Maratona (10/15)
Apesar de minha conversa com Ana Júlia e da decisão que tomei, eu não começaria com meus planos ainda não elaborados naquela noite. Tomei um bom banho e vesti roupas confortáveis. Mesmo que minha conversa definitiva não ocorresse, ainda sim eu iria esperá - la.
Eu esperei durante minutos... Horas... E Júlia não chegou.
Olhei o relógio enervado. Ela DEVERIA estar em casa.
O fato de estar apaixonado por ela e de saber disso fez com que minha preocupação triplicasse. Andei de um lado para o outro durante algum tempo olhando para meu celular. Eu poderia ligar, mas Júlia não me atenderia.
"Talvez ela tenha ido para algum lugar próximo daqui." fiquei a especular.
Eu queria acreditar que ela estava tendo uma diversao saudável. Mas minha mente agia e os pensamentos que me tomavam nao eram nada bons.
Agora que ela estava linda, não seria difícil encontrar alguém e do jeito que Júlia estava com raiva de mim...
Peguei as chaves do meu carro. Vesti uma jaqueta qualquer (eu ainda não havia vestido roupas para dormir) e segui para fora.
"Por onde eu devo começar a procurá la?”.
Eu não sabia, mas não ficaria esperando. Não era do feitio dela demorar tanto, ela havia abolido isso assim como as bebedeiras.
Mas pensar nela com outra pessoa era algo que não dava para digerir. Acho que mesmo quando ainda era submissa a mim eu não aceitaria que ela tivesse outro, imagina agora que eu estava louco por ela?
Segui pelo elevador até o térreo e teria seguido para as escadarias em direção ao estacionamento, mas eu a vi em frente ao prédio. Estaquei e a olhei enquanto eu absorvia a cena.
- Mas o que... - murmurei escondendo-me, meus olhos nela próxima a um rapaz.
Eu não o reconheci, mas ao que tudo indicava ela tinha vindo para cá com ele de moto.
Eles ficaram conversando... E entao eu vi. O sorriso de Júlia que desejei durante um mês ser direcionado a mim era direcionado para outro homem. E eu que pensei que nunca mais ela iria sorrir, para aquele estranho parecia tão fácil!
Aquilo me deixou irado de uma forma que nunca senti antes. Eu nunca havia sentido ciúmes, nunca! Enfiei minhas unhas na palma das mãos. Eu logo saberia quem era aquele sujeito e por que Júlia estava com ele. Eu saberia tudo e iria...
Vi ela se afastar e vir para minha direção. Corri para o elevador e consegui entrar antes que Júlia me visse. Eu estava bufando de raiva!
- MALDIÇÃO! - bati meu punho no espelho do elevador. Encostei minha cabeça no vidro tentando raciocinar.
Quem era aquele cara? O que eu havia perdido? Júlia estaria...
"Respire João Pedro! Está tudo bem!" tentei me consolar.
Cheguei ao meu andar e me escondi perto do elevador esperando pelo momento em que ela chegaria. O momento não demorou.
"Eu não posso fazer isso. Tenho que fingir que não vi nada. Não posso exigir nada!" minha consciência gritava, mas quem disse que eu consegui me mover?
E quando eu a vi sair despreocupada saindo do elevador eu não pensei em nada. Ela pareceu notar minha presença, virou se.
- O que está fazendo ai? - perguntou raivosa como sempre.
- Sou eu que deveria perguntar onde estava. Eu já estava pronto para procurá la. - disse e pude sentir a minha língua cheia de veneno causado pelo Ciúme. Certamente perceberia como eu estava diferente. Ela virou se e, a centímetros de mim, disse:
- Você não precisa se dar ao trabalho e antes que diga algo, um sermão, saiba que eu sou dona do meu nariz. Chego a hora que me der na telha! - falou e virou se.
Segurei sua mão sem pensar.
- Não encosta em mim. - disse irritada. Livrou se de minha mao.
- Houve uma época em que você implorava pelo meu toque e agora, simplesmente, não tolera o meu toque, nem me olha. Posso saber o motivo da mudança? - quando falei eu me arrependi.
O que eu estava fazendo, queria que Júlia me odiasse mais do que qualquer outra coisa?
- Não te interessa. - falou.
Eu certamente estava pisando em campo minado. Eu não poderia dizer nada sobre o que vi, mas...
- Tem haver com o que eu vi lá embaixo? Com aquele cara? - minhas palavras a despertaram.
- Agora deu para me espionar? Não imaginei que se rebaixaria tanto!
- Quem era ele Júlia? A sua nova forma de me atingir? - e era possível, muito embora fosse improvável afinal se o objetivo fosse me atingir ela ficaria com ele diante de mim.
- Eu não sou baixa como você. Não estaria com alguém para atingí lo. Agora ao invés de me encher por que você não vai gastar seu dinheiro com as suas prostitutas? - ela me empurrou e desapareceu dentro de nossa casa, certamente se trancaria no quarto. Suas palavras me despertaram para duas coisas:
1º Ela sabia de alguma forma que eu a havia traído;
2º Júlia não estava com ninguém, ainda.- É por isso que tem agido assim? Acha que eu a traio? - perguntei. A garota riu com vontade.
- Eu tô pouco me lixando para o que você faz! Eu ajo assim porquê quero e não porquê quero que pague por ter me traído. - ela disse raivosa.
Estava confirmado, Júlia sabia que eu a havia traído. Taí a explicação para os seus atos. Pelo menos ela não sabia do contrato.
- Eu estou apaixonado por você. - murmurei baixinho, Ela não deve ter me ouvido.
Eu a vi entrar em seu quarto e fechar a porta. Eu estava perdido. Ela me odiava e eu estava apaixonado por ela.
Pergunto-me:
Como se pode reaver o que você mesmo fez questão de perder?
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"The contract" Adaptação Moju
FanfictionUm plano mirabolante envolvendo uma jovem pura e um ambicioso empresário. Júlia Mara Franco é envolvida em um esquema criado por João Pedro Mota acreditando que o mesmo a ama, mas a realidade é muito diferente disso. Mota precisava casar para poder...