POV Luna
- Que merda você tá fazendo aqui? – Pergunto incrédula enquanto encarava Quaresma parado na porta com uma bandeja de café da manha nas mãos e um olhar sério.
- Só vim ver como estava e te trazer algo para comer. – Ele responde com um sorriso debochado. – Não me surpreende sua reação, provavelmente não se lembra de nada da noite passada.
O observo caminhar até a cama e deixar a bandeja sobre uma mesinha que havia ali.
- Não espero que me agradeça, mas deveria, todos daquela festa foram presos e agora estão sendo investigados por trafico de drogas e venda de armas. – Ele diz rindo enquanto pegava um copo de água e o que parecia um comprimido. – Aqui, vai ajudar com a ressaca.
Pego o comprimido e o copo em sua mão ainda desconfiada do por que ele faria isso por mim.
- Valeu... – Tomo o comprimido em um só gole de água e os sinto descer pela minha garganta. – O quer comigo?
- Só quero ajudar... já lhe disse, eu ajudava a Cristal antes e agora quero ajudar vocês a resgata-la. – Ele dizia em pé na minha frente, me analisando.
- E o que me livrar da cadeia tem haver com isso? – Pergunto ríspida.
- Você me pediu para provar que sou confiável, aí está sua prova, e como já havia dito, todos que foram pegos na festa estão sendo investigados pessoalmente pelo FBI junto da delegada Clara, te entregar para eles é colocar todas as meninas em risco e isso inclui a Cristal. – Ele me explica e desvia o olhar do meu, constrangido.
- Eu não estava sozinha na festa, não adiantou nada. – Digo sem me preocupar se estava sendo grossa ou não.
- Eu sei, Renata e Spok fugiram antes mesmo da policia invadir, a única que foi pega é uma Júlia, que eu não sabia que fazia parte da facção, mas aliviei a barra pra ela e escondi a pistola com o símbolo das Hells, ninguém do pelotão desconfia da existência de vocês. – Ele diz orgulhoso como sempre. – Em poucas horas sua amiga vai sair da cadeia, eu mesmo paguei a fiança dela, se quer um conselho, eu tomaria o café e iria busca-la antes que outras pessoas façam isso, se é que me entende.
Quaresma me dá as costas e sai do quarto. Então você realmente está disposto a ajudar? Não posso negar que o que fez essa noite foi de uma grande ajuda, mas ainda assim não consigo enxergá-lo com um aliado. Minha intuição me dizia que ainda tem algo errado em tudo isso ao mesmo tempo que a ideia de ele ser um espião dentro da polícia me tentava a aceitar. Porem, não adianta eu pensar nisso agora, não depende apenas de mim, as meninas também precisam opinar sobre.
Arrumo minhas coisas e, antes de sair daquele quarto, olho na direção do café que ele havia preparado para mim. Talvez ele não seja tão babaca assim. Vou até a porta e o percebo me observando da cozinha.
- Posso te levar até uma garagem se precisar, não encontrei nenhum veiculo seu no lugar da festa. – Ele diz e sinto seu olhar me encarando mesmo estando de costas para o mesmo.
- Não precisa, eu me viro para chegar em casa. – Respondo abrindo a porta e saindo dali.
Caminho por alguns minutos até uma garagem publica e pego uma das minhas motos. Coloco a localização do presidio no GPS e acelero. Demoro alguns minutos para chegar no local que estava deserto e decido esperar ela ser liberada. Graças ao comprimido, mal sentia os sintomas da ressaca o que, para mim, já era uma vitória. Ela estava demorando então pego meu celular e vejo varias ligações perdidas da Renata, Spok, Ivete e algumas mensagens. Ligo meu radinho para avisar as meninas que ainda estava viva.
Radinho on:
(Luna): Meninas?
(Ivete): Olha só quem apareceu depois de ter sumido no mapa, sem avisar ninguém. – O deboche nas palavras de Ivete quase me fazia rir.
(Renata): Meu deus garota, o que rolou contigo? Você desapareceu na festa, a polícia brotou lá e nada de você dar um sinal de vida, já estávamos te declarando como morta.
(Luna): Também não me lembro muito o que aconteceu ontem, mas to buscando uma pessoa que vai conseguir explicar tudo, pelo menos eu espero que consiga.
(Vanessão): É só isso que tem pra nos contar? CO-RA-GI.
(Luna): Não, tenho que contar mais algumas coisas, mas primeiro preciso saber o que aconteceu ontem.
(Priscilão): Então quando conseguir vem direto pra casa, vamos te esperar aqui.
(Alicia): Você nos deu o maior susto, a Renata já estava achando que a mamacita estava presa, mas a gente não recebeu nada, nem uma mensagem.
(Luna): Foi mal gente, podem ter certeza que vou explicar tudo, só preciso resolver isso primeiro.
(Maju): Só não demora, se não vamos atrás de você.
(Luna): Ok.
Radinho off.
Muto o radinho e vejo os portões se abrirem. Lá estava ela, mais acabada impossível. A maquiagem de Júlia estava toda borrada e suas roupas completamente amarrotadas. Ela me vê a esperando e caminha até mim com um olhar assassino na minha direção.
- Eu deveria fazer picadinho de você garota, não acreditou que se livrou dos pulas nas condições que você estava. – Júlia dizia dando socos no meu braço que provavelmente foram merecidos. – A sua sorte é que aquele pula gado livrou minha barra pra mim, senão eu te deitava na porrada agora mesmo.
- Eu não faço ideia do que rolou ontem à noite, minha última lembrança é nos duas pulando na piscina. – Digo sem graça descendo da moto.
- Eu te digo o que aconteceu, pouco depois de estarmos curtindo na piscina a policia brotou no baile e você achou que era o melhor momento para virar uma criança birrenta. – Ela contava fula da vida e não consegui conter minhas risadas dela. – Tá achando engraçado é palhaça, isso por que não foi você que teve que lidar com tudo isso.
Ela tentou conter a risada, mas também não resistiu e lá estávamos, duas abobadas rindo em frente ao presidio.
- Agora me responde uma coisa, por que diabos você anda armada? – Júlia me pergunta me mostrando minha pistola escondida debaixo da sua blusa.
- Vou te explicar tudo, mas não aqui, tem umas pessoas que precisa conhecer antes. – Digo e ela me olha curiosa.
Subimos na moto e saímos dali o mais rápido possível. Provavelmente não vou conseguir esconder muitas coisas dela, mas ela também não precisa saber toda a verdade, pelo menos não por enquanto.
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Nem a distância nos separa
FanfictionDentro de uma família, se criam laços, uns mais fortes que outros e o que elas criaram se tornou tão indestrutível que mesmo distantes, uma consegue sentir as emoções da outra. Mesmo que o mundo pareça estar contra, esse laço as uni, as prende. Essa...