"Eu iria proporcionar a felicidade"

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Domingo, o dia chegou

Eu estava em um SPA preparando-me para meu
casamento. Ana Júlia se recusou a cuidar de mim, iria se ocupar apenas de Júlia. Agradeci o fato. Do jeito que minha irmã estava zangada comigo por sacanear Júlia, seria capaz de me degolar com a navalha enquanto tira a minha barba.

Além disso, meus cuidados estavam nas mãos habilidosas de excelentes massagista. Kate estava cuidando de meus compromissos. Recusou-se a ir ao casamento.
Como se eu fosse convidá-la!

- Agora iremos para os últimos preparativos, senhor Mota. - uma mulher disse, era a responsável por me acompanhar em tudo no SPA. Levantei da cama em que estava ajeitando a toalha que cobria minha nudez.

-Ok- disse seguindo para a sala onde estava meu
fraque.

Nunca sonhei com casamento. Casamento era uma puta de uma bobagem para mim. Dois jovens juntam-se e cometem o maior erro de
suas vidas: casarem-se. Era assim com todos que eu vi, foi assim com meu pai e minha mãe, só não era assim com minha irmã.

Meu pai traiu minha māe com uma qualquer e por isso ela morreu. Minha mãe, morreu de tristeza. Eu a amava. Isso fez com que meu pai e eu nos distanciássemos.

Talvez essa seja a explicarão para o fato de eu não me comprometer com ninguém e de não ter sentido tanto o falecimento do meu pai como o de minha mãe. Ele matou magoando-a, deixando-a de lado e a seus filhos pelo seu trabalho.

- Ah, está belo com este fraque!- a funcionaria do
SPA disse maravilhada com o que eu vestia.
Fraque clássico com a gravata azul. Olhei-me no
grande espelho. Senti que o caminho que estava
traçando para mim poderia não ser simples, talvez as coisas saíssem do meu controle. Eu estava lidando com uma humana afinal; humanos são bem mais complicados.

- Estou pronto. - murmurei seguindo para os
últimos detalhes de meu dia de noivo, de meus
últimos detalhes como um solteiro convicto.
Era estranho. Como estar diante de um filme.
Era tão surreal o fato de que eu estava no altar
de uma igreja esperando por uma desconhecida
para desposar.

Os roteiristas de Hollywood adorariam tal história para um flme. Todos que eu conhecia estavam lá, a maioria pessoas ligadas
financeiramente a minha empresa. Nunca fui de
muitos amigos, mas nunca me importei. Pior ainda eram os convidados de Júlia: duas funcionárias da empresa e três caras que não conhecia (e muito provavelmente que ela também não conhecia).

Any estava atrasada como toda a noiva, imaginei o sacrifício que estava sendo transformá-la em algo bonito. Estremeci ao pensar o tempo que levaria, eu acabaria sendo deixado no altar. Enquanto estava perdido em pensamentos sombrios, como encontrar calcinhas penduradas no Box do banheiro- ouvi os barulhos que anunciavam a chegada de Júlia.

Virei-me e foquei meus olhos na grande porta. Elas se abriram com um ruído estrondoso, pouco abafado pela orquestra que começava a tocar, e eu a vi. Vinha com Pedro, Ana Júlia como sua dama de honra.

Involuntariamente sorri. Ela fixou seu olhar em mim e por alguns instantes ambos ignoramos todos que nos cercavam. Ela estava deslumbrante com aquelas vestes bonitas, com a maquiagem, os sapatos e acessórios. A mesma caminhou até mim "O que está pensando? Não pode se deixar levar!" minha mente gritou, incoerente.

Caminhei até ela, Pedro iria entregá-la a mim. Claro que notei o olhar gélido de Júlia, então ele estava ciente do que eu estava fazendo a Júlia; Ana contou. Segurei aqueles dedos magros, de uma mão macia e frio, com que eu estava um pouco familiarizado: a mão de Júlia. Segurei forte a sua pequenina mão e a guiei ao altar.

"Que seja rápido" pensei. Era o sonho
dela certamente, eu iria proporcionar a felicidade até aquele instante, para apunhalá-la covardemente no dia seguinte.

"The contract" Adaptação MojuOnde histórias criam vida. Descubra agora