Capítulo 191: Vovô nonno

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POV Luna

As paredes cinza, o frio e as garrafas traziam um clima desconfortável, como um presídio, mas o cômodo era grande e, com algumas mudanças, será perfeito para escondermos os nossos equipamentos.

— Tem algum outro lugar para colocarmos esses vinhos? — Priscilão questiona empolgada.

— Infelizmente não, esses são vinhos frios, antigos e importados, a outra adega é para o que produzimos aqui, quentes e guardados em um depósito com temperatura ambiente próximo ao estacionamento. Se não forem apreciadoras, vários interessados já fizeram ofertas gordas por essas garrafas, apenas não vendi porque não tinha a autorização do patrão. — Marli avisa da porta do freezer.

— Gordas? De quanto dinheiro falamos? — Renata parecia mais interessada no valor do que no cômodo.

— A menor oferta que recebi em apenas uma garrafa foi de R$2.000,00. — Os olhos das meninas brilham com a fala da Senhora.

— Então não podemos deixá-los fora desse freezer, certo? — Confirmo a informação.

— Isso os desvalorizaria muito. — Ela diz simplista.

— Ok, vou esperar a Cristal para definirmos sobre isso. Meninas, vamos deixar os nossos itens aqui até segunda ordem. Não precisam tirá-los das caixas. — Ordeno e elas saem até os carros.

Rádio ligado.

(Luna): Alicia, tudo certo por aí?

(Alicia): sim, chefe, as crianças estão num parque com a Júlia e a Amanda. Estou mais próxima à Cristal, a Mel, o trio de adolescentes e o senhor de idade.

(Luna): eles se deram bem?

(Alicia): Charlie ficou animado com a notícia, Mel está no colo do vô com um sorriso do tamanho do mundo e Chiara o encheu de perguntas, mas não parece rejeitá-lo.

(Luna): ótimo, não precisamos de problemas. Quando quiserem, podem voltar para a vinícola.

(Alicia): vou avisar a Cristal.

Rádio desligado.

Ajudo as meninas a descarregar as caixas enquanto dona Marli cozinhava algo para nós e o aroma estava delicioso. Ivete fazia pausas regulares para beliscar algum aperitivo. Em poucos minutos avisto o carro da Alicia, algumas crianças, Júlia e Amanda a pé passarem pela portaria.

— O que fizeram com a ambulância? — Questiono preocupada de terem sofrido algum acidente.

— Pensei que não causaria uma boa impressão chegar com ela, por isso a deixei num matagal próximo e terminamos o trajeto a caminhar com as crianças. — Ela diz um pouco ofegante com a pequena Rosa nos braços.

Assim que Alicia estaciona, Chiara e Lúcio correm até mim.

— Quem é ele? — Ela pergunta apreensiva.

— Pelo que saiba, é o seu avô italiano. — Rio pela desconfiança.

— Então é verdade, essa mansão é da Cristal. — Lúcio parecia chocado com o tamanho da casa. — Sabia que a sua mãe era de família rica e tal, mas nunca imaginei nesse nível. — Os olhos dele analisavam cada detalhe da parte externa da vinícola.

Algumas crianças já haviam entrado quando Cristal, Charlie e Giovanni com a Mel no colo se juntam a nós.

— Entriamo, mandei rinnovare le stanze há poucas settimane para acomodar vocês meglio (Entrem, mandei fazer uma renovação nos quartos a poucas semanas para acomodar vocês melhor). — Ele mistura o italiano ao português, mas consegui compreender o que disse.

— Fala português? — Digo surpresa.

— Un po'... Ho cercato di imparare quando soube delle mie nipoti (Um pouco... Tentei aprender quando soube das minhas netas). — Olho para a Cristal em busca de uma tradução e ela apenas sorri como se não fosse importante.

— É o vovô nonno da Mel. — A pequena abraça o pescoço dele que sorri orgulhoso.

Entramos no hall e o cheiro bom da comida dominava o lugar.

— É meglio a mangiare primeiro (É melhor comermos primeiro). — Ele ri descontraído e guia até a sala de jantar.

As meninas organizavam as crianças na enorme mesa enquanto serviam o estrogonofe feito pela Marli. Amanda aproxima de mim enquanto me sentava ao lado da Cristal.

— Desculpa trazer as más notícias, mas é melhor preparamos algo mais leve para ela, até conseguirmos um raio-x da mandíbula. — Ela se refere a Cristal que fecha a cara.

— E se ela comer só o molho? — Tento melhorar a situação e a doutora pensa por alguns segundos.

— Sem exagero e nada carne. Melhor, deixa que preparo o prato dela. — Amanda sai até a cozinha com um sorriso.

— Vou a acompanhar para não deixar que passe fome. — Aviso Cristal que suspira aliviada.

Insisto para que Amanda coloque um pouco a mais, preparo o meu almoço e volto para a mesa. Mesmo não sendo muito, Cristal comeu como se fosse a melhor refeição da vida. Não queria pensar sobre isso, mas quanto tempo ela deve ter ficado sem algo decente para comer?

Afasto esses pensamentos e tento convencer a doutora a deixá-la repetir, mas ela estava firme na decisão. Assim que todos terminam, o senhor Giorno tomou a frente para nos apresentar a mansão. Primeiro entramos nos cômodos do andar em que estávamos. Haviam dois quartos para empregados, cada um deles com um beliche e dois armários de madeira nobre, muito aconchegantes. Um banheiro completo, espelho em duas paredes, duas pias, chuveiro separado do restante por um vidro esfumado escuro, chique. Um lavabo simples, mas muito bem decorado, com detalhes em dourado na pia, mármore no chão e as paredes cinza quase prateadas. A sala de jantar, com a mesa de madeira escura para no mínimo quinze pessoas e detalhes entalhados nas laterais, agregada a uma cozinha aberta, moderna e repleto de aparelhos de última tecnologia. Sala de estar, onde o encontramos pela primeira vez, e o hall de entrado com a grande escadaria.

Nem a distância nos separaOnde histórias criam vida. Descubra agora