"Essa Vai Cair Fácil"

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Se-senhor Mota? O-o que está acontecendo?
- perguntou aturdida.
Procurei respirar com dificuldade e que Júlia
não percebesse a farsa. Eu tinha de Ihe dar uma
explicação para eu estar caído em seus braços.

- Eu... Eu sou claustrofóbico. - disse enquanto meus
braços abraçavam a mesma pela cintura, minha cabeça tombando até ficar na curvatura do seu pescoço.
Suas mãos se moveram para minhas costas,
acariciando-as. Senti-me bem, como quando ficava nos braços de minha mäe. Fiquei surpreso por realmente ser prazeroso estar ali.

- Tudo bem. Não precisa se desesperar. Alguém vai notar o problema com o elevador. - disse com a voz um pouco mais composta, ela parecia se acalmar apenas para passar segurança para mim.

- Lamento, deixe-me ficar assim, abraçado a você. Está ajudando. - disse fingindo estar fraco.
Ela caiu como um patinho! Eu me aconcheguei
melhor em seu corpo surpreso por notar que Júlia tinha curvas. Não dava para notar com as vestes feias que usa, aqueles moletons enormes..
Nem minha mãe usaria algo tão ridículo!

- Vai ficar tudo bem, senhor Mota -
murmurou em meu ouvido. Senti um arrepio perpassar meu corpo. Ficar colado àquela garota não estava me fazendo bem, eu estava me sentindo estranho, vulnerável, como quando
estou envolvido com algum familiar querido ou
algo assim.

E então elevador começoua andar.
Droga! Por que agora? Levantei e logo estávamos no térreo. Dois seguranças estavam à porta, olhares preocupados. Ajeitei minha gravata.

- Senhor Mota, o senhor está bem?
A senhorita está bem? - um dos seguranças
perguntou. Júlia assentiu, parecia perdida,
desnorteada. Fiquei satisfeito que eu estivesse
causando isso nela.

- Eu estou bem, estamos bem, certo? - disse e
olhei para Júlia. Ela estava com a cabeça longe.
Perguntei-me se tinha problemas mentais.

- Lamento senhor. Nós não sabemos o que
aconteceu com o elevador. - o outro segurança falou.

- Parece que a parada de emergência foi ativada,
mas não sabemos como.

- Está tudo bem. Verifique qual o problema para
que seja prontamente arrumado. Não queremos que esse tipo de situação Ocorra novamente e.. - olhei envolta e vi Júlia caminhando para a saída.

Merda! Qual o problema da garota? Ela estava
agindo como se eu nāo fosse João Pedro Mota! Por que ela não ficava parada e babando por mim?
Por que parecia correr de mim? Essa aí me daria
trabalho, eu sabia.

- Espera!- chamei enquanto Júlia descia dos
degraus.

-Sim?

- Eu não agradeci apropriadamente pelo que fez por mim.

- Não foi nada senhor Mota. Eu não fiz nada.

-Ah, você fez sim! Eu só consegui me acalmar por sua causa. Agradeço por isso, mas... Muito mais do que agradecer eu gostaria de fazer algo por você. - Aceitaria uma carona, Júlia ? - disse com uma voz polida e sorriso afável. Júlia nem parecia respirar.
Beleza! Essa iria cair fácil.

- E-eu... Eu... - começou a gaguejar. Bom, muito bom.
Pensei se com um pouco de pressão conseguiria
dormir com ela, mas... Algo ocorreu em minha
cabeça enquanto conversava.

- Posso interpretar isso como um "sim"? - perguntei achando hilário suas reações. Ela assentiu.

- Que bom. Vamos até a garagem, meu carro está
lá. - segui para o meu carro esperando que Júlia me seguisse. Ela seguiu. Eu já imaginava que iria seguir.
Ela não seria rude comigo.

Júlia estava muito calada, envergonhada
possivelmente. Ela ficava engraçadinha rubra.
Pensei no que poderia fazer, talvez algumnas
perguntas. Abri a porta do carona e ela entrou
olhando bestificada para o carro. Ela era tão
simplória que certamente jamais entraria em um carro como o meu na vida. Pobre coitada!

- Seu nome é Julia, não é? - perguntei
enquanto fechava a porta do carro afivelando o
cinto e ligando o carro.

- Sim, mas... Como sabe? - ela estava assustada.
Não sabia ao certo se devia revelar que eu tinha
conhecimento de uma ou duas coisas sobre ela.
Talvez mostrar obsessão sem conhecê-la bem não fosse algo bom.

- Ontem eu a impedi de cair, li seu nome no crachá. Desculpe, percebi tardiamente que era você. Mais uma vez obrigado pelo que fez por mim. - ser amável Esse era meu lema.

- Eu não fiz nada. A propósito...O senhor está bem?

- Sim, mas me chame de João Pedro. Sou novo demais para ser um senhor.

- Obrigada pela carona. - Júlia disse.
O que? Queria se desfazer de mim? Iria pedir para sair do carro?

- Me agradeça quando estiver em casa. Aliás, onde você mora?
- Ah, claro! Moro aqui perto. Vá para a Rua Aplee
age, minha casa é em um apartamento nessa rua.-
ela falou o endereço.

Eu já havia passado ao acaso na rua. Apenas um
complexo de pequenas casas e apartamentos da
classe média. Só de pensar em entrar na rua e uma plebéia descer do meu carro eu me sentia nauseado.

No entanto eu não poderia me importar com a
opinião alheia, não se eu queria ter a minha parte da herança.

- Tudo bem. Você trabalha há muito tempo em
minha empresa? - perguntei ligando o aquecedor do carro.

- Dois anos. - foi tudo o que ela disse.

Essa conversa quase monossilábica estava me
enervando, mas eu não poderia esperar muito dela.

- Dois anos? Nunca a notei antes. - claro, como
iria notar uma coisinha tão sem graça como essa?
Não a notaria nem se estivesse trabalhando nua.

"The contract" Adaptação MojuOnde histórias criam vida. Descubra agora