"Ela ficava linda irada"

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Peguei no caminho uma toalha e uns produtos de higiene pessoal que Léo disse pertencer as suas irmãs. O banho me ajudou um pouco, mas não o suficiente. Eu ainda sentia na pele o toque de Jp e estremeci.

"Não quero pensar nele! Não posso! Ele está apenas me usando e a culpa é minha! Eu permiti!”.

Eu não sei por quanto tempo fiquei embaixo do chuveiro, ou quanto tempo demorei a vestir uma roupa. Fiz tudo mecanicamente. De fato eu estava muito cansada, pude sentir o cansaço me abater quando deitei novamente na cama.

Estranhamente eu me sentia bem à vontade naquele lugar, como estar em meu antigo apartamento ou até mesmo no meu quarto na casa dos meus pais. Fechei os olhos e, após alguns instantes, acordei com o barulho do meu celular.

A bolsa estava próxima.

Peguei o celular sem a menor vontade e como imaginei era João Pedro. Tive vontade de atender e falar todos os palavrões que eu conhecia, mas não o fiz. Eu não fiz nada, de novo. Desliguei o celular e o joguei no chao.

A inconsciência não iria cicatrizar as feridas em meu coraçao, mas esperava que atenuasse a dor. Eu merecia um descanso.

"Vai ficar tudo bem. Eu já superei traumas piores. Vai ficar tudo bem." Entoei até adormecer.

...

- Eu posso ficar... - Leo murmurou.

- Nem pensar Leonardo! Eu estou bem agora, sério! - disse tentando tranquilizá lo.

Ele pegou a mala que estava próxima a ele.

Então eu vou mais tranquilo. Espero que fique bem e se precisar pode me ligar. Eu estarei de volta daqui a quatro dias. ele disse ajeitando a alça da mala no ombro.

Eu assenti.

-Obrigada por tudo .

- Eu não fiz nada Jú.

- Você me ofereceu abrigo ontem. Você fez muito por mim. E também me deixou com as roupas de suas irmãs. - disse olhando para mim.

O vestido e os acessórios que usei estavam em uma sacola em minhas mãos. Eu usava jeans e uma camisa de flanela de uma das irmãs dele. Mas não foram apenas as roupas que Leo me deu, le me deu muito mais e não sabia.

Eu estava bem agora, não perfeita, mas melhor do que ontem. Consegui ter uma boa noite de sono apesar de tudo e tive uma manhã tranquila falando sobre bobagens com o mesmo enquanto tomava um café da manhã preparado por ele.

Léo não fez mais nenhuma pergunta tirando aquela da noite anterior. Ele sentiu que eu não me sentiria bem em falar do assunto por isso nada falou.

- Faça boa viagem. disse. Léo fitou-me por alguns instantes. Ergueu a mão e tocou meu rosto.

- Sabe, quando eu retornar dessa viagem de negócios... Poderíamos fazer algo, juntos. O que você acha? Sorri.

- Claro.

Ele inclinou-se me beijando na testa. Foi o último do seu vôo a embarcar. Após isso eu segui meu rumo para tomar algumas decisões. Devolvi os pertences que João Pedro comprara para mim na butique conseguindo recuperar o dinheiro gasto. O único dinheiro que não poderia devolver era o que ele gastou no SPA. Cheguei ao apartamento de Mota cedo, eu ainda tinha que trabalhar.

Ouvi, antes de entrar, o barulho das empregadas trabalhando. Entrei sorrateiramente não querendo chamar atenção para mim. Consegui passar por todo o apartamento até chegar ao meu quarto. Quando abri a porta eu suspirei. Eu não iria conseguir escapar dele.

- Eai? - disse enquanto entrava e ia diretamente para meu closet separar a roupa que iria usar.

Felizmente já havia tomado banho, só precisava vestir outra coisa. João Pedro continuou calado sentado na minha cama. Quando terminei de me arrumar no interior do closet e sai para pegar minhas coisas e ir trabalhar, e então ele se manifestou.

- Liguei para você. Você não me atendeu. - disse tão baixo que quase não ouvi.

- Não queria atendê-lo. - falei pegando minha pasta. Virei me para ir embora.

- Ouviu a mensagem de voz que eu enviei? - ele perguntou. Eu dei de ombros.

- Não. - disse com descaso. Abri a porta.

- Eu quero conversar com você.

- Eu também. - disse virando-me e pegando o pacote que trouxera comigo.

Entreguei para ele. Jp me olhou confuso, peguei um cheque dele que estava em meu poder, o cheque que ele me deu quando me pagou para ir de carro na empresa com ele. Amassei o cheque e joguei a bolinha amassada em seu colo.

- Aí está o que gastou comigo, inclusive ontem naquela butique. De agora em diante não aceito nada de você. E ouça bem o que vou lhe falar: fique longe de mim! - falei entredentes.

Mota não disse nada, sequer se moveu. Seus lábios se mexeram como se quisesse dizer algo, mas esse algo ficou preso na garganta.

E eu segui para fora do apartamento sabendo que a partir daquele dia, mais uma vez, a guerra estava declarada.

Pov's Mota 

Sorriso. Eu não conseguia desmanchar o meu sorriso pelo meu triunfo. Perdi dinheiro, sim, eu sabia. No entanto nada se comprava ao prazer de ter Júlia ao meu lado, de saber que ela seria minha esposa por uma noite. Apenas para prolongar o momento dirigi devagar. Claro que ela notou meu ato, mas provavelmente interpretou isso como provocação.

Ela não sabia que eu só dirigia devagar, e a pagava para que me acompanhasse ao evento, porquê eu queria estar com ela.

Franco não olhava para mim, mais atenta a paisagem oferecida pelo lado de sua janela do que o necessário. Estava com uma cara amuada, como se fosse incrivelmente desagradável estar comigo. Eu não poderia culpá la por se sentir assim, mas também não ficava feliz com sua atitude.

"Vou tirar essa carranca de você esta noite, Júlia." pensei enquanto estacionava em frente a boutique onde costumo comprar minhas roupas.

- Chegamos. - anunciei despertando. Ela olhou para fora e a ouvi arfar.

Talvez a opulência daquele lugar a deixou surpresa. Tao logo Júlia se recobrou e saiu do carro. Subitamente disse antes mesmo de adentrarmos o local:

- Lembre-se João Pedro: todas as despesas serão pagas por você! - disse e rapidamente passou a caminhar.

Eu não consegui não sorrir, ela ficava linda irada. Júlia não cumprimentou a ninguém que tão gentilmente a cumprimentava. Foi direto para a vendedora. Esta a olhou dos pés a cabeça avaliando-a, depreciando-a, posso apostar. Não gostei.

- Bom dia senhora...

- Eu quero um kit completo para ir a um evento, exclusivo. Roupas, acessórios... E não me preocupo com dinheiro então pare de me olhar com indiferença como se eu fosse uma ladra! - Júlia esbravejou.

Ah, então eu não fui o único a notar a atitude da vendedora? Desde quando ela era tão perceptiva? De qualquer forma fiquei aborrecido pela situação, mesmo que no passado eu a tenha depreciado.

- Ouviu minha esposa, não é? Ofereça a ela o melhor. - falei num tom ríspido.

Júlia não olhou para mim.

"Pelo visto ela continuará carrancuda desse jeito para o meu lado.”.

- Sigam - me. - a vendedora disse rumando para o interior da butique.

Franco a seguiu. Fiz o mesmo caminho querendo acompanhá la, mas ao notar meu movimento ela parou, virou se e me impediu.

"The contract" Adaptação MojuOnde histórias criam vida. Descubra agora