Capítulo 100: Braile

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POV Luna

Din olhava para o objeto e sua nostalgia era evidente no sorriso de seus lábios.

- Eu me lembro dessa caixa... era do Teddy, se não me engano, foi a única coisa que a mãe dele deixou. Quando éramos crianças, ele vivia agarrado a ela e sempre dizia que essa caixa, mesmo de aparência simples, guardava todos os segredos pudéssemos imaginar e um dia conseguiríamos abri-la e viveríamos como reis, já que ninguém quer ter seus segredos revelados. – Sua voz oscilava com as recordações que ela trazia.

- Você sabe como abri-la? – Pergunto deixando um sorriso se formar em meu rosto.

- Não... Não sei o que aconteceu, mas um dia ele simplesmente se desapegou da caixa. Acho que ele desistiu de tentar abri-la ou não gostou do que encontrou dentro dela. – Din diz me devolvendo o objeto.

- Então é impossível abri-la. – Afirmo baixo já sem esperança.

- Nada é impossível, tinha uma charada que revelava como abri-la. – Ele diz pegando a caixa mais uma vez e passa os dedos lentamente por suas laterais de metal. – Tá bem aqui.

Ele me mostra uma sequência de pequenos pontos escondidos na imagem que enfeitava a tampa da caixa. Os pontos eram praticamente invisíveis a olho nu, porem quando se passava os dedos sobre eles, podíamos senti-los.

- A frase tá em braile, faz tempo que não pratico por isso não consigo lê-la para você, mas se praticar, em pouco tempo qualquer alguém consegue. – Ele diz se despedindo me deixando na casa com o objeto.

O que eu faço com você agora, caixinha misteriosa? Pelo menos agora sei de onde você é, só preciso saber como foi parar nas mãos da Cristal, não que isso seja algo muito complicado. Estava ali parada pesando quando percebo Renata e Spok se aproximarem com um sorriso bobo no rosto.

-Iae chefia, o que vamos fazer hoje? – Renata me cumprimenta se apoiando no balcão a minha frente.

- Não faço ideia. - Respondo desanimada.

- Ai não, desanimo logo cedo não. Vamo chefinha, a casa ta tão tranquila que podemos ter um dia de folga de toda essa loucura, Spok ficou sabendo de um bailão que vai rolar em um beco da cidade, só pessoal chave vai cola lá, sem pula e nenhuma preocupação, o que me diz? – Renata pergunta toda animada.

- Não é momento pra ficarmos indo em festinhas Renata. – Digo seca, não estava com um pingo de cabeça para festinha de facção.

- Também podemos pegar informações, como a Renata disse, apenas o pessoal da pesada vai tá na festa, algum aliado, capanga ou até o próprio Cold pode estar lá. – Spok diz abraçando Renata com um sorriso debochado no rosto.

- Eles não seriam tão idiotas a esse ponto... – Afirmo, mas a dúvida já havia se instaurado em meus pensamentos.

- Ele sequestrou a Cristal, Luna, eles são mais do que idiotas, tenho certeza que se acharmos a pessoa certa conseguimos arrancar alguma informação. – Renata com um tom de superioridade.

- Vocês estão certos, qualquer informação no momento é válida, que horas nós vamos? – Pergunto me deixando ser convencida pelos dois.

- Assim que se fala chefia, o baile começa depois das dez, podemos colar lá depois das onze que quando a farra fica boa. – Ela diz e logo sai dali.

Os vejo saírem da casa animados e solto um riso bobo, as chances de não conseguirmos nada lá são bem altas, mas eles têm razão. Preciso me distrair um pouco e colocar minha cabeça no lugar antes que eu a perca de vez. Volto a observar a caixa em minhas mãos e começo a passar meus dedos pela escrita em braile. O que você pode ter guardado aqui para proteger desse jeito?

Abandono o objeto ali e vou para o meu quarto me armar para fazer uma ronda envolta da casa, talvez aproveitar para caminhar na praia e observar o mar. Visto minha calça rosa camuflada, um top preto e meu coturno. Coloco minha bandana vermelha no bolso junto da minha pistola que contia o símbolo das Hells cravejado no cano. Vou em direção a porta da casa e quando passo pela cozinha a vejo ali. Mais uma vez sua imagem estava diante de mim, mas dessa vez eu tinha a certeza de que não estava sonhando ao mesmo tempo que eu sabia que ela não era real. Ela estava de cabeça baixa, com os olhos fechados e suas mãos estavam sobre a caixa. Seus lábios sussurravam alguma coisa que não conseguia compreender, quando ela finalmente abre os olhos e vejo a caixa aberta.

Sem pensar duas vezes corro até ela e sua imagem desaparece. Olho para a caixa e ela continua ali, intocada, fechava, como se nada estivesse acontecido. Minha cabeça já ta começando a me pregar peças e eu to acreditando. Acabo rindo de mim mesma. Pego a caixa e saio da casa sem olhar pra trás. Dou algumas voltas pelo lugar com minha moto até eu decido parar um pouco na praia atrás dali. Me sento na areia próxima a água e deixo a pequena caixa ao meu lado. Sinto a brisa do mar atingir meu rosto enquanto observava o movimento da água, que as vezes fazia pequenos desenhos na areia.

O céu estava claro com poucas nuvens, mas o sol não estava forte ao ponto de incomodar minha pele. Nesse instante uma música me vem à cabeça. A nossa música começa a ecoar pelo local como uma verdadeira sinfonia, sua voz angelical a acompanhava  e fico cantarolando enquanto deixava o tempo passar por meus olhos sem me importar com nada a minha volta.

Acho que não adianta mais tentar te esquecer né garota? Já somos parte uma da outra, não tem mais como fugir disso. Mesmo longe te sinto ao meu lado. Sinto suas dores. Aguenta firme, por que assim que eu te encontrar não vou mais te largar. Então me espera... que nada mais vai nos separar.

Nem a distância nos separaOnde histórias criam vida. Descubra agora