Seguimos para o estacionamento, calados. João Pedro me olhava o tempo todo, eu notei pela minha visão periférica. Procurei me manter tranquila, mas sentia borboletas no estômago. Minha intuição gritava para que eu não fosse. Ele abriu a porta do carro para mim, um cavalheirismo tão falso que me enojava.
Eu entrei e afivelei o cinto, mantive a expressão amuada. Ele parecia se divertir perversamente com o meu comportamento. Ele só decidiu falar quando o carro saiu do estacionamento do condomínio e ganhou a avenida principal.
- Trouxe algo para você usar.
- Já estou com acessórios demais. - disse friamente. Ouvi sua risada.
- Mas se você vai cumprir o papel de esposa terá de usá la. Tome. - disse.
Virei-me e o vi estender um aro dourado. Estaquei surpresa. Era a minha aliança!
Como ele a recuperou? Lembro de tê-la jogado no chão do meu quarto. Eu a peguei das mãos dele bruscamente e a deixei em meu colo. Voltei a olhar para fora do carro através da minha janela.
- Não vai colocá la? - perguntou.
- Coloco quando estivermos na porta do local onde vai ocorrer o evento. - disse numa voz entediada.
Senti o carro seguir para o meio-fio, João Pedro estava estacionando.
- Por que está parando? - perguntei sobressaltada. Não disse nada, virou-se para mim e pegou a aliança do meu colo. - O que está fazendo? - perguntei enquanto ele pegava minha mao e colocava bem lentamente a aliança em seu antigo lugar
Sua ação despreocupada fez meu coração bater erraticamente. Lembrei-me do dia do casamento quando Mota fez esse gesto. Ao colocar a aliança pareceu ficar perdido em pensamentos por alguns instantes, rapidamente se recobrou e voltou a dirigi o carro. Procurei não mostrar o quanto um simples ato me afetou.
- Quanto tempo nós ficaremos no evento? - perguntei na tentativa de não me lembrar de coisas do passado.
- Até eu receber um prêmio, ai nós saímos.
- Vai ganhar um prêmio? De que? - perguntei.
- Sei lá, eu não dei atenção quando li o convite.
- Você nunca dá atenção à nada. - murmurei arrependendo-me quase que instantaneamente de minhas palavras.
- O prêmio não merece atenção, mas há alguém que merece. Quer saber quem é essa pessoa, Júlia?
- Não. - murmurei com meus olhos fixos na janela.
- Mas eu vou dizer mesmo assim. A única pessoa que terá minha atenção neste evento é você. E a propósito você está encantadora! - falou enquanto o carro entrava em uma propriedade luxuosa.
Eu me virei um pouco o olhando mortiferamente e mandei o dedo do meio para ele. Ao invés de ficar irritado comigo, gargalhou com vontade. Continuou rindo como uma mula com pulgas enquanto estacionava o carro em frente ao prédio do evento.
Dois funcionários abriram nossas portas e
um tomou a direção para guardar o carro no estacionamento.Quando desci do carro e fiquei de frente para as escadarias, eu sabia que teria de fazer um papel Eu estava sendo paga para bancar a esposa amorosa e eu faria esse papel! Jp postou se ao meu lado.
- Comporte-se mocinha. - ele disse num tom zombeteiro.
- Claro senhor Mota. A partir do momento em que eu passar por esta porta eu vou bancar a sua esposa. - falei ríspida. João Pedro pegou a minha mão e a segurou.
Procurei ignorar as reações que meu corpo tinha por aquele simples contato.
Quando nós passamos pela recepção do salão de festas eu me transformei. De mulher amuada eu passei para esposa sorridente. Eu andava ereta, um sorriso no rosto e procurava olhar para ele com amor... QUE NOJO!
Fomos recebidos por um casal, um casal aparentemente esnobe.
- Ah senhor Mota! Finalmente! Estávamos a sua espera. o homem gordo e calvo disse enquanto o cumprimentava.
- Tive alguns contratempos. Richard, eu quero apresentar minha esposa. Júlia, este é o organizador do evento. - o tal Richard apressou se em pegar a minha mão para beijá la.
- Finalmente conheço a senhora Mota. Agora sei por que seu marido não a trazia para o evento, temendo que sua linda esposa seja alvo de cobiça. - falou enquanto se afastava.
- Acredito que meu marido não me trouxe antes por que não queria que eu me entediasse com os bajuladores que o rodeiam neste evento como abutres em cima da carne, senhor Richard. - disse sorridente. Senhor Richard me olhava atônico, João Pedro apertou minha mão.
- Ah, bem... Eu lhes guiarei até a sua mesa. - Richard disse. Jp me olhou com fúria, eu sorri docemente para ele, da forma mais falsa que consegui.
No meio do caminho todos que passavam por nós cumprimentavam Mota e ele me apresentava todo cheio de si como sua esposa. Eu era super simpática, sorria e cumprimentava com uma cordialidade tão intensa que eu mais parecia apresentadora de programa infantil. Mota me observava atônico, como se estivesse diante de uma mulher completamente diferente.
O que ele não sabia, parecia ignorar, é que aquela Júlia tão gentil que eu interpretava já existiu. Após muitos cumprimentos eu me sentei em uma mesa próxima ao palco, ele me acompanhou sentando ao meu lado.
- Nossa, eu não conhecia este seu lado tão simpático! - ele falou, sentou se ainda mais próximo de mim e colocou um braço por cima do seu ombro.
- O que está fazendo? - perguntei bem baixinho. - Não deveria estar circulando por ai falando com as pessoas? - perguntei entredentes.
- Está brincando! E perder a chance de ser tratado como seu marido por você Disso eu não abro mão! - falou entre risos. Puxou me para mais perto dele.
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"The contract" Adaptação Moju
FanfictionUm plano mirabolante envolvendo uma jovem pura e um ambicioso empresário. Júlia Mara Franco é envolvida em um esquema criado por João Pedro Mota acreditando que o mesmo a ama, mas a realidade é muito diferente disso. Mota precisava casar para poder...