Capitulo 105: Regras são regras

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POV Luna

Dirijo até a casa e antes de descer da moto confiro o horário no meu celular. Ótimo, já são 10:27, Chiara ainda não deve ter voltado da escola. Desço da moto acompanhada pela Júlia que olhava o lugar impressionada.

- Essa é sua casa? Ou melhor mansão? – Júlia me pergunta surpresa.

- Não é minha, é de um amigo. – Digo e entro com ela na casa.

Vamos direto até as meninas que estavam reunidas na sala próxima a cozinha junto com os meninos. Maju é a primeira a perceber minha presença, mas não diz nada, apenas observa Júlia que estava ao meu lado.

- Finalmente Sapatenis. – Ivete diz vindo até mim e me abraça.

- Que bom que volto pra casa e ainda trouxe uma amiga. – Gabi diz claramente incomodada com a situação.

- Essa é a Júlia, uma amiga que conheci na cidade do Thomas e reencontrei na festa de ontem. – Tento explicar, mas acabo gerando ainda mais perguntas.

- Foi por causa dela que você sumiu na festa? – Renata pergunta estranhando a situação.

- Sim e não. – Digo me perdendo nos olhares que todos me lançavam.

- Acho melhor deixarmos as meninas sozinhas rapazes. – Jhon diz saindo da sala sendo seguido por alguns meninos.

- Eu vou com vocês meninos. – Isa diz, passa por mim, coloca a mão no meu ombro e sussurra. – Pensa bem em como vai explicar isso pra elas. – Ela se vira pra Júlia e diz. – Vem comigo, vou te apresentar a casa.

Júlia percebe o clima pesado e apenas acompanha Isa sem falar nada. As meninas esperam as duas se afastarem dali e começam o interrogatório.

- Você quer nos explicar porque trouxe uma completa desconhecida pra casa? – Priscilão me pergunta seria.

- Sério que você estava curtindo com essa garota enquanto a gente estava preocupada contigo? – Maju me encarava decepcionada.

- Piso na bola mulhe, podia pelo menos ter nos avisado. – Vanessão diz esperando minha explicação.

- Iai gata, o gato comeu tua língua foi? Ou só não vai falar nada mesmo? – Gabi dizia irritada.

- Se me deixarem, eu explico com todo prazer. – Digo seria enquanto as encarava. – Eu passei sim dos limites ontem e peço desculpas por isso... eu só... eu precisava esvaziar minha cabeça.

- Esse não é o problema mamacita, ninguém tá te julgando por ter ido pra festa, a Renata também foi e tá de boa, mas você desapareceu sem avisar ninguém a noite toda. – Alicia disse magoada.

- Olha, eu encontrei com a Júlia na festa e a gente extrapolou na bebida, contanto que eu disse pra vocês que nem me lembrava da noite passada, ainda não me lembro, mas a Júlia me contou... Nós duas estávamos juntas dentro de uma casa ao lado da festa quando a policia chegou, ela tentou nos tirar de lá, mas como eu estava completamente fora de mim, ela não conseguiu e acabou sendo presa. – Explico a primeira parte sem muitos detalhes para não piorar a situação.

- Então você foi presa também? – Ivete pergunta confusa.

- Não, essa é a parte que preciso conversar com vocês, pelo que parece o sargento qua qua me tirou da festa e me levou pra casa dele para os outros pulas não me pegarem. – Digo e as vejo se entre olharem.

- Por que ele fez isso? – Renata pergunta incrédula.

- Segundo o mesmo, ele quer provar que é confiável, mas não apenas isso, pelo que me disse, todos que foram pegos na festa estão sendo investigados pelo FBI com a ajuda da Clara e isso significa, pra ele, um risco pra todas nós, mas principalmente pra Cristal. – Digo me sentando no sofá.

- Ai esse cara tá muito confuso, nunca vi pula ajudar bandido. – Vanessão diz desconfiada.

- Ele deve ser da milícia e se for, vai querer algo em troca. – Priscilão diz me observando.

- Parece que ele gosta da Cristal, pelo menos é isso que ele deixa a entender. – Digo indiferente a situação.

- Tá, mas por que trouxe essa garota aqui? – Gabi pergunta ainda curiosa com a Júlia.

- Ela foi presa com a minha pistola das Hells, não sei como ela pegou, mas já tá me fazendo perguntas e confio nela para contar algumas coisas. – Digo e vejo algumas meninas negarem com a cabeça.

- Não podemos sair falando da nossa família para qualquer pessoa, muito menos no momento que nos encontramos. – Maju diz negando com a cabeça.

- A Luna conhece as regras. – Vanessão diz seria.

- Não podemos contar das Hells para ninguém que não tenhamos algum vinculo forte. – Priscilão cita uma das regras principais da facção.

- Eu confio nela e não tem como eu explicar isso pra ela sem revelar nada. – Digo as observando.

- Regras são regras chefinha, todas nós concordamos com elas quando entramos. – Alicia diz me desarmando completamente.

- Então o que eu faço? – Pergunto tentando pensar em uma solução para essa confusão toda.

- É simples gata, vamos fazer o que fazemos com todos, se ela continuar perguntando, passamos ela e acabou o problema. – Vanessão diz sem nenhum ressentimento em sua voz.

- Não vou fazer isso com ela, a culpa dela saber é minha. – Digo um pouco mais alto pela sugestão inaceitável.

- Sempre foi assim Luna, se ela insistir em investigar, não vai ter discussão. – Maju diz sem demonstrar nenhum remorso.

- Eu sou a sub líder dessa facção, quem decide isso sou eu. – Digo um pouco mais ríspida.

- Chega disso... Somos uma família e essa garota parece importante pra Luna, podemos pensar em outra solução, temos problemas maiores que isso no momento. – Renata diz e por longos minutos o silencio reinou entre nós.

- Não devia ter dito aquilo... – Digo sabendo que havia errado.

- Também não devia ter dado aquela sugestão, só não quero arriscar perder mais nenhuma de vocês. – Vanessão diz sem sair da pose e acabo sorrindo pra ela.

- Então como vamos resolver isso agora? – Maju pergunta com a voz mais baixa.

- Vamos deixar para a Luna resolver, confiamos nela e ela confia na garota, vai tomar a melhor decisão como nossa líder. – Priscilão diz se sentando ao meu lado.

- Todas concordam com isso? – Pergunto sem graça.

- Confiamos em você capivara, só não desaparece de novo. – Gabi diz com seu jeito bobo de sempre.

- Só não entendi o que vamos fazer com o metidinho que quer se intrometer na situação. – Ivete diz se deitando no colo da Gabi.

- Não seria nada mal termos um informante dentro do FBI. – Renata diz disfarçando.

- Também acho, ele pode ser útil, mas temos que tomar cuidado com o que contamos para ele. – Priscilão diz deitando a cabeça no sofá, ela parecia exausta.

Ficamos mais algumas horas conversando sobre tudo que aconteceu até que os meninos virem nos avisar que as crianças haviam chegado e que o almoço estava pronto. Priscilão já estava desmaiada no sofá e decidimos deixa-la descansar. As meninas se aproximaram da Júlia durante o jantar para conhece-la melhor e não posso negar que amei que ela e Chiara estavam se dando muito bem. Só falta você aqui para estarmos todas juntas mais uma vez, não imagina a falta que a sua massa faz nesses momentos.

Nem a distância nos separaOnde histórias criam vida. Descubra agora