Capítulo 181: Um sonho estranho

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POV Luna

Puxo uma cadeira para preto dela que se senta com o bloco de anotações nas mãos.

*Elas gritam muito, já estava com dor de cabeça.*

— Sim, às duas estavam exaltadas e com razão.

*Você também quase gritou.*

— Eu? Mas falei com tanta calma.

*Antes.*

— Ah! Então estava acordada quando discuti com a doutora?

*Acordei com você quase em cima dela. Pensei que mataria ela ali.*

— Bem, esse problema foi resolvido.

*Ainda confia na delegada para fazer essa viagem?*

— Confio, mas fiz as minhas próprias pesquisas. Até o momento está tudo certo. — Ela guarda o bloco sob o travesseiro e deita. — Vou arrumar uma mala para você. — Aviso ao levantar e abrir a gaveta onde guardei as roupas dela.

Uso a mochila da Chiara para as guardar e uma bolsa do hospital para alguns remédios, bandagens e curativos. Levo-as até a ambulância a qual estaciono na saída do hospital. Volto para o quarto e encontro Júlia na porta e Amanda ao lado de Cristal.

— Está tudo certo? — Questiono ao percebê-la medir a pressão da Cristal.

— Sim, antes de chegar dei um pouco de sopa para ela e só quero ter certeza que está estável para a viagem. — Ela responde com um sorriso acolhedor.

— Obrigada. — Devolvo o ato.

— Amanda e eu precisamos sair. Tudo bem ficarem sozinhas ou quer que esperemos alguém chegar? — Júlia aparentava estar inquieta, nervosa com algo.

— Podem ir tranquilas. — Sento ao lado da maca.

— Qualquer dúvida ou alteração, pode ligar. — Amanda deixa o estetoscópio sobre a bancada. — Não quero dizer adeus.

— Não precisa dizer, não têm que ser uma despedida sempre. — Sorrio e elas saem do quarto.

*Acredita que vão voltar?*

— Não dá para saber.

*Vai deixá-las saírem assim? Com todas as informações e ilesas?*

— Por incrível que pareça, sim. Não entraram nessa bagunça por vontade própria, foram pressionadas e incluídas nos nossos problemas.

*O seu coração está muito mole, Luna Carter.* Rio do comentário e pela forma que escreveu o meu nome.

— Ainda é superior a mim, se as quiser mortas, faço sem hesitar.

*As conhece melhor, confio na sua decisão.*

— Obrigada. Como está o coração antes da viagem?

*Ansioso, preocupado, acelerado.*

— Vai dar tudo certo, horas antes de sairmos a levarei de ambulância para a mansão dos garotos. Reuniremos com eles e as meninas e partiremos. A Tríade vai nos encontrar na saída da cidade.

*Tenho que me desculpar com eles.*

— Não se preocupa com isso. Eles entenderam a situação.

*Mesmo assim, não posso evitá-los para sempre.*

Ficamos um tempo em silêncio. Ela parecia perdida em pensamentos com os olhos fixos no teto. Adoraria ler a sua mente agora, saber tudo que se passava lá dentro. Podia simplesmente perguntar, mas duvido que responderia.

*Tive um sonho estranho hoje.*

— Foi um estranho bom ou ruim?

*Não sei, apenas estranho, mas não era um pesadelo.*

— Já é um bom começo.

*Sim, você estava nele. Você, a Mel, a Chiara e um homem estranho.*

— Homem estranho? Como ele era?

*Não muito alto, por volta de 1,70; talvez um pouco mais de altura. Grisalho e bem-vestido, não consegui ver o rosto.*

— Aconteceu algo?

*Não, todos estavam reunidos, mas não notei muito o lugar, apenas que tinha uma coloração amarronzada ou laranja, e estávamos em silêncio sem fazer nada em específico.*

— Estranho é uma boa descrição para esse sonho.

*É, o que mais chamava atenção nele era as roupas. Um terno alinhado escuro com um sapato social brilhante e um broche ou medalha do lado esquerdo do peito. Essa me lembrou a Itália, todos andavam com um adereço semelhante, tipo um brasão de família, mas não reconheci o objeto.*

— Interessante. Quer algo antes de irmos?

*Não, já tive que comer a "sopa" da Amanda hoje.*

Rio e antes que saísse do quarto para pegar algo de comer, o meu celular toca. Uma ligação anônima.

Ligação anônima ligada.

(???): Luna Carter?

(Luna): quem fala?

(???): é a Mariana, liguei em anônimo porque estão a vigiar alguns aparelhos por medo de haver mais infiltrados no regimento.

(Luna): se está tão ariscado, por que a ligação?

(Mariana): o tempo de vocês acabou. Clara está em reunião, já definiram que um esquadrão invadirá a mansão do litoral com o intuito de prender o Lúcio e você por hackear o sistema privado governamental de vigilância e todos que se encontrarem no local por encobrimento de crimes federais, cúmplices, formação de quadrilha e apoio a máfia internacional conhecida como Red Murders. Diante dessa situação, eles não vão precisar de mandato algum para essa missão.

(Luna): como? Isso não faz sentido, não possuem provas para isso.

(Mariana): uma denúncia anônima liberou uma gravação de voz em que é possível reconhecer vocês. Nessa admitem o crime com a ajuda do Quaresma, as outras acusações são extras para os colocar no nível de criminosos capaz de prejudicar a população e o Estado. Precisam sair essa noite daqui.

(Luna): estamos prontos, mas ainda preciso reunir as meninas. Conseguem segurar eles aí por algumas horas?

(Mariana): posso sabotar alguns equipamentos para os atrasar. Vocês têm uma hora, se forem pegas, não poderemos fazer nada.

(Luna): não seremos.

Ligação anônima desligada.

Nem a distância nos separaOnde histórias criam vida. Descubra agora