eu estava tenso. Por que se encontrar com a amiguinha? Seria por esse motivo? Ou Izabela estava mexendo seus pauzinhos e, quem sabe, proporcionaria a Júlia um encontro com algum cara?

Eu não duvidava da índole de minha mulher, não mais, mas a de Izabela eu duvidava até demais. Afinal de contas tenho certeza que ela sempre esteve por trás dessa mudança abrupta que Júlia sofreu.

Posso até apostar que Júlia conheceu Leonardo através dela.

- Eu posso ir com você? - pedi, mas mesmo que ela me dissesse "não" eu iria.

- Bela não gosta de você. Melhor não.

Sacudi a cabeça desaprovando. Mais um motivo para eu ir, pensei. Eu ainda não havia me esquecido que Izabela falou para mim toda contente que Júlia tinha um namorado e que perderia a virgindade com ele.

- Júlia, eu...

- Olha, eu não vou demorar. Eu vou conversar com ela por alguns minutos e vou para casa. - rebateu querendo se livrar de mim. Logo ela perceberia que não seria algo fácil.

- Acho uma bobagem isso. Você está cansada, deveria ir para casa descansar. - tentei persuadi la.

Eu não queria deixá la longe de minha vista,
ainda mais próxima da tal Bela. Ela poderia tentar persuadí la a me chutar, ou encontrar alguém, algum cara, que faria o serviço por ela; eram muitos riscos a correr.

- Eu até o ouviria, mas se cancelasse eu não dormiria hoje. Bela iria me atormentar. A fim de ter uma boa noite de sono preciso logo contar a ela minha versão dos fatos. Após conversar com ela irei de taxi para casa.

Desculpas. Júlia poderia estar sendo sincera, mas eu não sabia o que a mente maquiavélica de Izabela poderia estar tramando. E Leonardo? Izabela parecia próxima dele. E se ele estivesse esperando por Júlia junto a ela?

Coloquei meus dedos em minhas têmporas prevendo uma nova discussão.

- Vou levá la ao lugar. Não aceitarei sua negativa. - falei com convicção.

Precisava saber onde Júlia ficaria e vigiá-la, garantindo que tudo ficaria bem entre nós dois e que ninguém tentaria envenenar sua mente contra mim, a insegurança dela já era grande sem interferências.

Pensei que ela não aceitaria minha posição. Para a minha surpresa a mesma assentiu desgostosa com minha exigência.

O fato de ter cedido, de novo, me deixou novamente com um bom humor. Estava claro para mim que Júlia estava tentando e, embora nosso relacionamento ainda não estivesse como eu queria, eu estava feliz com isso.

- Eu a levo e posso buscá la. Se você quiser eu posso até ficar em algum lugar nas proximidades assim quando você acabar de falar com sua amiga eu irei...

- Nem pensar João Pedro. Você me deixa lá e vai para casa. Ponto. - disse incisiva.

Não gostei. Nunca gostei quando as coisas não saem do meu jeito. Dei de ombros. Ela estava colaborando na medida do possível.

Seguimos para o meu carro. O lugar escolhido
por Izabela era um barzinho próximo a empresa onde Leonardo e ela trabalhavam. A probabilidade do ex namorado de Júlia estar lá era grande.

De forma alguma eu iria deixá-la sozinha! Ao estacionar em frente ao bar indicado por Júlia, suspirei pesadamente. Recostei me no meu banco e continuei a olhar para frente.

Eu não queria que ela entrasse no bar e encontrasse Leonardo. Não queria que se afastasse de mim.

- Por que esse aborrecimento? Eu não entendo. - sua voz quebrou minha concentraçao. Eu a olhei. - Não vou deixar de viver a minha vida por que você quer. Eu não serei mais aquela Júlia que tinha você como o centro do mundo. - falou normalmente, algo atípico dela.

Absorvi suas palavras e percebi que não conseguiria isolá la, protegê-la, se ela queria continuar a sua antiga vida antes de nos reconciliarmos.

Eu tinha que fazer entender por que eu agia daquela forma. Não era por orgulho ou machismo. Eu estava protetor e ciumento porquê estava inseguro.

- Eu sou o pior, você sabe. Tenho muitas características que me classificam como um ser desprezível ou pelo menos eu tinha tais características. Se têm algo que não mudou em mim é o meu egoísmo. E, embora ele esteja sempre presente, não é ele que está se manifestando agora.

- Então quem seria? Essa sua nova persona eu não conheço. - falou com sarcasmo, mas ignorei.

Mostrei minha tristeza. Eu queria tanto evitar que encontrasse com Leonardo! Eu não queria perdê-la, nunca.

- Leonardo está ai? - perguntei tenso. E se Júlia
soubesse que ele está ai e estivesse me dispensando para conversar com ele?

- Não sei, talvez sim. Bela não disse nada e eu não perguntei. Mas e se ele estiver? Eu não vou proibí lo de estar nos mesmos lugares que eu. - protestou.

Num átimo eu peguei sua mão colocando-a em meu rosto. Senti-lá próxima era muito bom. Aliviava um pouco a insegurança.

Por que Júlia continuava a querer me afastar dela?

Ou será que era eu que estava agindo de forma infantil?

- Eu sei que nada está garantido pra mim apesar de você ter me escolhido. Tenho medo que você o encontre e Leonardo a convença a voltar atrás. - confessei.

Eu morria de medo disso agora. Eu morria de medo de qualquer coisa que pudesse afastá la de mim.