Capítulo 98: Distância entre elas

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POV Luna

Ligação com desconhecido on:

(Luna): Quem é você? – Pergunto séria.

(???): Já nos conhecemos antes... sou o sargento Quaresma.

(Luna): Por que está me ligando?

(Quaresma): Porque eu soube da morte de Brian Jhonnes, sei que ele fazia parte da máfia e tentei entrarem contato com a Cristal, para informa-la como estava fazendo nesses últimos meses, mas ela não me atendia, fui até sua casa e entendi a situação... peguei seu número nas informações da sua ficha criminal... apenas quero ajudar, tenho um carinho especial por ela.

(Luna): Como assim nos últimos meses?

(Quaresma): Cristal veio até mim em busca de informações, me contou a situação e eu estava a ajudando a recolher as informações sobre eles, mas pelo que entendi, a pegaram.

(Luna): Me prove que é de confiança.

(Quaresma): Tenho ciência de alguns capangas do Cold, Michael Scofield, Naomi Smith, Viana e mais seis membros os quais ainda não confirmei a identidade, porem sei que três deles não são do país.

(Luna): Ok..., mas esses três estrangeiros e Viana não estão mais com eles.

(Quarema): Vocês se livraram deles?

(Luna): Você não precisa dessa informação, se tiver mais alguma coisa útil pode me comunicar, caso contrário, não entre em contato novamente.

Ligação com Quaresma off.

Desligo o celular e salvo o número do babaca para o caso dele me ligar novamente. Então era assim que você conseguia essas informações Cristalina? Você realmente confiou nesse cara? Por que não consigo acreditar nele?

Vou até as meninas que estavam concentradas nos mapas e as chamo para avisar o que havia acabado de acontecer.

- Gente... Um número desconhecido acabou de me ligar. – Digo me sentando em uma das cadeiras que haviam ali. – Era o sargento metido, parece que a Cristal e ele estavam conversando nesses últimos meses e ele me disse que estava ajudando-a a pegar informações sobre a máfia.

- Ótimo, menos um para nos preocuparmos. – Max diz confiante.

- Tem certeza disso, Luna? – Priscilão pergunta um pouco confusa.

- Não confio nesse cara e não acho que a bonequinha confiaria. – Vanessão diz ignorando a informação e voltando para os mapas.

- Não querendo falar demais, nem nada, mas já vimos os dois se gadarem antes, não duvido que ele possa ter ajudado. – Ivete diz receosa.

- A Cristal tirou essas informações de algum lugar, talvez possa ter sido dele. – Isa diz observando a situação.

- Olha... confiar não assim fácil, podemos arrancar algumas informações dele e com o tempo quem sabe e ele não seja útil. – Jhon diz se aproximando de Priscilão que digitava algo no computador.

- Acharam alguma coisa? – Pergunto me aproximando dos dois.

- Não, to procurando alguma dica a mais nessas constelações, mas até agora nada. – Priscilão diz e a vejo com uma pasta de anotações aberta.

- Tem alguma ideia do que fazer? – Jhon me pergunta sem tirar os olhos do computador.

- A primeira parte da frase fala sobre cometas, talvez devemos procurar sobre qual cometa ela está se referindo. – Digo tentando pensar em alguma coisa.

- Já descobrimos qual cometa ela pegou como base, é o Halley. – Priscilão diz sem muita emoção.

- Foi o que causou uma chuva de meteoros há alguns anos, né? – Pergunto e eles apenas confirmam com a cabeça.

Eu me lembro dessa data perfeitamente, pois foi o dia de umas das brigas mais feias que já tivemos. Era uma quarta e Chiara havia estava empolgada para ver a chuva de meteoros que a escola havia anunciado que ocorreria. Porem, nesse dia, eu me esqueci de busca-la e quando cheguei na escola Cristal já estava lá com ela nos braços. Me aproximei das duas e o olhar de decepção da Cristal era impiedoso. Na noite anterior, havia acompanhado Ivete e Gabi em uma festa só voltei para casa depois das 5. Mal dormi naquela noite por causa da bebida e não conseguia acordar pela ressaca. Ainda assim, no instante que Chiara me viu, saltou do colo da Cristal e correu até mim com um sorriso no rosto.

Foi assim que seu olhar saiu de decepção para ciúme, ou naquele caso, ódio. Não trocamos uma palavra naquele dia e quando a noite chegou fui até a casa dela para levar as duas para o observatório, queria me redimir pelo ocorrido, mas quando cheguei lá, as duas já haviam ido. Tentei ligar, mandei mensagens e a chamei no radinho, mas fui completamente ignorada. Tirei minha moto mais veloz da garagem e fui para o observatório onde as encontrei sentadas no gramado esperando o evento começar. Me aproximei delas e logo Chiara me abraçou toda contente dizendo que eu havia chegado bem na hora e que estava com medo de eu não aparecer já que já havia se passado muito tempo desde que Cristal "havia me ligado para avisar que estavam indo".

Aquela frase ecoou na minha cabeça e dessa vez quem estava com um olhar de ódio era eu. Ela havia mentindo para a Chiara e ainda não iria me ligar para avisar nada. Pedi para Chiara ficar ali e me lembro de puxa Cristal para um lugar mais reservado.

- Você me ligou? – Pergunto demonstrando a raiva em minhas palavras.

- Olha o tom que usa comigo Luna. – Ela dizia autoritária me deixando ainda mais nervosa.

- Eu uso o tom que eu quiser, você mentiu e nem parece arrependida, sabia o quanto a Chiara estava animada para isso e simplesmente me excluiu. – Digo segurando seu braço para que ela olhasse em meus olhos.

- Me solta Luna, eu não te devo satisfação de nada, Chiara é minha filha. – Ela disse aquilo e foi como um gatilho para que eu explodisse de vez.

- Ela também é minha filha, você não tem o direito de me afastar dela... na verdade, não conseguiria já que sabe muito bem quem ela prefere. – Digo sem pensar em nada e a vejo se soltar e virar as costas para mim.

- Eu só queria passar um tempo com ela, sem ter que ficar ouvindo mamãe Luna o tempo todo..., mas você tem razão, nem longe ela para de te chamar. – Cristal diz e a observei caminhar na direção da Chiara que estava atenta ao céu.

Depois apenas vi Cristal dar um beijo na testa da pequena e ir embora me deixando sozinha com ela. Passamos horas apenas nos duas nos divertindo aos montes enquanto enquanto víamos o céu ser cortado pelos meteoros. Após toda essa situação, Cristal e eu ficamos meses sem nos falar, conversávamos apenas sobre o trabalho. Não me lembro de ter me desculpado pelo que disse a ela e hoje percebo que me apeguei tanto a Chiara que muitas das vezes quem excluía a Cristal era eu. Eram raros momentos mãe e filha entre as duas e muitos deles eu acabava me intrometendo. Estava roubando a Chiara dela sem nem perceber e por isso até hoje existe uma distância entre elas e já nem sei se conseguiria reparar isso.

Nem a distância nos separaOnde histórias criam vida. Descubra agora