Capítulo 103: Os pulas chegaram

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POV Luna

No baile só tocava funk proibidão e como se já não estivéssemos loucas o suficiente, Júlia decidiu invadir uma das casas em volta da festa para nadarmos. Mal estávamos conseguindo pular um murro de pouco mais de 1,5 de altura. No fim, lá estavam as duas loucas, nadando nuas na piscina de algum estranho. Ficamos horas jogando água uma na outra, pulando na piscina e competindo pra ver quem conseguia ficar mais tempo debaixo da água, o que sempre acabava com uma gargalhando e a outra tossindo por quase ter se afogado.

Já não tínhamos mais noção do tempo, apenas estávamos ali, rindo de qualquer coisa que a outra fizesse. Não me lembrava mais da festa, da Renata, do Spok, de nada. Minha cabeça já estava girando pelo álcool e ainda assim estava insistindo em continuar bebendo cada vez mais. Queria me afogar na bebida naquela noite e não havia ninguém para me impedir até que duas luzes estranhas surgiram na festa. Ouvi as pessoas correrem, gritarem algo que já não estava mais em condições de compreender e por fim diversos disparos.

- Merda, os pulas chegaram. – Júlia diz saindo da piscina e se vestindo o mais rápido possível. – Sai daí maluca, a gente tem que ir.

Conseguia vê-la me direcionar a palavra, mas não conseguia entender um único som que saia de sua boca o que para mim era simplesmente hilário. Ela tentava me puxar para fora da piscina porem encarei aquilo como um jogo de pegar e comecei a fugir dela. Quanto mais para dentro da água eu ia, mais irritada ela ficava e consequentemente mais alto ela gritava. Não me lembro exatamente de como, mas me lembro dela me tirar da água e me obrigar a vestir minhas roupas.

- Pelo amor de Deus, Luna, se recomponha garota a gente tem que vazar daqui logo. – Ela dizia toda preocupada com alguma coisa que ainda não havia entendido. – Porra... – Sinto meu corpo ser arrastado pro que me parecia uma moita.

- Agora é escondi escondi? – Pergunto sem conter minha risada.

- É Luna, isso mesmo agora cala a boca antes que nos achem. – Ela dizia claramente preocupada. – Tenho que dar um jeito de nos tirar daqui... não se mexa, tá me ouvindo? Não é para sair daqui, não importa o que aconteça.

- O que ta rolando? – Pergunto brincando com a cara dela.

- Os pulas invadiram a festa, então fica aqui ok? – Ela sussurrava para mim.

- Pula? Como se agora eu tivesse medo de pula. – Digo pegando minha pistola na mochila e pelo seu desespero com certeza não estava segurando a arma da maneira correta.

- Me dá isso aqui, por que você anda armada? Quer saber esquece, só não saia daqui. – Ela dizia saindo da moita me deixando ali.

Fico alguns minutos, que mais pareciam horas, observando o escuro da noite quando a luz da lua atinge meus olhos e mais uma vez seu rosto me vem à cabeça. Porém, dessa vez, antes que eu pudesse vê-la com nitidez, rapidamente me levanto daquela moita e esbarro com alguém.

- Seu desgra... Luna?... Merda, o que eu ainda tá fazendo aqui? Mal se aguenta em pé... Onde suas amigas estão? – Uma voz me enchia de perguntas me dando uma dor de cabeça terrível.

- Sai daqui, eu não preciso de ninguém... eu v-vou pra casa. – Digo sentindo minha língua enrolar dentro da minha boca.

- Você não tá na menor condição de dar um passo sozinha. – Minha visão estava tão turva que não conseguia reconhecer com estava conversando.

- E quem é você para me dizer o que fazer? – Pergunto tentando me soltar, mas acabo caindo.

- Sou quem vai salvar a sua pele. – Sinto meu corpo ser erguido do chão e carregado para longe dali.

A cada passo que dava, mais sentia meu corpo pesado, mais minha visão se escurecia, até que finalmente não conseguia mais me manter acordada e desmaio no ombro de um total desconhecido. Acordo no dia seguinte deitada em uma cama de casal que eu não reconhecia, em um quarto que nunca havia visto e que provavelmente pertence a algum louco. Minha cabeça latejava de dor e a claridade do lugar não ajudava em nada. Não fazia ideia de onde estava ou de como vim parar aqui. Minha última memória da noite era Júlia e eu pulando completamente nuas em uma piscina. Espera... Nua?

Rapidamente levanto a coberta que cobria meu corpo e percebo que estava vestida o que me traz um alivio gigantesco. Ok, essa deve ser a casa da Júlia, provavelmente viemos pra cá depois da festa, então se acalma Luna, tá tudo certo. Repetia isso para mim mesma enquanto arrumava as coisas que estavam espalhadas pelo lugar. Nisso encontro algumas roupas, como calças jeans que não faziam o estilo da Júlia e apenas rio por isso. Também encontro umas blusas enormes para ela, mas com estampas bem interessantes.

Estava preste a terminar tudo quando me abaixo para pegar um sapato que estava em baixo da cama. Espera... isso é um sapato social masculino, só pula usa isso, por que a Júlia tem um desses em casa?...Nem ferrando. Será que ela ta saindo com algum pula daqui? Eu não conseguia conter minha risada de imaginar a Júlia que eu conheço ao lado de um pula até que a porta do quarto se abre e toda a minha alegria se esvai em um único suspiro.

- Que merda você tá fazendo aqui? 

Nem a distância nos separaOnde histórias criam vida. Descubra agora