Capítulo 170: Umas voltas pela cidade

193 39 23
                                    

POV Luna

Cristal conseguia dar alguns passos sozinha, mas com muita dificuldade. Passo o seu braço sobre o meu ombro e seguro a sua cintura até chegarmos na garagem do hospital. Percebo que não havia nenhum carro ali, apenas a minha Acuma.

— Droga! Estou sem carro. — Digo frustrada. — Consegue ir na moto? — Ela confirma. — Aqui, assim não vai sentir frio. — Entrego a minha jaqueta para ela, antes de subir.

Rádio ligado.

(Luna): estou a caminho, tudo certo?

(Renata): sim, Júlia já chegou, dei uma bandana para ela e fizemos mais cinco vendas.

(Júlia): as caixas estão no fim e ainda tem muita encomenda.

(Luna): avisem no telão que restam poucos produtos.

(Ivete): vou falar para a Priscilão.

(Luna): assim que acabarem as vendas estarão livres para curtir a festa.

(Gabi): patroa, Chiara e os meninos podem beber?

(Luna): sim, só não os deixa exagerar.

(Gabi): ufa! Dei um drink para ela e fiquei com medo de não poder. — Ela ri aliviada.

Rádio desligado.

Ajudo Cristal a subir na minha garupa e acelero até a boate. Ela abraçou a minha cintura e escondeu o rosto nas minhas costas. Quando passamos pela frente do lugar percebi que a fila foi substituída por bêbados caídos e a vomitar. Estaciono no embarque e desembarque de bebidas e descemos. Não havia ninguém ali, conseguíamos ouvir a música e as vozes das pessoas na pista. Pego a minha bandana vermelha e a ajeito no rosto da Cristal.

— Fica tranquila que não vamos ficar na muvuca. Vou deixá-la num quarto no segundo andar. Prometo que não vai demorar. Assim que encerrar as vendas, levo-a de volta para o hospital ou podemos dar uma volta pela cidade, você decide. — Amarro as pontas do tecido sob os seus fios de cabelo. — Está linda. — Sorrio ao afastar alguns dele do olhar dela.

Entramos por uma porta lateral, um corredor até o bar. Ivete logo vê Cristal agarrada ao meu braço e tenta abrir espaço para chegarmos até a escadaria, mas ninguém conseguia ouvi-la. Forço a passagem entre as pessoas e somos empurradas para a parede. Prendo-a ali e sinto os seus braços segurarem a minha cintura enquanto os outros esbarravam nas minhas costas. Ela estava de olhos fechados e abraçava-me com força.

Rádio ligado.

(Ivete): PRISCILÃO, PRECISAMOS LIBERAR AS ESCADARIAS PARA AS PATROAS. — Ela grita.

Rádio desligado.

A música abaixa ao dar lugar para a voz de Priscilão.

— CHUVA DE BEBIDA NA PISTA, COLA GERAL! — A multidão se desloca como uma manada.

Seguro Cristal no colo e saio dali na primeira oportunidade. Subimos as escadas e Renata nos esperava na porta do quarto.

— Deixei algumas revistas, livros e um celular com jogos para ela distrair. — Ela avisa ao abrir a porta para nós.

Cristal desce do meu colo e analisa o lugar enquanto pego o aparelho sobre a mesa de centro próxima a um sofá de tecido marrom com algumas manchas do tempo em frente a uma parede de vidro a qual dava visual para o palco e entrego-lhe.

— Caso precise de algo ou esteja entediada, basta mandar mensagem. Se for urgente, liga três vezes e corro para cá. — Peço ao salvar o meu número. — Certeza que vai ficar bem aqui?

Nem a distância nos separaOnde histórias criam vida. Descubra agora